A PARÁBOLA DA MENTE ESTREITA*



*Autor Desconhecido

Certo dia, ao atravessar uma ponte, vi um homem em pé na beirada a ponto de pular.

Corri, então, em sua direção, e disse-lhe:

— “Pare! Não faça isso!”

— “E por que eu não deveria?”, perguntou ele.

Eu disse:

— “Bem, há tanto pelo que se viver!”

Ele disse:

— “Como o quê?”

Eu disse:

— “Bem, você é religioso ou ateu?”

Ele disse:

— “Religioso”.

Eu disse:

— “Eu também. Você é católico ou protestante?”

Ele disse:

— “Protestante”.

Eu disse:

— “Eu também! Você é episcopal ou batista?”

Ele disse:

— “Batista”.

Eu disse:

— “Puxa! Eu também! Você é da Igreja Batista de Deus ou da Igreja Batista do Senhor?”

Ele disse:

— “Igreja Batista de Deus”.

Eu disse:

— “Eu também! Você é da Igreja Batista de Deus Original ou da Igreja Batista de Deus Reformada?”

Ele disse:

— “Igreja Batista de Deus Reformada”.

Eu disse:

— “Eu também! Você é da Igreja Batista de Deus Reformada em 1879 ou da Igreja Batista de Deus Reformada em 1915?”

Ele disse:

— “Igreja Batista de Deus Reformada em 1915!”

Eu disse:

— “Então morra, seu herege!”, e, com imenso desgosto, o empurrei.


Vi no Genizah, que viu no Hermes Fernandes, que, por sua vez, viu no The Midnight Flower, que viu sei lá onde.

O FARISEU MEU DE CADA DIA*

*Por Antônio João Arthuso Lima


De que vale para os fariseus qualquer outra coisa que não seja sua estrutura religiosa? Seu modo de cultuar a Deus, sua forma de estabelecer laços, seus preceitos e conceitos são tão fortes que sequer conseguiram perceber que o Messias estava diante deles. Uma defesa de tradições, uma proteção exacerbada de princípios que desconsidera o indivíduo em beneficio do gesso.

Tamanha obstinação impediu e impede o meu Fariseu interior de perceber a alma alheia e finda por ver apenas a carcaça.

Tão certos de que detinham o padrão de perfeição de adoração e serviço a Deus, mal conseguiam suportar o contato com a lepra espiritual que os ladeava. A qualquer sinal de agressão a sua estrutura, a qualquer aproximação de um pedinte, a qualquer manifestação contrária a seus hábitos "sagrados", uma belíssima reunião de Sacerdotes era estabelecida para decidir como banir a agressão a seus costumes.


Desde a "simples" condenação a chibatadas, até a morte de cruz, vale tudo para o meu Fariseu interior desde que seja repelido aquele a quem abomino.

Agindo desta forma, crendo defender o próprio Deus, mataram o autor da vida. Uma defesa oferecida àquele que poderia dar a Jesus doze legiões de anjos. Como defender a Deus e seus intentos? Quem sou eu para me arvorar "defensor dos princípios eternos de Deus”. “Xerife do condado chamado Igreja”?

Bom é saber que há esperança para o Fariseu que existe em mim. Afinal de contas, mesmo dentre os mais ilustres dos mestres da lei, um sacerdote pode despontar com algum lampejo de sensatez. Como quando vejo a postura de Gamaliel, diante da possibilidade de ser aprovada a execução de Pedro e João.

Aquele Fariseu fala com entendimento de alguém que sabe quem é Deus e o que Deus pode.

Quem poderá proteger o Reino de Deus melhor do que o próprio dono dele?

A mim, Fariseu, que como aqueles desejavam amar a Deus ainda que de forma ignorante, cabe:

1. Gastar-me para todos e com todos inclusive com traidores;

2. Dar a minha face para ser esbofeteada, inclusive pela ingratidão dos que um dia eu servi;

3. Perder todas as minhas túnicas;

4. Desprender-me de todos os meus conceitos em benefício de uma alma;

5. Estar pronto e amando ser o último;

6. Confiar que Deus percebe com seus olhos todas as coisas;

7. Não apertar a porta ao ponto de não permitir que outros entrem;

8. Não ser implacável com os meus iguais ou desiguais;

9. Apreciar ”perder tempo" se for o caso, desde que eu esteja curvado independente de se para uma autoridade, um leproso, um traidor, alguém que me insulta ou persegue.

Se o Fariseu que há em mim puder se converter a uma vida assim, dará muito pouco ou nenhum valor a qualquer forma de estrutura.


Nota do Ecos:

Antônio João já teve um texto publicado aqui
antes.

É amigo pessoal meu, um querido e precioso irmão, está bem mais magro e é dono de uma voz e de uma gargalhada inconfundíveis.

TÁ FICANDO ENGRAÇADO JÁ...



Imperdível, né não?

Breve, os outros volumes da coleção: a "Bíblia da mulher que jejua", a "Bíblia da mulher que lê a Bíblia" e a "Bíblia da mulher que prega o Evangelho".

Em uma livraria evangélica perto de você!

Afff...

p.s.: A linha masculina ainda não tem previsão de lançamento, por isto, homens: vocês terão de esperar!

Vão lendo outros livros enquanto isto.

p.p.s.: Na boa, gente... Não parece propaganda de O Boticário?

p.p.p.s.: Ah, e quando sair a "Bíblia do homem que tem inúmeras dificuldades e que carece única e exclusivamente da graça de Deus em sua vida" vocês me avisam?

ÓTIMA OFERTA!!

Para igrejas que têm muito dinheiro, mas certa dificuldade em mostrar algo de Jesus às pessoas, eis aí o que seria uma excelente oportunidade!

Clique para ampliar



Lamento informar, entretanto, aos interessados que não encontrei o link lá no Mercado Livre.


Talvez porque já venderam.


Uma pena, né não?


p.s.: Ah, se a Nani ou o Danilo vissem isto!!!


p.p.s.: Os créditos pela imagem vão para o Leikson, maridão da Nanda. Valeu, Leikinho!

p.p.p.s.: Vocês precisam ver o tamanho do Leikinho!


QUANDO O DESEJO DE FAZER A OBRA É MAIOR DO QUE A GRAÇA PARA FAZÊ-LA




O homem natural (não necessariamente alguém mal intencionado) acha que aquilo que os crentes chamam de “fazer a obra de Deus” nada mais é que puro oportunismo, haja vista o potencial de lucro que “tal atividade” parece ter (e ele tem razão, em alguns casos).

Ainda mais que há (e sempre houve, na verdade) todo um ambiente altamente favorável ao redor das pessoas, qual seja: o sofrimento, as aflições do dia-a-dia, as ansiedades, as carências afetivas, etc.

Por isto, “trabalhar com a fé alheia” parece mesmo algo interessante e esperto a se fazer. “Garantia de lucro certo”, é o que pensam tais pessoas.

Por outro lado, o homem espiritual, sincero, sabe (com razão) que a “obra de Deus” é algo sublime e santo. Suas motivações, claro!, são muito outras, e ele quer participar, movido que está completamente por elas.

Nos dois casos, entretanto, há um “grande porém”: é quando o desejo por fazer a obra de Deus é muito maior do que a graça recebida por Deus para fazê-la.


No primeiro caso, isto fica muito óbvio.

Alguém que só vê a Igreja como uma oportunidade fácil de “fazer dinheiro” não tem graça alguma de Deus mesmo. Por conseqüência, sua obra não só tende como certamente sucumbirá, e ainda nesta vida (referência sobre a obra ser provada pelo fogo).

No segundo caso, porém, é mais difícil ver isto, e o perigo torna-se então ainda maior.

A atuação da Igreja atual no mundo alcançou um ponto que nenhuma outra conseguiu em tempo algum antes, o que é até compreensível, por conta de todo o avanço tecnológico que nos cerca esses dias.

Mas, com isto, tudo ganhou também uma exposição e uma repercussão muito maior, e o anonimato cristão (tão abençoador em sua história) parece ter virado sinônimo de certo “insucesso ministerial”.

O grande pregador é aquele conhecido nacionalmente (mas que ainda perderia espaço para outro de projeção mundial).

Uma igreja abençoada tem muitos membros, grandes arrecadações, programa no rádio e na TV, mas – ambiciosa - está orando para ter suas próprias emissores de rádio e TV.

O músico consagrado tem CD, DVD, livros, e talvez já tenha até tocado “nos estrangeiro”.

E por aí vai.

Pois anote aí: você nunca vai ouvir um sermão ou ler um livro ou ouvir uma música de um diácono.

Diáconos não pregam em púlpitos (que dirá na televisão). Diáconos não escrevem livros nem tocam e cantam em conjuntos musicais.

Aliás, o diácono parece ser apenas uma espécie de estagiário, à espera de um emprego de verdade, um ministério de verdade, como pregador ou como levita de uma grande congregação.

“Mas que mal há nessas coisas, meu irmão?”, você pode perguntar.

Nenhum, em princípio.

O problema é fazermos pensar que isto é obra de Deus. Não é.

É por pensar assim que muitos estão se frustrando, por não verem sua obra “prosperar” (entenda-se “crescer financeiramente”), e outros estão se iludindo, por verem sua obra “prosperar” e achar que devem estar fazendo tudo certinho então.

E no meio de toda essa gente surge aquilo que eu chamo de “mão-de-obra desqualificada para Deus” (Valeu, Lins!): gente desejosa por servir a Deus, mas se aventurando em coisas que Deus não a chamou para fazer.

cheio disso por aí.

Já perdi a conta de quantas vezes ouvi alguém dizer que fulano de tal tem um chamado para isto ou aquilo só porque a pessoa demonstra certa habilidade e talento para alguma coisa.

Não é porque alguém consegue cantar “Parabéns pra você” afinadinho que tem que ser o futuro “ministro de louvor” da igreja, né?!

Há tanta gente querendo ganhar almas para Deus, mas, achando que isto implica em ter um microfone nas mãos, berram suas pregações em púlpitos de papelão, diante de meia de dúzia de pessoas mais assustadas que interessadas, num espaço de 15m².

Mas essas pessoas não têm culpa.

Como eu disse antes, nós vivemos convencendo-as disso continuamente.

E é preciso realmente muita sobriedade nossa para não transformarmos algo tão especial como é o cooperar com Deus (é o termo mais acertado) no exercício de Sua obra numa espécie de oba-oba gospel.

Veja Jesus, nosso Obreiro por excelência!

Ele fez muito mais do que qualquer de nós jamais faria (mesmo tendo dito que podíamos fazer - João 14:12), com muito mais qualidade e recursos infinitamente menores.

Não parecemos nos incomodar com isto, entretanto.

E nos incomodamos menos ainda com o que Jesus respondeu quando lhe perguntaram qual era a obra de Deus, não?


“A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que por Ele foi enviado”
(João 6:29)


“Não, ele não poderia estar falando sério! Só isto?”

Bem, mas o que parece ficar claro mesmo é que, para Deus, Sua obra não é necessariamente o que nós chamamos de “Sua obra”. Pode ser bem menos, mesmo sabendo que Ele disse poder ser bem mais.

"E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão."
(Mateus 10:42; Marcos 9:41)


Para Jesus, aquele que dá um copo d’água para seus pequeninos tem galardão garantido nos céus.

Puxa! Que “ministério” lindo! É um tanto quanto “mambembe” demais hoje, mas é lindo!

Onde estão nossos “ministros de copos d’água”?

Onde estão os lavadores de pés da Igreja?

Onde estão os anônimos de Cristo?

Esses, em minha humilde opinião, fazem a obra ainda mais maravilhosamente que aqueles em posição de destaque, pois estão longe, pelo menos em tese, dos enganos do coração humano, que já clama naturalmente por fama, reconhecimento e glória.

Eu também tenho alguns talentos. Sim, alguns poucos dons me foram dados e eu desejo usá-los para cooperar com Deus. E não só desejo como os coloquei já à disposição de Deus.

Mas antes quero saber se fui chamado para usá-los.

Porque se o que Deus quer de mim é tão-somente que eu saiba encher alguns copos de água para dá-los aos Seus filhos...

Ah, então, por favor! Não me importunem! Deixem-me cá com meus copos, sim?

MAIS UMA BÍBLIA

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Há muita gente bem e mal intencionada por este mundo. Gente que notadamente se opõe ao Cristianismo, os que o defendem e gente que só quer entendê-lo com pureza e simplicidade. Isto mesmo: há gente mal intencionada também do lado daqueles que se dizem cristãos.

Estes pobres condenados andaram (e há muitos andando até hoje) por aí "servindo a Deus", ou pensando servi-Lo. E é particularmente inquietante o fato de que essas pessoas talvez terão feito muito mais do que a maioria de nós, não?

Há algum tempo, li um livro, “secular”, cujo autor afirma, entre outras coisas, que a Bíblia não é um livro confiável. As razões são exatamente parecidas com estas da reportagem que ilustra o post. Ou seja, no decorrer dos muitos anos desde os acontecimentos bíblicos, até seus registros, sua divulgação e suas muitas traduções e transliterações, o homem "mexeu" na Bíblia, colocando, de maneira consciente ou não, proposital ou não, bem intencionada ou não, seu próprio ponto de vista, sua própria interpretação, até por conta das várias culturas existentes.


Versões dos textos bíblicos foram sendo feitas no decorrer dos anos, décadas, séculos e milênios. E o autor argumenta que muitas vezes as versões não representavam um retrato fiel dos originais. Em alguns casos, nem acesso aos originais os historiadores tiveram. Por tudo isto, a Bíblia se tornou um livro como qualquer outro: humano e cheio de "erros".

Ele aponta alguns.

Obviamente, ele não poderia apenas conjecturar sobre algo tão polêmico. Tinha que "provar" de alguma maneira e, para justificar suas ponderações, ele usa alguns textos, os quais ele chama de "divergentes".

Ele começa daí, deste ponto, para dizer que só o acesso aos originais dos livros bíblicos e uma profunda sinceridade em traduzi-los e compreendê-los é que poderia garantir a nós uma prova fiel do que Deus disse, fez e quer. Como este acesso não é possível à maioria das pessoas, senão àquelas absolutamente intelectualizadas, com amplos conhecimentos da língua e da cultura nos tempos em que cada coisa foi escrita, não é possível dizer que a Bíblia seja um livro para todos. E, continua ele, se não é um livro para todos, Deus não o daria apenas a alguns.

Assim, o autor conclui que este é o motivo de a Bíblia não poder ser um livro inspirado por Deus.

Há um momento no livro em que o autor afirma que, para chegarmos a esta "sincera compreensão" da Bíblia, precisamos começar considerando o Cristianismo uma religião monoteísta e que se baseia num livro, ao contrário das outras religiões, como o Budismo e Hinduísmo, que são religiões politeístas e que se fundamentam, principalmente, em disciplina de vida, em prática cotidiana.

O Cristianismo passa a ser chamado, então, por ele, de uma religião do livro. É aqui que eu queria chegar.

Há algo nos argumentos do autor deste livro que me faz pensar na nossa fé em Deus. Será que ele não tem razão quando diz que somos "a religião do livro"? Será que todo o esforço dele em provar que a Bíblia é falsa não se deve ao fato de que ele sabe que, se isto for provado, o Cristianismo sucumbirá?

De certa maneira, o que disse a reportagem acima acaba por comprovar o que disse o autor no livro, ou seja, a Bíblia é um livro humano; pode ser mexido, modificado, atualizado, mais globalizado ou mais "politicamente correto".

Será que não há mesmo a possibilidade de que alguém, em algum tempo, por algum motivo ou outro, com boas ou más intenções, ter alterado o conteúdo das Escrituras e elas terem chegado até nós "desvirtuadas"? Será que não temos nas mãos um livro "falso"?

Mas não há, alguém dirá, na Bíblia, um texto que diz que pobre será aquele que acrescentar ou tirar qualquer coisa que seja das Escrituras (Apocalipse 22:18,19)? Sim, isto também é verdade! Mas, digamos que ATÉ ISTO TENHA SIDO ACRESCENTADO POR ALGUÉM, exatamente para que jamais se questionasse a originalidade da Bíblia, inclusive aquilo que foi acrescentado? E neste caso, como ficaríamos?

Enfim, é isto que o autor do "livro que nega o Livro" tenta dizer. A reportagem reforça esta possibilidade, inclusive.

Hoje, como em qualquer tempo, qualquer um pode escrever uma bíblia, fazer uma versão para si. Existem bíblias na linguagem de hoje, do adolescente, da mulher, da criança e uma “mais justa".

Em breve, vai haver bíblias para o adúltero, para o homossexual, para o blasfemo, para o incrédulo, para o satanista (esta parece que já até tem), etc.

Virou o maior oba-oba! Todo mundo escreve uma bíblia, interpreta de um jeito, tá uma festa!

E acho que isto é mesmo um reflexo de nossa "religião". O Cristianismo hoje, virou uma festa mesmo. Todo mundo crê em Deus do seu jeito. Todo mundo inventou um deus para si. Somos o mesmo povo de Deus - assim dizemos - mas Deus não Se parece o mesmo em cada um de nós. Somos batistas, presbiterianos, metodistas, universais, locais, quadrangulares, assembleianos e o que mais for, que crêem em Deus, mas cada um de um jeito diferente, e, muitas vezes até, de um jeito oposto ao outro.

Como é possível? Deus não é um só? Se for um, não teria Ele uma só vontade, um só querer, um só parecer, uma só opinião, uma só certeza e um só prazer? Como somos tantos em Um só?

É preciso uma reflexão profunda e sincera acerca disto. Será que não somos apenas "mais um"? Será que não somos mais uma "invenção"? Será que não cremos em "mais um deus", ao invés de o Deus Único, Eterno e Imortal?

Essas muitas bíblias revelam o que o cristianismo (em letra minúscula aqui, de propósito) é hoje: uma religião monoteísta sim; ainda. Mas que quase não parece ser. Porque crê em um deus desfigurado, partido em muitos pedaços, e distintos entre si; o que é quase igual a crer em muitos deuses diferentes.

Para mim, o raciocínio do livro é, no máximo, plausível, mas acho improvável, por simplesmente crer que Deus é soberano. Considerar algo assim alheio à vontade de Deus é impossível; e considerá-lo sujeito e submisso a uma vontade de Deus é o mesmo que afirmar que, sim, Deus a inspirou.

Mas tenho que dizer ainda que, quando o autor do livro diz que somos “a religião do livro”, ele pode mesmo ter razão.

Somos realmente muito dependentes de um livro, ao qual chamamos “Bíblia Sagrada”. E se ele, ou qualquer um, conseguir provar que este livro é uma farsa, nossa fé poderá estar realmente ameaçada.

Mas se, ao contrário, nossa fé estiver, não no livro em si, mas n’Aquele de Quem este livro tanto fala, a Quem tanto exalta, tanto glorifica e dignifica, não importa se o livro em si mesmo é verdadeiro ou não.

Podem escrever infinitas bíblias, podem fazer muitas versões, cada uma mais diferente da outra. E podem até provar a inveracidade da Bíblia, se conseguirem.

Não vai mudar nada para mim.

Eu não sou da religião do livro. Não dependo de um livro. Eu sou seguidor de um homem: JESUS! Sou discípulo d’Ele!

E ninguém jamais conseguirá provar que este Homem que mudou a minha vida e tem me transformado dia após dia é uma mentira!

Essa é a fé do cristão.

A BUSCA PELA FÉ


Engana-se redondamente quem pensa que a Bíblia responde a todas as perguntas, como engana-se quadradamente quem a ignora por isto.

Muitos, entretanto, acreditam que sim e, à guisa de radicais, mostram-se fanáticos.

Só que uma coisa nada tem a ver com a outra.

O fanático não é radical; é louco.

Louco porque acha que o que ele não enxerga, não existe. E só o que ele enxerga é cabível e real, mesmo que sejam suas alucinações.

Pois, em que pese ser um recurso de Deus para todas as áreas de nossa vida, curiosamente, a Bíblia não dá resposta para tudo na vida. E, muitas vezes até, acrescenta perguntas.

Por favor, não me entendam mal.

Quero fazer aqui uma clara diferenciação entre o “todas as áreas de nossa vida” e o “tudo na vida”.

E repito: a Bíblia é, sim, um recurso de Deus para todas as áreas de nossa vida, mas não responde a tudo na vida.


Obviamente, o que eu chamo de “tudo na vida” aqui é, portanto, o universo de coisas que, incluindo “todas as áreas de nossa vida”, não pára aí, mas vai além.

Estou dizendo também que muitos de nossos questionamentos envolvem áreas que não nos foram esclarecidas, porque não nos estão acessíveis, por conta de nossa limitadíssima compreensão, e não nos dizem respeito nem são essenciais à vida, portanto.

Mas não é frustrante demais pensar que há coisas que foram previamente preparadas por Deus para a nossa incompreensão?

É, eu sei.

E é daí, dessa insatisfação nossa com a questão acima, que surgem as loucuras de que somos capazes em nome de Deus, e as loucuras de que somos capazes em nome da negação de Deus.

É louco quem O confessa apenas do jeito que julga que Ele seja, por simplesmente crer na medida da fé que possui.

É louco quem O nega apenas por não encontrar todas as respostas de que gostaria, e simplesmente não conseguir crer em coisa alguma além.

Bem disse o Senhor quando afirmou não ter vindo trazer paz, mas espada.

E foi exatamente Ele, Jesus, Quem acrescentou às Escrituras uma das perguntas que ficaram sem resposta objetiva até hoje.


“(...) Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?”
(Lucas 18:8)


Quem se arrisca a respondê-Lo?

A pergunta é um tanto quanto inquietante, não?

Jesus não saberia se houvesse? Não saberia também se não houvesse? Porque perguntou, afinal?

A questão lançada por Jesus pode não ter uma resposta segura (quem está suficientemente seguro em si mesmo para responder uma “dúvida” d’Aquele que conhece todas as coisas?), mas traz consigo certo quê de resposta já.

Nunca vivemos tempos de tão grande conhecimento científico e religioso como os atuais.

No entanto, quando Jesus vier, achará Ele fé na terra?

Todo este conhecimento tem ajudado a crentes e incrédulos; estes para negar a Deus, aqueles para confessá-Lo.

Mas, quando Jesus vier, achará Ele fé na terra?

A pergunta bate.

Persiste.

Insiste.

Por quê?

Arrisco a dizer que é porque a fé de que Jesus fazia menção é diferente.

Ele não falava de uma fé conceitual, ideológica e motivacional. Ele falava de uma fé experimental, táctil e vitalícia.

Fé é descanso.

Quem crê, descansa, tanto no que sabe quanto no que não sabe, porque já está satisfeito em si mesmo por meio d’Aquele que a tudo enche em todas as coisas (Ef.1:23).

O crente genuíno é um indivíduo quieto, porque, embora só creia, sabe também.

Ele sabe, afinal, que crê no pouco que lhe foi possível ser revelado, mas que há mais; muito mais. E dessa maneira, ele acaba crendo também no muito que não lhe está acessível, mesmo sem saber.

Por outro lado, quem não crê, e só busca saber, é um inquieto e não descansa de jeito nenhum; nem no que já sabe nem, sobretudo, no que não sabe.

E esta é a razão por que não tem fé.

Quem diz crer, mas não permite mais do que crê, é um extremista, fanático e louco, tal qual aquele que não crê porque não encontra em sua razão explicações científicas.

Quem, porém, sabe o bastante para saber não poder saber tudo, crê mais e maravilhosamente.

Por tudo isso, e ao contrário do que aparentemente diz a lógica dos fatos, é possível haver uma tamanha incredulidade em crer quanto uma imensa sabedoria em não saber.

BRAVO, LUTE!