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Há muita gente bem e mal intencionada por este mundo. Gente que notadamente se opõe ao Cristianismo, os que o defendem e gente que só quer entendê-lo com pureza e simplicidade. Isto mesmo: há gente mal intencionada também do lado daqueles que se dizem cristãos.
Estes pobres condenados andaram (e há muitos andando até hoje) por aí "servindo a Deus", ou pensando servi-Lo. E é particularmente inquietante o fato de que essas pessoas talvez terão feito muito mais do que a maioria de nós, não?
Há algum tempo, li um livro, “secular”, cujo autor afirma, entre outras coisas, que a Bíblia não é um livro confiável. As razões são exatamente parecidas com estas da reportagem que ilustra o post. Ou seja, no decorrer dos muitos anos desde os acontecimentos bíblicos, até seus registros, sua divulgação e suas muitas traduções e transliterações, o homem "mexeu" na Bíblia, colocando, de maneira consciente ou não, proposital ou não, bem intencionada ou não, seu próprio ponto de vista, sua própria interpretação, até por conta das várias culturas existentes.
Versões dos textos bíblicos foram sendo feitas no decorrer dos anos, décadas, séculos e milênios. E o autor argumenta que muitas vezes as versões não representavam um retrato fiel dos originais. Em alguns casos, nem acesso aos originais os historiadores tiveram. Por tudo isto, a Bíblia se tornou um livro como qualquer outro: humano e cheio de "erros".
Ele aponta alguns.
Obviamente, ele não poderia apenas conjecturar sobre algo tão polêmico. Tinha que "provar" de alguma maneira e, para justificar suas ponderações, ele usa alguns textos, os quais ele chama de "divergentes".
Ele começa daí, deste ponto, para dizer que só o acesso aos originais dos livros bíblicos e uma profunda sinceridade em traduzi-los e compreendê-los é que poderia garantir a nós uma prova fiel do que Deus disse, fez e quer. Como este acesso não é possível à maioria das pessoas, senão àquelas absolutamente intelectualizadas, com amplos conhecimentos da língua e da cultura nos tempos em que cada coisa foi escrita, não é possível dizer que a Bíblia seja um livro para todos. E, continua ele, se não é um livro para todos, Deus não o daria apenas a alguns.
Assim, o autor conclui que este é o motivo de a Bíblia não poder ser um livro inspirado por Deus.
Há um momento no livro em que o autor afirma que, para chegarmos a esta "sincera compreensão" da Bíblia, precisamos começar considerando o Cristianismo uma religião monoteísta e que se baseia num livro, ao contrário das outras religiões, como o Budismo e Hinduísmo, que são religiões politeístas e que se fundamentam, principalmente, em disciplina de vida, em prática cotidiana.
O Cristianismo passa a ser chamado, então, por ele, de uma religião do livro. É aqui que eu queria chegar.
Há algo nos argumentos do autor deste livro que me faz pensar na nossa fé em Deus. Será que ele não tem razão quando diz que somos "a religião do livro"? Será que todo o esforço dele em provar que a Bíblia é falsa não se deve ao fato de que ele sabe que, se isto for provado, o Cristianismo sucumbirá?
De certa maneira, o que disse a reportagem acima acaba por comprovar o que disse o autor no livro, ou seja, a Bíblia é um livro humano; pode ser mexido, modificado, atualizado, mais globalizado ou mais "politicamente correto".
Será que não há mesmo a possibilidade de que alguém, em algum tempo, por algum motivo ou outro, com boas ou más intenções, ter alterado o conteúdo das Escrituras e elas terem chegado até nós "desvirtuadas"? Será que não temos nas mãos um livro "falso"?
Mas não há, alguém dirá, na Bíblia, um texto que diz que pobre será aquele que acrescentar ou tirar qualquer coisa que seja das Escrituras (Apocalipse 22:18,19)? Sim, isto também é verdade! Mas, digamos que ATÉ ISTO TENHA SIDO ACRESCENTADO POR ALGUÉM, exatamente para que jamais se questionasse a originalidade da Bíblia, inclusive aquilo que foi acrescentado? E neste caso, como ficaríamos?
Enfim, é isto que o autor do "livro que nega o Livro" tenta dizer. A reportagem reforça esta possibilidade, inclusive.
Hoje, como em qualquer tempo, qualquer um pode escrever uma bíblia, fazer uma versão para si. Existem bíblias na linguagem de hoje, do adolescente, da mulher, da criança e uma “mais justa".
Em breve, vai haver bíblias para o adúltero, para o homossexual, para o blasfemo, para o incrédulo, para o satanista (esta parece que já até tem), etc.
Virou o maior oba-oba! Todo mundo escreve uma bíblia, interpreta de um jeito, tá uma festa!
E acho que isto é mesmo um reflexo de nossa "religião". O Cristianismo hoje, virou uma festa mesmo. Todo mundo crê em Deus do seu jeito. Todo mundo inventou um deus para si. Somos o mesmo povo de Deus - assim dizemos - mas Deus não Se parece o mesmo em cada um de nós. Somos batistas, presbiterianos, metodistas, universais, locais, quadrangulares, assembleianos e o que mais for, que crêem em Deus, mas cada um de um jeito diferente, e, muitas vezes até, de um jeito oposto ao outro.
Como é possível? Deus não é um só? Se for um, não teria Ele uma só vontade, um só querer, um só parecer, uma só opinião, uma só certeza e um só prazer? Como somos tantos em Um só?
É preciso uma reflexão profunda e sincera acerca disto. Será que não somos apenas "mais um"? Será que não somos mais uma "invenção"? Será que não cremos em "mais um deus", ao invés de o Deus Único, Eterno e Imortal?
Essas muitas bíblias revelam o que o cristianismo (em letra minúscula aqui, de propósito) é hoje: uma religião monoteísta sim; ainda. Mas que quase não parece ser. Porque crê em um deus desfigurado, partido em muitos pedaços, e distintos entre si; o que é quase igual a crer em muitos deuses diferentes.
Para mim, o raciocínio do livro é, no máximo, plausível, mas acho improvável, por simplesmente crer que Deus é soberano. Considerar algo assim alheio à vontade de Deus é impossível; e considerá-lo sujeito e submisso a uma vontade de Deus é o mesmo que afirmar que, sim, Deus a inspirou.
Mas tenho que dizer ainda que, quando o autor do livro diz que somos “a religião do livro”, ele pode mesmo ter razão.
Somos realmente muito dependentes de um livro, ao qual chamamos “Bíblia Sagrada”. E se ele, ou qualquer um, conseguir provar que este livro é uma farsa, nossa fé poderá estar realmente ameaçada.
Mas se, ao contrário, nossa fé estiver, não no livro em si, mas n’Aquele de Quem este livro tanto fala, a Quem tanto exalta, tanto glorifica e dignifica, não importa se o livro em si mesmo é verdadeiro ou não.
Podem escrever infinitas bíblias, podem fazer muitas versões, cada uma mais diferente da outra. E podem até provar a inveracidade da Bíblia, se conseguirem.
Não vai mudar nada para mim.
Eu não sou da religião do livro. Não dependo de um livro. Eu sou seguidor de um homem: JESUS! Sou discípulo d’Ele!
E ninguém jamais conseguirá provar que este Homem que mudou a minha vida e tem me transformado dia após dia é uma mentira!
Essa é a fé do cristão.