"... E A PEDRO..."




“Mas ide, dizei a Seus discípulos e a Pedro
que Ele vai adiante de vós para a Galiléia;
ali O vereis, como Ele vos disse".
(Marcos 16:7)

Pedro era um discípulo com características muito peculiares, senão extravagantes. Era comum vê-lo ir do ápice ao abismo – e vice-versa – em questão de segundos (ou o tempo havido entre um versículo e outro, para ser mais exato). Suas declarações, fossem de amor ou ódio, eram sempre muito contundentes, e, não raro, ridículas até, aparentemente desprovidas de algum bom senso.

“Ame-o ou deixe-o” é uma frase que lhe caberia bem.

Mas é fato que Pedro demonstrava exercer, em tudo, uma liderança nata e acabava por se destacar dos demais pela sua iniciativa e coragem.

Da maioria esmagadora dos episódios mais marcantes da vida de Jesus descritos nos Evangelhos Pedro participou ativamente, incrementando-os, é bom que se diga, com sua volúpia e muita dramaticidade, garantindo – porque não? – algumas boas doses de humor até às histórias.

Quem não se lembra, por exemplo, de quando Jesus fora lhe lavar os pés e, muito mais por impulso que por humildade, Pedro negou-Lhe veementemente, dizendo que ele, sim, é quem deveria lavar os pés de alguém como o Senhor, e tal...? Depois, envergonhado com a resposta que lhe dera o Senhor, de que não teria parte com Ele, pediu para que se lhe lavasse não só os pés, mas as mãos e a cabeça, numa cena típica das comédias-pastelão do cinema, e que, se não arrancou gargalhadas dos discípulos lá presentes, arranca sempre de mim.

Esse era Pedro!

Pouco depois desse fato, inclusive, Jesus revelou aos discípulos que, por ocasião de Sua morte inevitável, eles O abandonariam. Pedro – sobretudo, um otimista! – mais depressa que todos, tomou a dianteira, e, tal qual numa daquelas palestras motivacionais das empresas, passou a fazer ao Mestre declarações de amor e fidelidade comoventes, talvez desejando contagiar os outros e transformar aquele momento fúnebre em algo mais vivo, mais alegre e com um final, sem dúvida, mais feliz. Uma espécie de plot twist messiânico, uma reviravolta no enredo da história de Cristo.

“No que depender de mim”, disse o Pedrão, “morrerei conTigo, Mestre”.

Quase posso ver o olhar de Jesus cruzar o recinto e alcançar ao de Pedro, do outro lado. Quase posso sentir seu coração taquibatendo no peito. Suas pernas tremiam.

Meneando levemente a cabeça, depois de um suspiro profundo, Jesus sentenciou:

“Pois Eu te digo, Pedro, que ainda hoje, antes mesmo que o galo cante, tu Me negarás três vezes”.

Ah, que dor lancinante deve ter lhe cortado a alma quando Pedro ouviu aquelas palavras! Como retrucar o Mestre? Como dizer-Lhe que estava errado? Como mostrar aos outros que Jesus não sabia o que estava dizendo?

Não sabemos o que aconteceu depois ao certo... Mas sabemos que Jesus estava certo.

Pedro, o destemido Pedro, revelou toda a sua fragilidade e medo infantis um pouco mais tarde, não sendo capaz de assumir publicamente, e a pessoas comuns, sua relação íntima com o então condenado Jesus. Mesmo diante de evidências tão claras – como o jeito parecido de falar, por exemplo – Pedro, o audaz, fraquejou.

E negou a Cristo.

Esquecera-se de um dia ter ouvido Jesus dizer, profeticamente, que aquele que não O confessasse diante dos homens, Ele também não poderia confessá-lo diante de Deus (Mateus 10:32).

Esquecera, mentira e O negara.

Uma. Duas. Três vezes.

Escandalosamente.

E, de longe, um impiedoso galo cantou.

***


Como você se sentiria?

Você faz juras de amor eterno a alguém e no instante seguinte deita-se com a prostituta. Você promete o céu, e dá o inferno. Você abraça, mas crava um punhal às costas. E o gira!

A traição de Pedro lhe parece menor que a de Judas?

Judas nunca negou que conhecia a Jesus. Ao contrário, admitiu isto de tal maneira, que prometeu entregá-Lo.

Pedro não. Pedro negou... Chegando a praguejar, inclusive.

E logo ele, não é?! Tão líder, tão exemplar, tão solícito...

Imagine a vergonha dos outros! Imagine a decepção consigo mesmo! Imagine as mentiras que satanás lançou na mente de Pedro!

Deprimido, ele se escondeu. A expressão “chorou amargamente” deve dizer pouco ainda. Pedro queria é sumir de si.

Depois daquela noite de terror, 40 dias já haviam se passado, e provavelmente Pedro, arredio ao contato dos demais, não tenha ousado sequer orar até ali (eu não ousaria, acho). É quando ele ouve chamarem o seu nome, e fica sabendo que Jesus reencontraria Seus discípulos na Galiléia.

Acometido do mais alto senso de justiça própria (impressionante como o diabo consegue ser justo quando lhe convém!) e incréu, de início, ele refuta. Imagina que não faz mais parte daquele grupo seleto de amigos (“... fiéis”, sussurrou em sua mente) de Jesus.

E, por um momento, invejou-os.

Mas a notícia dava conta ainda de que ele também deveria ir: “Sim, o anjo disse ‘e a Pedro’! Com essas palavras! Letra por letra! Eu ouvi muito bem! Jesus quer ver você também, Pedro!”

Lágrimas rolaram de sua face. Via das dúvidas, era melhor ir. Se era uma segunda chance, não queria perdê-la.

Afoito, ele procurava aqui e ali uma túnica que estivesse um pouco mais limpa que aquela que vinha usando (há um bom tempo, inclusive). Calçou-se da melhor sandália (talvez pediu-a emprestado a alguém), tomou do melhor alforje... “Levo alguma coisa de presente para Ele?”, deve ter pensado. Mas resolveu partir logo.

No caminho, não se livrara ainda dos maus pensamentos que o importunavam.

Ao chegar, sentiu o peito se lhe apertar. Parecia que ia ter um infarto. Olhar nos olhos dos outros era uma dor inimaginável. Pensar no reencontro com o Mestre, uma súplice alegria, um jubiloso lamento... Uma mistura de querer e não-querer sem fim.

O diálogo abaixo talvez seja lido um dia, num apócrifo qualquer:

- “Pedro, tu me amas?”, perguntou Jesus.

- “Ama nada! Você O negou.“, sugeriu o diabo.

- “Não sei. Como pude negá-Lo? Quando Ele mais precisou de mim O deixei! Eu O amo, mas não sei se deveria dizer. Falhei uma vez. Não quero falhar de novo. Mas não posso mentir também”, pensou Pedro.

- “Sim, Senhor. Tu sabes de todas as coisas. Tu sabes que eu Te amo”, respondeu, entretanto.

- “Mentiroso!”, bradou-lhe o diabo.

- “Então apascenta as Minhas ovelhas”, surpreendeu-lhe Jesus.

- “Hunpf... Pobres ovelhas! Com um pastor covarde como você?!”, acusou o maligno.

- “Pedro, tu me amas?”, perguntou novamente Jesus.

- “Ahá! Tá vendo? Ele não acredita mais em você! Ou então tá Se fazendo de tonto!”, maquinou satanás.

- “Não sei, Senhor. Não sei ao certo. Estou com medo de afirmar isto outra vez. Ah, que dor no meu peito!”, ensaiou Pedro.

- “Sim, Senhor. Tu sabes que eu Te amo”, titubeante disse.

- “Mentiroso descarado!”, insistiu o demônio.

- “Então apascenta as Minhas ovelhas”, repetiu Jesus.

- “Mas Ele já disse isto também! O que Ele quer, afinal?”, seduzia o diabo.

- “Pedro, tu deveras me amas?”, retornou-lhe o Senhor.

- “Ah, eu não disse? Ele não acredita! Diga-Lhe a verdade, ou Ele não parará, até que a diga!”, argumentou satanás.

- “É... Talvez eu devesse dizer-Lhe que não...”, cogitou Pedro.

- “Sim, Senhor...”, respondeu, porém.

- “Imbecil!”, desesperou-se o diabo.

- “Pois bem, Pedro, amigo, desde agora e para sempre, estás curado da tua culpa! Três vezes Me negaste; mas três vezes venceste o teu medo e tua incredulidade, creste no Meu amor e Me confessaste o teu. Vai, filho, cuida das minhas ovelhas, do meu rebanho. Não importa mais se Me abandonas um dia. Sou Eu Aquele que jamais deve abandonar alguém, de fato. E jamais te abandonarei!”

- “Maldição!”, murmurou o diabo em seu retorno ao abismo.

“O chamamento nominalmente por Pedro tinha o conceito de que Jesus não viu somente quando o negou, mas também presenciou o choro amargo do seu arrependimento, e por isso mesmo o chamava para restauração, para um concerto, para o perdão e para continuação da obra que havia sido iniciada.”
(Pr. Carlos Roberto Silva, Blog Point Rhema, 06/05/2007)

“E a Pedro” é a mais concisa e ao mesmo tempo mais abrangente das lembranças. É a mais longa e a mais curta das expressões. A mais limitada e ampla das declarações de amor que podemos encontrar.

Mais do que isto, essas três palavras, “e a Pedro”, são minha esperança de que posso, um dia, fazer parte do Reino Eterno do Meu Senhor, pois apesar do que sou e faço, Ele não muda.

E se desejou algo para mim um dia, ainda segue trabalhando para tê-lo, mediante a restauração da alma corrompida, e da reinclusão, por meio de Sua infinita misericórdia, naquela mesma obra perfeita que outrora preparou para sua santa Igreja imaculada...

...e, quem sabe, para mim também, não é?!

DE REPENTE...


"Watch and pray!"

REFORMA ORTOGRÁFICA




Vou variar um pouquinho...

O assunto aqui tem tudo a ver com o blog, mas, ironicamente, tem pouco (ou nada) a ver com Deus.

É que fizeram uma reforma ortográfica, e, desde 01/01/2009, muita coisa mudou na nossa língua portuguesa.

Aliás, é língua ou língüa?

Sim, porque uma das coisas é que vão tirar esse dois “pinguim” aí (que chamávamos de trema), e sei lá se eu já não estou é escrevendo sem trema uma coisa que ainda tem trema ou vice-versa e...

Ih!

Ah, falando nisso, “pinguim”, gente, é como nós, mineiros, falamos “pinguinho” aqui. Sempre falamos assim quando usamos diminutivos, vocês sabem, né?!

Mas a partir de janeiro de 2009, não poderemos mais escrever algumas coisas assim como falamos, porque, neste caso, por exemplo, não se saberia se estávamos falando dos pinguinhos (o trema) ou o pingüim, aquele animalzinho plácido das regiões gélidas.

Mas a extinção do trema não é o principal motivo para que a gente trema. A extinção do pingüim (o bicho), por exemplo, seria pior.

É que na reforma ortográfica, tiveram a idéia de retirar alguns acentos agudos também. Da idéia deles, inclusive (que será uma simples ideia).

Dessa maneira, uma saborosa geléia passará a ser uma insossa geleia, e o que um dia fora heróico perderá uma boa dose de brilho, e será apenas heroico (mas em breve devem inventar de tirar aquele “h” ali).

O chapéu (ou chapeu?) de algumas palavras – o circunflexo – também vai mudar um pouco.

Onde hoje vocês lêem... não lerão mais!

Não creem? Pois em 2009 vocês crerão.

“Será que eles não veem que isto dá enjoo?” (tradução simultânea: “Será que eles não percebem que isto dá engulhos?”)

E não pára aí!

Para aí!

Não entendeu? Nem eu.

Povo anti-social, sô! Ou antissocial, como (eles) queiram! O negócio é que eles não podem fazer isto com a gente!

A gente custou tanto pra aprender as coisas, e agora fica errado?

Isso é de um absoluto contra-senso!

Tá, tá... Contrassenso, droga!

Ah!

p.s.: Já que toquei no assunto, quem sabe eles não aproveitam o embalo da reforma ortográfica e fazem agora também as outras reformas que estamos realmente precisando? A reforma agrária... A reforma política... A reforma tributária...

ADEUS, ANO VELHO!



E aí?

Como começou 2009?

Como nasceu o sol pela manhã?

O ar? Estava diferente?

Quando você olhou pela janela, percebeu algo novo?

Abriu os jornais?

E aí? Menos mortes? Menos crise?

O mundo... Amanheceu melhor?

O seu mundo... Amanheceu melhor?

Bem, acho que não, não é?!

Talvez seja porque Deus não quer para você hoje nada diferente do que queria ontem, ou quererá amanhã!

Portanto, meu desejo é que , mais do que um feliz 2009...

Você tenha um FELIZ HOJE!!!

Todos os dias!

“Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias,

durante o tempo que se chama Hoje,

para que nenhum de vós se endureça

pelo engano do pecado”

(Hebreus 3:13)