ALEXANDER OGORODNIKOV*


Fonte: Missão Portas Abertas

Nota do EdV:

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Agora, se quiser simplesmente sair, bem, você já sabe onde clicar.

ESSE CRISTÃO INCRÍVEL*


* Por A. W. Tozer (1897-1963)

O esforço geralmente feito por tantos líderes religiosos no sentido de harmonizar o cristianismo com a ciência, com a filosofia e com tudo o quanto há de natural e razoável, resulta, creio eu, do insucesso na compreensão do cristianismo e, a julgar pelo que tenho ouvido e lido, também do malogro no entendimento da ciência e da filosofia.

No âmago do sistema cristão está a cruz de Cristo com o seu divino paradoxo. O poder do cristianismo aparece em sua antipatia pelos caminhos do homem decaído, jamais em seu acordo com eles. A verdade da cruz se revela em suas contradições. O testemunho da igreja é mais eficaz quando ela declara em de explicar, pois o Evangelho é dirigido não à razão, mas à fé. O que se pode provar não exige fé para ser aceito. A fé se baseia no caráter de Deus, não em demonstrações de laboratório ou da lógica.

A cruz ergue-se em ousada oposição ao homem natural. Sua filosofia é contrária aos processos da mente não regenerada, de sorte que Paulo pôde dizer sem rebuço que a pregação da cruz é loucura para os que perecem. Tentar achar um terreno comum entre a mensagem da cruz e a razão é tentar o impossível, e, se se persistir, só poderá resultar numa razão danificada, numa cruz sem sentido e num cristianismo sem poder.

Baixemos, porém, a questão toda dos cimos alterosos da teoria, e simplesmente observemos como o cristão põe em prática os ensinamentos de Cristo e Seus apóstolos. Note as contradições:

O cristão crê que morreu com Cristo, porém está mais vivo que antes e alimenta a esperança de viver plenamente para sempre. Caminha na terra enquanto assentado no céu e, conquanto nascido na terra, vê que, depois da sua conversão, não se sente em casa aqui. Como o falcão da noite, que nos ares é a essência da graça e da beleza, mas no chão é desajeitado e feio, vê-se o cristão em sua melhor forma nos lugares celestiais, mas não se adapta bem aos modos da própria sociedade em que nasceu.

O cristão logo vem a compreender que, para ser vitorioso como filho do céu entre os homens na terra, terá de seguir, não o padrão comum da humanidade, mas o contrário. Para ter segurança, arrisca-se; perde a vida para salvá-la, e corre o perigo de perdê-la, se procura preservá-la. Desce para subir. Se se recusa a descer, já está embaixo, mas quando começa a descer, está subindo.

É mais forte quando está mais fraco, e mais fraco quando está forte. Embora pobre, tem o poder de enriquecer a outros, mas quando fica rico, desaparece a sua capacidade de enriquecer a outros. Possui mais quando distribui mais, e possui menos quando mais posse retém.

Ele pode ser superior, e muitas vezes o é, quando se sente inferior, e mais sem pecado quando tem maior consciência de pecado. É mais sábio quando sabe que não sabe, e sabe menos quando adquire a maior soma de conhecimento. Às vezes faz mais, nada fazendo, e vai mais longe quando fica parado. Na prostração ele consegue manobrar para regozijar-se, e mantém alegre o coração mesmo na tristeza.

Revela-se constantemente o caráter paradoxal do cristão. Por exemplo: Ele crê que já está salvo e, no entanto, espera ser salvo mais tarde e aguarda ansiosa e jubilosamente a salvação futura. Teme a Deus, mas não tem medo d’Ele. Sente-se dominado e nulo na presença de Deus e, contudo, não prefere nenhum outro lugar a estar em Sua presença. Sabe que já foi purificado do seu pecado e, todavia, está penosamente ciente de que em sua carne não habita bem algum.

Ama supremamente a Alguém que ele nunca viu e, apesar de pobre e de baixa condição, conversa familiarmente com Aquele que e Rei de todos os reis e Senhor de todos os senhores, e o faz consciente de que não há incongruência em agir assim. Está certo de que seus direitos são menos que nada, e, entretanto, crê sem nenhuma dúvida que ele é a menina de olhos de Deus e que por ele o Filho Eterno fez-se carne e morreu na cruz da infâmia.

O cristão é cidadão do céu e admite que a sua lealdade prioritária é a essa cidadania; mas pode amar a sua pátria terrena com a intensidade de dedicação que levou John Knox a orar: “Ó Deus, dá-me a Escócia, ou morro”.

Espera jubilosamente entrar logo no fulgente mundo além, mas não tem pressa de deixar este mundo e está plenamente disposto a aguardar a convocação do seu Pai Celeste. E não pode entender por que o incrédulo crítico deva condená-lo por isso; tudo lhe parece natural e certo, dentro das circunstâncias, que ele não vê nisso nada de incoerente.

Além do mais, o cristão, que leva a sua cruz, é tanto um pessimista declarado como um otimista sem rival na terra.

Quando olha para a cruz é pessimista, pois sabe que o mesmo julgamento que caiu sobre o Senhor da glória condena, naquele ato, a natureza inteira e todo o mundo dos homens. Ele rejeita toda esperança humana fora de Cristo porque sabe que o mais nobre esforço do homem é apenas pó edificando sobre o pó.

Todavia, ele é serena e confiantemente otimista. Se a cruz condena o mundo, a ressurreição de Cristo garante a vitória final do bem no universo todo. Através de Cristo, tudo estará bem no final, e o cristão aguarda a consumação.

Cristão incrível!

O REINO DA BAILARINA




Em 1983, o Balé do Teatro Guaíra criou o espetáculo musical “O Grande Circo Místico” que fez muito sucesso no país e também no exterior.

A peça, que foi inspirada num poema homônimo do livro “A Túnica Inconsútil”, coleção de poemas católicos que o alagoano Jorge de Lima (1895-1953) escreveu em 1938, contando a história da família Knieps e da dinastia do Grande Circo Knieps, mostra a história da paixão de um aristocrata por uma bailarina, a jovem Beatriz.

Aliás, o carro-chefe do espetáculo é uma belíssima canção, exatamente chamada “Beatriz”, composta por Chico Buarque em parceria com Edu Lobo, e que tem a interpretação primorosa de ninguém menos que Milton Nascimento.

No CD “O Grande Circo Místico”, lançado em 2005, há ainda uma faixa bônus instrumental de “Beatriz” tocada pelo mestre Tom Jobim. Mas há outras músicas e performances igualmente antológicas.

Dentre elas, a música “Ciranda da Bailarina”, também composta pela dupla Chico-Edu em 1982 para o espetáculo, onde o aristocrata, refém de seu amor platônico, canta, em versos infantis, seu alumbramento pela acrobata.

A inocência da música nos remete à própria inocência do rapaz (ouça, e leia, abaixo).

CIRANDA DA BAILARINA
(Edu Lobo/Chico Buarque)




Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho*
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem...
Todo mundo tem...


É claro que a bailarina acima não existe.

Ou não existe, ou ela não é deste mundo (e por isto mesmo não exista), porque aqui “procurando bem, todo mundo tem...”

Todo mundo tem seu telhadinho de vidro afinal.

E a Igreja precisa entender que não é uma exceção a esta regra.

Uma das mais felizes analogias feitas por Jesus à Igreja está em Mateus 22, no episódio do rei que prepara um grande banquete para celebrar as bodas do seu filho.

Diante da veemente negativa dos seus convidados, com desculpas esdrúxulas, o rei, resoluto, manda buscar todos os que forem encontrados nos guetos, vielas, becos, buracos, esgotos, e ordena: “... insistam pra que venham”.

Quando o rei finalmente entra pelo salão de jantar, alvíssaras!, encontra a mesa cheia.

Esse rei é figura inegável de Deus, assim como os presentes à festa correspondem à Sua Igreja.

Mas convém notar, por óbvio, que lugares como aqueles não deviam encerrar pessoas de muito prestígio e saúde. Não a ponto de freqüentarem os palácios, inda que esporadicamente.

Contudo, foi graças a esse “critério duvidoso” que um cara como eu, por exemplo, pôde ser convidado, e julga fazer parte hoje (senão hoje, algum dia, pelo menos) da lista de Seus sortudos comensais.

Mas nem é preciso "procurar bem" para encontrar mazelas as mais variadas em gente assim.

Basta um vislumbre pelo castelo real e um olhar rápido pelos utensílios de ouro e prata puríssimos, ou os tapetes de tecidos nobres e caros, pr’aquela gente se sentir a mais indigna possível.

Basta comparar o glamour real com a completa inépcia das pessoas assentadas ali, que mal sabiam manejar um talher daqueles.

Basta uma só palavra da boca de qualquer um deles, para a mais imbecil das toleimas se revelar, e arrancar risos incontroláveis da boca dos soldados que formavam a escolta real, e que estavam, até então, rijos e graves ali.

Aquela gente é tola demais.

Não fosse a bondade e a misericórdia do rei...

Pois é, pessoal. Não fosse a bondade e a misericórdia do Rei, só a bailarina participaria daquela festa.

Mas a bailarina não existe, não é mesmo?!

Há quem diga, entretanto, que sim.

Que Beatriz, na verdade, não era perfeita de fato, e que o era apenas para seu nobre aristocrata apaixonado, que, cegado pelo amor, não via nela defeito algum.

Há quem diga, portanto, que o amor é capaz de encobrir defeitos, e fazer com que uma bailarina qualquer, ou quem quer que seja ela, se apresente como alguém impecável.

Sim, há quem diga isto.

E a Bíblia diz algumas coisas semelhantes a esta também:


“Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada,
cujo pecado é coberto.
Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade,
e em cujo espírito não há dolo”
(Salmo 32:1-2)

"O ódio excita contendas,
mas o amor cobre todas as transgressões”
(Provérbios 10:12)

“Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros,
porque o amor cobre multidão de pecados”
(1 Pedro 4:8)


Em relação a Deus, nenhuma dúvida de que Ele faça assim.

Mas a questão aqui é: e em relação aos nossos irmãos?

Sim, porque sinto que ainda existe muita gente “bailarina” por aí, que não está acostumada com defeitos (porque não deve tê-los, com certeza – e tomara mesmo não tenham, para o bem deles), os aponta com presteza e nem sempre está muito disposta a suportá-los por muito tempo.

Gente que sabe como ninguém “procurar bem”.

Aí...

Bem, aí, se procurar direitinho mesmo, ninguém escapa.

E eu, que não sou bailarina, muito menos.

A não ser que eu seja amado por alguém algum dia.

Como o sou por Deus sempre.

*Observação: A censura na época vetou a utilização dessa palavra na música.

"E AGORA, QUEM PODERÁ ME DEFENDER?"




Eu confesso: sou um fãzaço dos personagens de Roberto Gómez Bolaños (que considero um gênio).

Roberto é o ator por trás do personagem Chaves, que até hoje “salva” os índices de audiência do
SBT, mas também a mente que criou, senão todos, a maioria dos personagens da série que já está com quase 40 anos.

Sou tão fã, mas tão fã, que me chateava ao saber de certas rusgas nos relacionamentos entre alguns, como, por exemplo, da atriz
Maria Antonieta de las Nieve, a Chiquinha, com Roberto Bolaños. Ou deste com o ator Carlos Villagrán, o Kiko (este problema entre eles durou mais de 20 anos, mas dizem já estar superado).

Eu, em minha ainda tenra ingenuidade, não me dava conta de que meus heróis, na vida real, talvez não fossem tão mocinhos assim.

Mas entre as engraçadíssimas criações da mente brilhante de Roberto Bolaños, está o grande (que aqui é apenas força de expressão) Chapolin Colorado, um herói cujos movimentos são todos “friamente calculados”.

Chapolin é a antítese do herói americano de que nos acostumamos.

É pequeno, feio, burro, desastrado, fraco e – pasmem! – medroso ao extremo.

E é exatamente isto que dá charme e requinte (será?) a Chapolin Colorado, ou Vermelhinho, como também é chamado.

Um bom site onde você encontra informações gerais sobre os personagens, fotos, vídeos e curiosidades é o
Turma do Chaves.

Agora poucos se lembram, mas na década de 80, exatamente dez anos após o debut de Chapolin nas telas mexicanas, o americano
Stephen J. Cannell criou um dos personagens mais engraçados e saudosos que eu já conheci: o Super-Herói Americano (“The Greatest American Hero”).


Dêem um lida na sinopse da série:

“Durante uma excursão com seus alunos, o professor Ralph Hanley é seqüestrado por ETs, junto com o agente secreto do FBI Bill Maxwell. Ao contrário do que pode parecer, os ETs querem auxiliar a Terra a solucionar seus problemas. Para isso, dão a Hanley um uniforme de Super-Herói para que ele ajude o agente Maxwell a salvar a humanidade. Como o professor Hanley não é nada organizado, acaba perdendo o manual de instruções que vinha junto com a roupa de Super-Herói. Como conseqüência, Hanley não consegue voar direito e acaba sempre derrubando uma parede ou se chocando contra o solo. Tudo fica muito atrapalhado quando ele veste seu super uniforme. O agente Maxwell tem grande dificuldade em fazer com que seu amigo fantasiado não se meta em encrencas, maiores do que já tem”.

Imaginem isto: o cara perde o manual de instruções que o auxiliaria a utilizar uma roupa que lhe dava super-poderes! E se torna um super-herói dos mais desastrados já conhecidos.

Que idéia fantástica! Que mente incrível! E que seriado maravilhoso era o Super-Herói Americano!

Pra quem não conhece, ou não se lembra, eis a seguir um vídeo, que garimpei no
Youtube, com a abertura do seriado:



Se você clicar “Play” abaixo, ainda poderá ouvir, inteira, a música tema, “Believe it or not” , de Joey Scarbury.





Perdoem toda esta minha tietagem aqui, mas é que eu me empolgo com idéias tão originais como estas.

Imaginem então qual não foi minha alegria ao saber que está por sair em cartaz nos cinemas o longa metragem da série, puxa (leiam a notícia aqui)!

Pois bem, pessoal, na minha modesta e, sobretudo, incauta avaliação crítico-cinematográfica, o Super-Herói Americano é, nada mais, nada menos que a versão americana do Chapolin Colorado.

Aliás, minha admiração por personagens desse tipo não estão limitados a apenas esses dois exemplos. Sempre gostei dos personagens, digamos, mais frágeis.

Sempre preferi o Frajola ao Piu-Piu. O Coiote ao Papa-Léguas. Não via a hora do Tom pegar o Jerry de jeito e queria, muito, que o Gaguinho desse uma lição de vez no Patolino ou, fosse o caso, no Pernalonga.

Sei que isto acabaria com muito do encanto que há hoje nesses personagens, mas meu estilo “defensor dos fracos e oprimidos”, mesmo que estes sejam exatamente os heróis, talvez se explique.

É que meu Herói Maior, Aquele que aprendi a amar e admirar acima de todos os demais, também foi um pouco assim. Ou muito.

Jesus, como homem, não foi exatamente o que poderíamos chamar de um Super-Homem.

Por 30 longos anos viveu entre o seu povo e não houve nada, em momento algum, que O denunciasse como sendo o Grande Messias esperado há séculos. Nunca se viu em Sua vida traços reais de comportamento, e Suas vestes mais se assemelhavam a dos plebeus.

Tinha, ao contrário, fome e frio, cansaço e medo, fraqueza e dor. É claro que Jesus não era desastrado ou burro como os nossos anti-heróis aí de cima. Mas eram essas as qualidades que vemos n'Ele, se quisermos tentar imaginá-Lo como um super-homem.

Sua limitação era tal ao ponto de, diz a Bíblia, haver uma ocasião em que contou com a ajuda dos discípulos para subir num jumentinho (Lucas 19:35).

Ora, vejam vocês! O Grande Rei dos reis, Senhor do senhores, Criador de toda a terra... Precisando da ajuda de alguns homens para montar um jumentinho!

É que Jesus era um Rei anônimo, um Messias escondido. Um Grande pequeno. Ou o Menor de todos, na realidade.

E, parafraseando a música de Joey Scarbury, “acredite ou não... era exatamente isto que O fazia sentir-Se tão livre”.


Sua fraqueza foi então Sua força, pois nela dependia de Deus. E Deus O ungia com poder (Atos 10:38).

Ser fraco, pois, não é necessariamente uma debilidade.


Quando somos fracos, nesse momento é que somos fortes (II Coríntios 12:10), e podemos então vencer.

É o antagonismo de Deus.

Tal qual Seu Reino e tudo o que nele há.

O que torna a nossa vida aqui tão excêntrica e este mundo tão fútil e excomungável.

"EU SOU O QUE (NÃO) SOU"*




Não sou presbítero, muito menos apóstolo...
Não sou sequer pastor;
Não sou profeta, evangelista...
Também não sou mestre ou doutor.

Sou absolutamente nada e ninguém
Disso sabem todos quantos me conheçam bem.

Mais do que devo saber, eu não sei
Não me convém conhecer
O que me proponho a escrever
Não é por (en)cargo de firma ou por lei

É um gosto irretratável pelas formas em que as letras se dão
É um gesto irreprimível pela sorte que as graças do Senhor me são

Ademais, muito embora eu, entrementes,
Parecesse um usurpador que pulula
O que não passo mesmo é de uma mula
Ou qualquer outro estéril – indiferente!

Só não páro a pena ‘que é ela que me move
Até quis, mas ela, não, vem, me xinga e me demove

“Perdoa-me, meu bem – perdão!
Eu jamais ofender-te-ei
Teu lugar é teu, jus meritorium
Confiteor est opus dei

Quanto a mim? Sou nada, já disse, ninguém!
Eu sou o que (não) sou; fazer o quê? - pergunto - amém!

Não sou presbítero, muito menos apóstolo...
Não sou sequer pastor;
Não sou profeta, evangelista...
Também não sou mestre ou doutor.

* Trecho do livro de II Êxodo, capítulo 3, do verso 1 ao 14 de MINHA AUTORIA mesmo. É, eu sei... Isto faz dele um livro
apócrifo, é verdade. Mas aqui, é também confessional.

UM SINAL DE FUMAÇA




Todo eco precisa de um som...

Ele é seu inspirador...

Sua razão de existir.

Sem o som, não há eco, posto que este não vive em si mesmo.

O som aqui, no caso, é uma voz...

A Voz, na verdade.

Preciso dela...

Espero (e creio) que isto explique, em parte, o meu silêncio até aqui, há tanto tempo.