Os reinos do mundo e os tesouros da Terra são como o lixo diante de Deus.
O Criador, Sustentador e Destruidor do universo não Se sente seduzido por nenhum deles.
A cobiça do mundo não mancha Sua mente, e os valores daqui não fazem sombra alguma à Sua luz.
Deus é incorruptível.
Corromper, muito mais sutil do que perverter ou desmoralizar, significa mudar os valores.
Por este raciocínio simples, é fácil imaginar que, Se Deus estivesse assentado no lugar mais elevado dessa terra, ali Ele já estaria rebaixado. E os anjos do céu, por certo, cobririam Seus rostos para não verem-No submetido à tamanha ignomínia.
Fora do lugar onde Ele já esteja, não há qualquer outro lugar no universo que Lhe seja digno afinal.
Assim, se Deus escolhesse viver entre os reis, príncipes, imperadores ou entre as maiores sumidades havidas em todos os tempos, Ele já não escaparia do vexame.
Imagine então vê-Lo nascer num cocho, dentro de uma estrebaria, meio às fezes e urinas dos cavalos e dos gados.
Imagine-se lá. Sim! Você.
Devo dizer, entretanto, que, para alguém como Deus, aquele lugar e o Palácio de Buckingham são a mesma coisa. E o Burj Al Arab não é mais belo ou limpo também.
Como já vimos antes, Deus Se esvaziou completamente de Si, e, em Jesus, veio habitar entre nós, “... cheio de graça e de verdade...” (João 1:14), rebaixando-Se a um nível jamais imaginado por nossas mentes criativas.
Porém, vemos agora que Ele, já despojado de toda a glória que tinha com e como Deus, viera também destituído de toda a glória que poderia ter (embora indignamente ainda) entre os homens.
Se para você e para mim fosse indiferente nascermos ricos ou pobres, certamente escolheríamos ser ricos. Afinal, um pouco de conforto não faz mal a ninguém.
Ou a quase ninguém.
Sim, porque Jesus, por certo, escolheria a pobreza.
Escolheria, simplesmente, porque escolheu.
Não nasceu rei, não nasceu príncipe, não nasceu nobre.
Nasceu indigente.
E mais: viveu anônimo.
Assim como no post anterior, aqui também Jesus Se humilhou porque ninguém poderia fazê-Lo, ou fazer a Ele.
É um maior que submete um menor à humilhação.
Entretanto, quem é maior do que o Alto e Sublime, que o Soberano e Excelso, que o Deus dos deuses, Senhor dos senhores e Rei dos reis?
Jesus então novamente Se abaixa, Se inclina, mas agora de uma maneira ainda mais inadmissível, Ele o faz entre os homens, “... sendo obediente até a morte, e morte de cruz.” (Filipenses 2:8)
Jesus obedece.
A todos.
Em tudo.
Até o fim.
O pior fim.
É importante dizer, antes de terminar, o óbvio: Jesus não perdeu Sua autoridade Se fazendo homem e, entre os homens, obedecendo-lhes.
Ao contrário, Ele a reforçou.
O que Jesus fez foi humilhar-Se, tornando-Se o menor entre todos, e o fez obedecendo e servindo os demais (Ele que, como Deus até então, nunca precisou obedecer a coisa alguma ou a ninguém).
Mas a obediência jamais vai ser humilhante para quem se propõe a segui-la.
A obediência, afinal, não humilha ou envergonha ninguém, porque no Reino de Deus é diferente.
"Mas entre vós não é assim;
Pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós,
Seja esse o que vos sirva;
E quem quiser ser o primeiro entre vós,
Será servo de todos.
Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido,
Mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos"
(Marcos 10:43-45)