NÃO AMEIS O MUNDO...

“Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”
(I João 2:15-17)

Em que tipo de indivíduo um homem pode se tornar, por conseqüência da obediência a essa palavra? Imaginem alguém cujos valores e prazeres não estejam ligados direta ou indiretamente ao mundo e, pior, mais sutil, às coisas “...que no mundo há”!

Basicamente, aqui estão os algozes que vitimam a humanidade: a carne, os olhos e a altivez de espírito. Destes, outras mazelas ramificam-se, mas esse é o tronco principal. E é onde o machado deve ser posto, afinal.

A estratégia do “certamente não morrereis” do diabo, que foi tão eficaz nos jardins do Éden, ainda repercute por aí.

Lá, Eva (pobrezinha!) foi ludibriada pela astúcia da serpente que, simplesmente, a convenceu. Não precisou sequer possuí-la (e nem podia). Bastou convencê-la.

Satanás sempre preferirá assim: que alguém escolha outro, que não o Senhor, voluntariamente, sem qualquer intimidação. Aliás, é isto o que se configura culpa. Como pode alguém “possuído” ser culpado de alguma coisa?

Mas não mudemos de assunto e vejamos os aspectos da tentação e queda que se deu no Éden. Gênesis 3:6 diz:

1) “E viu a mulher que a árvore era boa para ser comer...”: Aqui fala do apetite da carne, para ser mais amplo. Certamente o fruto daquela árvore era apto para saciar-lhe esse desejo. Mas... isso era lá desculpa? Afinal, eles, homem e mulher, não podiam comer de todas as outras árvores também? Esta é a concupiscência da carne de que dizia João.

2) “... agradável aos olhos...”: O fruto era belo. Não era para menos; tudo o que Deus faz é belo. Mas aqui está outra das grandes tentações humanas. Ser belo ou ter o que é belo, em si ou para si. Desejo, ambição, requinte. Concupiscência dos olhos! O fruto daquela árvore, tal qual a própria, era muito bonito. Mas tanto quanto essa, havia outros muitos frutos belos ali naquele jardim. O pêssego, por exemplo, é belíssimo Mas porque logo aquele maldito fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal? Não há por quês. A questão é que isto, definitivamente, não foi desculpa.

3) “... e árvore agradável para dar entendimento;...”: Opa! Mas aqui há algo diferente! Isso é algo que a banana, a maçã, o pêssego, a uva pareciam não ter. Havia um ingrediente ali naquele fruto, segundo a serpente, que faltaria até mesmo na mais bela, fresquinha e generosa salada de frutas que se podia conseguir em toda a dimensão do jardim. A frase “E sereis como Deus...” (verso 5) para Eva representou o que, em tempos modernos (mas nem tanto), chamamos de status, preeminência, destaque, prestígio, fama... O que é conhecido biblicamente, segundo João, como soberba da vida.

Se essa estratégia deu certo no Éden, ora, qualquer tolo tentaria de novo... e de novo... e de novo... e de novo. Os bebês, por exemplo, sabem que se chorando eles conseguem o que querem, então chorarão sempre. Se, uma vez mexendo com os instintos mais naturais do homem – quais sejam: os apetites da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida – o diabo conseguiu o que tanto queria, daria certo de novo, sendo todos os homens iguais em essência.

E aqui estamos nós! Em meio à extensão permanente do jardim do Éden. Deus continua passando, falando, cuidando, suprindo, nos deixando usufruir todas as Suas benesses mais íntimas. E dentre tantas árvores cujos frutos, disponíveis e à disposição, são bons para se comer e agradável aos olhos, vez por outra, botamos no cesto um – disponível, mas não à disposição – que nos afaga o ego, satisfaz não apenas a carne, mas a alma e engorda o espírito. Depois, não há antiácido que resolva tamanha indigestão.

Não amar o mundo pode ser uma tarefa relativamente simples para os discípulos de Jesus, afinal, Ele dizia que nós não somos deste mundo como também Ele não é (João 17:14,16). Disse também que Deus nos havia tirado do mundo e nos dado para Ele (João 17:9,11; Colossenses 1:13) mas disse que, apesar disso, estamos no mundo e aqui ficaríamos ainda um tempo mais.

Aí é que está!

Que suplício! Enquanto aqui, estamos cercados e envolvidos com os valores caídos do mundo. Lidamos com eles dia-a-dia. Ou usamos, na melhor das hipóteses, algo que é objeto desses valores. A forma de nos vestirmos, como nos entretemos, como nos alimentamos, como escolhemos nossos amigos, cônjuges e, às vezes, para vergonha nossa, até mesmo a quem proclamamos o Evangelho. E somos, freqüentemente, convencidos de que “certamente não morreremos”! Assim, preferimos umas coisas e preterimos outras. O livre arbítrio, do que o homem se orgulha, foi um presente que Deus lhe deu, para que este preferisse escolhê-Lo. Mas o homem pegou este presente e o atirou contra a face do Senhor, preferindo escolher voluntariamente a outro.

Todo o sentimento perverso que impeliu satanás a desejar um Trono acima de Deus, ele espalhou sobre a face da terra, no coração dos homens que, voluntariamente, lhe escolheram e lhe deram o governo.

O mundo é a expressão da vontade do diabo assim como a Igreja é a expressão da vontade de Deus.

Precisamos da graça de Deus que nos basta (II Coríntios 12:9). Algo que basta, enche completamente, não deixa espaços onde caiba o que quer que seja. É suficiente. É pleno. A graça do Senhor é assim. Davi declarou: “Porque a Tua graça é melhor do que a vida para mim...” (Salmo 63:3). É graça para nos vestirmos, mas não sermos altivos, desejando a evidência entre os outros. É graça para comprarmos sem usura ou ostentação. É graça para nos entretermos, mas não romper com os limites da santidade e, mais além (algo que temos muito a aprender), com os limites da santidade do outro, não causando escândalo, respeitando a fraqueza do outro e não exigindo que reaja de forma natural ao que para mim é natural (e eu posso muito bem estar errado! Que eu não me esqueça disso!). É graça para termos mais prazer no jejum que no comer ou beber. É graça para nos reeducarmos “... para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século de forma sensata, justa e piedosa...” (Tito 2:11,12).

Graças a Deus por Jesus (II Coríntios 2:14)! Nele temos recebido graça (João 1:14-17)! Sua vida em nós glorifica e alegra o coração do Pai, pois Ele é o Filho Amado de Deus (Mateus 3:17)! Louvado seja o Senhor! Nele fomos feitos justiça de Deus (II Coríntios 5:21)!

Paulo escreveu: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos” (Romanos 5:18,19).

Pois é! Mas com Jesus, são outros quinhentos...

Satanás é um grande tolo! Não bastasse ser relampejado dos céus e esborrachar-se na escuridão do inferno abaixo, por ter, simplesmente, intentado um lugar acima de Deus (se é que isso existe), cogitou em seu frio coração abandonado que, uma vez aqui, humano e limitado, Jesus pudesse estar também fragilizado e, talvez, corrompido pelos valores corrompidos dos homens corrompidos. Afinal, quem resistiria a uma oferta daquelas, não é mesmo?

Mal sabia ele, entretanto, que os ecos da sentença no Éden ainda retumbavam na história – “Este lhe esmagará a cabeça...” (Gênesis 3:15) – e que sua execução começava ali.

À luz de Mateus 4:1-11, gostaria de destacar abaixo, não apenas o meio pelo qual Jesus venceu a tentação do deserto – qual seja, a Palavra – mas também os aspectos da Palavra que Jesus fez questão de usar. Vejam que embora mudassem os objetos, os valores permaneciam os mesmos. A tentação no deserto teve os moldes do Éden:

Primeiro, o diabo disse: “Se Tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães...”. Olha ela aqui de novo, a fome! Concupiscência (desejo) da carne. Depois de 40 dias e 40 noites de jejum, nada mais justo do que isso: comida! Não era, afinal, uma boa idéia, comer por ali mesmo?

A isto, Jesus respondeu: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”: Encher-se da Palavra. Em I João 5:4 diz que a vitória que vence o mundo é a nossa fé. Em outro lugar que a fé vem por ouvir e ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10:17). Precisamos, portanto, nos encher de fé através da Palavra. Receber das promessas de Deus em Jesus e assim resistir aos dardos inflamados do maligno, calçando nossos pés com a preparação do Evangelho (A armadura de Deus – Efésios 6).

Depois, o diabo disse: “Se Tu és Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo; porque está escrito: Aos Seus anjos darás ordens a Teu respeito, e tomar-Te-ão nas mãos, para que não tropeces nalguma pedra”: Concupiscência (desejo) dos olhos. É algo mais ou menos parecido com o “ver para crer” que ouvimos tanto por aí.

A isto, Jesus respondeu: “Não tentarás o Senhor Teu Deus”: Confiança irrestrita em Deus. Deus não precisa se mostrar Deus. Ele é e não há nada mais que precise provar para ser assim. Nem a fé que temos ou não, muda qualquer coisa em Sua natureza. Se crermos, Ele é Deus; se não crermos, Ele é Deus! Jesus disse que, a uma geração má e adúltera, nenhum sinal seria dado senão o do profeta Jonas (Mateus 12:39). Ou seja, a misericórdia que Deus usou para com Nínive (e para com o próprio Jonas). Não há mais nada que Deus precise mostrar a nós para ser justo, bom, fiel ou o que for, senão a abundância de Sua infinita misericórdia na cruz através de Jesus.

Por fim, o diabo tentou: “Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares”: Soberba da vida. Uma posição de autoridade, de reconhecimento, exercer domínio, governo, liderança. Há maior status que esse? Em outra época, essa frase soou assim: “E sereis como Deus...” (Gênesis 3:5).

Ao que Jesus respondeu: “Ao Senhor Deus adorarás, e só a Ele darás culto”: Subserviência, submissão completa ao Pai e reconhecimento inteligente e sóbrio à Sua Única Autoridade. Satanás tem memória curta. Esqueceu-se que ele próprio, por vezes, precisou requerer a entrada na presença de Deus, falar com Deus e precisou curvar-se e pedir a Deus liberação para tocar a vida de Jó (Jó 1:11 e 2:5). Esqueceu-se que no fim dos dias, o sopro da boca do Todo-Poderoso lhe extirpará a existência (II Tess. 2:8). E esqueceu-se que estava diante d’Aquele que tem todo o poder, glória e honra, é Senhor dos senhores, Rei dos reis... O Santo de Deus (Mc.1:24)! Deus governa sobre tudo e todos, mas deseja, e sempre desejou, repartir isso com o melhor da Sua criação: o homem. Foi assim desde Adão, tornou-se novamente possível através de Jesus e se efetivará a partir do Grande Dia da Glória de Deus (Gn.1:28; Rm.5:17; Ap.5:9-10). Aleluia!

Vencemos a concupiscência da carne nos enchendo da Palavra de Deus, que formará valores nobres e altos em nós.

Vencemos a concupiscência dos olhos confiando em Deus, em Sua boa, agradável e perfeita vontade e sabendo que não só o que Ele tem dado é o melhor, mas que sempre nos dará o melhor também, mesmo que não o pareça para nós.

E vencemos a soberba da vida reconhecendo a soberania de Deus e que somos seus servos, seus escravos, feitos para a Sua glória e que vivemos para agradá-Lo. Com isto estejamos contentes.

Ajustemos nosso comportamento diante das coisas que no mundo há, e a seus valores reais e intrínsecos.

Que nos desvencilhemos das ofertas que satanás nos faz por segundos de prazer.

Coloquemos guardas à porta dos nossos olhos, da nossa boca, e do nosso coração para que nos pareçamos um pouquinho mais com Jesus (e ainda assim saber que falta tanto!).

Que nos estimulemos a sermos d’Ele, exclusivamente d’Ele, zelosos de boas obras (Tito 2:14).

Que sejamos santos, vivamos intensamente cada dia para o Senhor, sejamos prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mateus 10:16).

Que sejamos bons administradores e despenseiros fiéis da graça de Deus (I Pedro 4:10).

Que usufruamos Suas ricas bênçãos, e que, seja o comer, seja o beber, façamos tudo para glória de Deus (I Coríntios 10:31), cautelosos de não sermos, em momento algum, tocados por esse mundo vil e perverso.

Se ficarmos pobres, já somos ricos em Cristo (Tiago 2:5).

Se ficarmos fracos, já somos fortes em Cristo (II Coríntios 12:10).

Se formos tidos por loucos, nossa loucura é mais sábia que a sabedoria dos outros (I Coríntios 1:25).

E se nos abandonarem, ainda que a mãe se esqueça do filho que carregou no ventre, o Senhor jamais se esquecerá de nós (Isaías 49:15).


Em que nos tornaríamos? Em pessoas mais parecidas com Jesus certamente.

NOVAS FOTOS DA GIOVANNA

Ok, eu assumo...

Não são lá tãããão novas mais (a esta altura do campeonato, Giovanna cresce mais rápido do que nós podemos registrar).

Mas são novas no sentido de que ainda não tinham sido publicadas.

O blog dela (ou "blogue", como ela mesma diz) é, digamos, o favorito dos meus favoritos.

Por razões óbvias.

Passa lá, clicando aqui, e dá uma olhadinha...

Ok, eu assumo...

Eu sou babão sim!

DA IGREJA PERSEGUIDA

Aí ao lado, nos meus favoritos, já tem um link que leva diretamente ao site da Missão Portas Abertas.

Porém, como recebo, periodicamente, informativos atualizados de notícias de nossos irmãos em cadeias, vou selecionar e postar algumas delas aqui também.

Possivelmente, será com muitos deles que moraremos no céu.

LIBERDADE EM CRISTO

"Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão."
(Gálatas 5.1)

Na Nigéria, a Suprema Corte decidiu pela pena de morte para qualquer pessoa que for julgada e condenada por blasfêmia (leia mais, clicando aqui). Isso abre um precedente perigoso, visto que o conceito de blasfêmia é subjetivo e diversos cristãos inocentes têm sido falsamente acusados.

O jugo de escravidão pode ter múltiplas formas: a falta de controle na hora de ir às compras, a dedicação excessiva a um hobby, a extrema preocupação com a aparência ou com a opinião dos outros, entre outras.

Tenha uma semana de reflexão e paz,

Tsuli Narimatsu
Jornalista

O (NOSSO) PECADO DE CAIM

Encontrar um culpado para o episódio que envolveu os irmãos Caim e Abel é fácil.

Como Deus conhece todas as coisas, pois estão patentes aos Seus olhos, tudo facilmente se esclareceu. Caim matou covardemente o seu irmão mais moço, Abel, por ciúmes.

A Bíblia diz que Caim teve ciúmes de seu irmão Abel porque – pasmem! – Deus não aceitou o sacrifício que ele, Caim, Lhe oferecera; mas aceitara, por outro lado, o sacrifício oferecido por Abel.

Em face disto, Caim sentiu-se ofendido, preterido, ignorado por Deus... E matou Abel!

Quanta incoerência, não?

O homicídio louco de Caim, entretanto, tem nuanças muito mais sutis.

Segunda a história, Deus queria que, desde a mais tenra idade, o homem soubesse que, para remissão de pecados, deveria haver oferta de sangue. Foi assim com Adão e Eva, quando Deus mesmo tratou de coser-lhes vestimentas de pele de animal (Gênesis 3:21). Ora, para poder fazê-las, Deus precisou de um animal, e, obviamente, teve de matá-lo também. A partir dali, seria sempre assim.


Ou quase sempre.


Sim, porque o que Deus queria mesmo era que chegássemos, afinal, em Jesus, que seria, de fato, o Cordeiro de Deus, imolado de uma vez por todas, para remissão dos pecados do mundo, de antes e de depois.

Agora sim, para sempre!

Jesus era (e é) o que Deus queria (e quer).

Exigindo do homem o sacrifício de um animal para remissão de seus pecados, seria mais fácil convencer o homem de que Jesus Se tornaria o sacrifício definitivo (embora saibamos que, infelizmente, até hoje, não é bem assim).

No episódio que acompanhamos aqui, o que aconteceu, entretanto, foi o seguinte: Abel ofereceu, sim, a Deus o sacrifício da forma como Deus o queria.

Caim, de outra sorte, ofereceu a Deus um “sacrifício novo, diferente, inovador”.

Resultado: Deus aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim.

Deus não rejeitou a Caim. Tanto que lhe deu uma segunda chance e uma “dica” (desnecessária, diga-se de passagem):


“Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar”
(Gênesis 4:7)

Em outras palavras, “Faça o que é certo, mude essa cara e cuidado com o que está maquinando em seu coração, hein, garoto!”.

A questão não foi, portanto, pessoal.

Bem, mas Caim não ouviu a Deus (pela segunda vez) e matou Abel.

Este foi o fato histórico!

Mas há algo neste episódio que me enche de temor e – ainda que vocês me chamem de louco – eu penso ser muito mais sério para Deus.

O erro de Caim, em minha opinião, não foi ter matado Abel “apenas”, mas, sobretudo, não ter percebido que ele errava no serviço que pensou estar prestando a Deus, e depois, claro, por não ter tolerado a rejeição desse seu serviço.

Caim fez o que achou melhor.

Fez o que pensou servir para Deus. Tentou dar a Deus mais – e pior – do que o “fruto da terra” (Gênesis 4:3): tentou dar a Deus o “fruto de sua própria vontade”, aquilo que ele queria.

E que mal há nisto? – podem perguntar alguns.

Todo! – respondo eu.

Fazer a própria vontade é tudo o que Deus não quer de nós. Isto é independência, auto-governo, e a Bíblia chama isto de “o pecado”. Não qualquer um, mas o original. A raiz de todos os outros.

Infelizmente, hoje em dia, muitos – a grande maioria – ainda prestam a Deus um serviço próprio, fruto de seu próprio coração, de sua criatividade, do desejo de inovar e de surpreender a Deus.

E Deus rejeita!

Pensem o que quiser, mas Deus não quer muita coisa que supomos dar-Lhe!

Deus não quer esses infinitos ministérios que criamos a nosso bel-prazer, que vemos espalhados por aí, e que são fruto mais de nossa mente, fértil como esterco de vaca, do que propriamente da vontade soberana de Deus. Quem os inventou?

Deus não quer nossos cultos apoteóticos, “hollywoodianos”, que buscam angariar cada vez mais gente – e dinheiro (ou vice-versa) – para os “nossos” templos, atendendo mais ao apelo das massas que ao de Deus!

Aliás, Deus não quer, inclusive, esses tais “nossos templos”, suntuosos (ou não) de dar inveja em Salomão (ou não)! Quem, afinal, os pediu?

A quem queremos impressionar com tudo isto?

Deus não quer nossos cultos de mensagens fofinhas, cores-de-rosa e doces, que não confrontam o pecado do homem e não o levam ao arrependimento genuíno, tornando a porta do Reino de Deus tão larga quanto às comportas de uma represa!

Deus só quer a simplicidade de um coração de criança, que Lhe obedeça sem questionamentos, desculpas ou explicações!

Deus não quer novidades, inovações, invenções!

Deus só quer o mesmo, o de sempre, aquilo que Lhe agrada.

Deus quer que Lhe ofereçamos aquilo que Ele mesmo pediu!

É o que importa, de fato, para Ele. Ou seja:

“Importa antes obedecer a Deus que aos homens”
(Atos 5:29)

Lembremo-nos, entretanto, que essa palavra, “homens”, diz perigosamente respeito a nós também.

O EVANGELHO NA CHINA

Antes, se você não gosta de meus artigos longos, sente preguiça de lê-los ou coisa parecida, tudo bem, nenhum problema.

Mas vou avisando que você tem muito mais motivos para não ler este aqui então.

Sim, porque, além de grande, e muito, ele é inquietante e pertubador.

Ou seja, não há lugar para preguiça aqui.

Por isto sugiro que volte outra hora - se houver outra hora mais conveniente para você - ou procure outro lugar que lhe satisfaça melhor aos anseios.

Recebi este artigo hoje, por e-mail, do meu querido irmão e amigo Bruno Giordano Corrêa, discípulo amado do Senhor.

É do site Mídia Sem Máscara, mas foi publicado originalmente no Voz dos Mártires.

Os grifos dentro do texto, em azul, são do blog.

Polícia chinesa fotografa tortura de cristãos
por VdM em 24 de agosto de 2004


Resumo: Além de terem de prestar lealdade total ao partido comunista e sua "igreja", renegando sua fé, os cristãos chineses são corriqueiramente perseguidos e torturados, como demonstrado pelas fotos publicadas pelo MSM.

© 2004 MidiaSemMascara.org

As fotos desta matéria (ao final), que mostram cristãos chineses sendo interrogados e torturados, nos foram enviadas, junto com toda a documentação, por um dos nossos contatos, uma pessoa da mais absoluta confiança da VdM. Os nomes dos policiais e dos cristãos foram devidamente verificados. O fotógrafo, um “membro do partido”, garantiu aos policiais que as fotos seriam enviadas aos seus superiores como prova do seu “trabalho consciente e dedicado”, com a possibilidade até de uma “promoção”. Observe que a maior parte destes crentes está usando roupas de passeio. Eles foram torturados porque estavam reunidos para o culto fora da igreja estatal do MPTA. Os cristãos chineses que contrabandearam estas fotos nos explicaram que a tortura de cristãos na China é um fato corriqueiro. O fotógrafo está escondido e deverá permanecer assim por vários anos.


Era uma noite de maio de 2001. A irmã Ma e sua família dormiam tranqüilamente, quando a polícia da Segurança Pública invadiu a sua casa levando-a presa, juntamente com o filho e a nora. O neto de cinco anos ficou sozinho em casa, sem ninguém para cuidar dele. Uma vizinha, amiga e irmã em Cristo, de 27 anos, chamada Yu Zhongju, que foi ver o que estava acontecendo na casa, acabou também sendo presa.

Segundo os membros da igreja-domiciliar da irmã Ma e informações enviadas da prisão, dezenas de membros de várias igrejas foram aprisionados naquela mesma noite e espancados com cassetetes, agredidos com cassetetes elétricos e queimados com cigarros. Se desmaiavam, eram reanimados com baldes de água fria. Os interrogadores pisavam os dedos dos homens e tiravam as roupas das mulheres mais jovens e abusavam delas. “Eles deram choques com cassetetes elétricos no meu corpo inteiro”, disse a irmã Ma, tentando conter as lágrimas. “A intenção deles era nos humilhar”. Outros detalhes sobre a prisão de irmã Ma foram recebidos pelo repórter do New York Times, Nicholas Kristof, que, na edição de 26 de novembro de 2002, noticiou que a polícia de uma região remota da China havia prendido e interrogado uma mulher chamada Ma Yuqin, mas sem qualquer sucesso. Kristof escreveu: “Ela foi torturada com surras e choques elétricos, mas resistiu com bravura. Mesmo quando esteve perto de ser morta, ela não revelou os nomes dos membros da sua congregação nem assinou a declaração renunciando a fé cristã”. A tortura física foi quase insuportável, mas a tortura mental foi ainda pior. Ao mesmo tempo em que era submetida a todo aquele sofrimento, Ma Yuqin podia ouvir o seu filho sendo torturado na sala ao lado. Eles podiam ouvir os gritos um do outro.

Um incentivo extra para tentar fazê-la trair seus amigos e a sua fé. Ao lembrar-se destas coisas, Ma Yuqin começou a soluçar. “Ele queriam que eu ouvisse os gritos (do meu filho)”, disse ela. “Aquilo me dilacerava o coração”. Segundo fontes da VdM, a irmã Ma foi espancada quase até a morte no centro de detenção. O jornalista Kristof teve a oportunidade de verificar o que a VdM vem noticiando nos últimos trinta e seis anos: Este tipo de tratamento tem sido comum na China há mais de meio século. Cidadãos - cujo único crime é adorar a Deus - são queimados com cigarros, espancados com cassetetes e martirizados por causa de sua fé.

“Perseguição bom para a igreja”

Depois de ler inúmeras histórias como a da irmã Ma, alguém poderá começar a questionar se o cristianismo na China tem alguma perspectiva e oportunidade de sobrevivência. Esta pergunta estava claramente na mente de Kristof, quando ele escreveu: “Uma das ironias do cristianismo na China é que apesar da total liberdade que tiveram milhares de missionários de evangelizar na primeira metade do século vinte, foi insignificante a marca que deixaram. Hoje, porém, com os missionários estrangeiros banidos e a igreja subterrânea perseguida, o cristianismo na China está florescendo com dezenas de milhões de crentes”. De fato, em 1949, havia somente 834.000 protestantes chineses. Em 1982, esse número estava estimado em 35 milhões de cristãos. Em 1987, subiu para 50 milhões e, em 1991, para 63 milhões de protestantes e 12 milhões de católicos. Hoje, até a igreja oficialmente registrada no Movimento Patriótico da Tríplice Autonomia e no Conselho Cristão da China admite que o número de cristãos naquele país é de mais de 15 milhões. Mas para cada pessoa que congrega na igreja do MPTA, há pelo menos seis ou sete crentes que oferecem o culto a Deus em suas próprias casas ou nas “igrejas-domiciliares”. É difícil precisar quantos cristãos participam destas igrejas-domiciliares. Em 2000, um relatório extra-oficial dizia haver aproximadamente 80 milhões de crentes no movimento da igreja-domiciliar. Dá para ver claramente que a principal corrente do cristianismo protestante da China está no movimento da igreja-domiciliar. A maior concentração de cristãos é nas províncias de Henan na Região Central e Zhedjiang na Região Leste da China, ao sul de Xangai. Dez por cento em média da população destas províncias são cristãos. Nas aldeias, quase metade da população é de cristãos. Hoje o evangelho se espalha por todas as províncias por meio dos evangelistas itinerantes. Até entre as províncias menos alcançadas, como as províncias de Diangcsi e Hunan na Região Central da China e entre as de fronteiras como as de Heilongdjiang, Mongólia Interior, Ningcsia (Islâmica), Csindjiang, Qinghai, Yunnan, Guangcsi, etc., foram plantadas igrejas-domiciliares, e elas estão engajadas no evangelismo local. O crescimento do movimento cristão começou a acelerar a partir do massacre da Praça Tiananmen (da Paz Celestial), em 4 de junho de 1989. Na área de Nantchang, por exemplo, um jornal comunista noticiou que em certo município, chamado Tchincsien, havia vinte crentes em 1984, mas este número cresceu para seis mil em 1991. Por que o cristianismo cresceu tão rapidamente na China? Um dos pioneiros do atual movimento das igrejas-domiciliares, Pastor Samuel Lamb, passou 20 anos em vários presídios chineses por causa de suas atividades evangelísticas clandestinas. Ele explicou aos representantes da VdM que enquanto o governo tenta destruir a igreja não registrada intensificando os seus esforços para suprimi-la, o resultado é exatamente o contrário: A igreja continua a crescer rapidamente na medida em que o governo comunista intensifica a perseguição contra os cristãos. A perseguição é o combustível que alimenta as chamas do avivamento. “Antes de eu ser preso, a minha igreja tinha só 200 membros. A primeira vez que saí da cadeia, descobri que a igreja tinha crescido para 900 membros! Depois o governo veio e confiscou (livros e equipamento) a igreja. Antes do confisco, éramos 900 membros. Depois do confisco, a igreja cresceu para dois mil membros!” O velho pastor abriu um largo sorriso, piscou um olho, olhou nos olhos do nosso representante e exclamou: “Perseguição bom para igreja!”.

“A dor era tanta que eu comecei a gritar. Em seguida, ele pegou o pano que usava para lustrar os seus sapatos, enfiou na minha boca e o deixou lá por quase três horas”.

Lamb diz que a igreja chinesa cresce rapidamente, porque é perseguida. E ela é perseguida, porque os crentes chineses são firmes na defesa da sua fé. O texto áureo da apologética cristã é 1 Pedro 3.14b,15: “Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados. Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder (apologeo) a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito”. Pedro nos exorta a defender a fé, a santificar o Senhorio de Cristo, especialmente no contexto de perseguição e sofrimento, que já acontecia com freqüência no seu tempo. Pedro orienta os cristãos a não temerem nem se amedrontarem com intimidações, agressões, torturas ou até mesmo prisão. Foi esta atitude que tomaram os crentes da igreja-domiciliar chinesa. A resposta deles é uma demonstração do tema central da apologética cristã, tanto defensiva quanto ofensiva. Defensiva, por causa de sua disposição de sofrer e morrer por Jesus e de amar os seus torturadores. São atitudes que mostram a realidade do Senhorio de Cristo e o amor de Cristo por amor ao evangelho. Estas atitudes são também bastante ofensivas, porque, ao reconhecer Cristo como seu único Senhor, estes discípulos perseguidos de Jesus ofendem todo sistema de fé que crê de outra forma. Esta se tornou uma das razões mais importantes para a sua perseguição. Desde 1949, a história da igreja na China tem sido de perseguição e sofrimento. E precisamente por passar por diferentes estágios de sofrimento e perseguição, a igreja da China se transformou de uma tímida igreja institucional “de cores estrangeiras” numa igreja intrépida, nacional, não institucional, e mudou a sua característica de igreja dependente de missões para uma igreja missionária independente. É uma igreja que tem percorrido o caminho da cruz, seguindo os passos do seu Senhor: traição, julgamento, humilhação, abandono, sofrimento, morte, sepultamento, ressurreição e o dom do Espírito do Pentecoste. O perfil histórico da igreja sofredora na China de fato lembra o rosto do Servo do Senhor, que sofreu por ela.

O modelo tradicional do relacionamento igreja-estado na China é a supremacia do estado sobre a religião. Na China tradicional, o imperador detinha o mais alto poder. Hoje, este modelo de supremacia do estado e ortodoxia oficial persiste na China como estado socialista totalitário. Ou seja, não há uma separação entre igreja e estado como entendemos no ocidente. A igreja é obrigada a viver de acordo com as políticas religiosas do partido comunista chinês (PCC) e as ordenanças legais do estado. O estado tem a sua própria ortodoxia, que são o marxismo, o leninismo e o pensamento de Mao, que o partido busca propagar (depois do 15º Congresso do PCC, foi acrescentado o pensamento de Deng Xiaoping). Todas as demais ideologias e crenças são consideradas “heterodoxas” (que se afastam das crenças aceitas). As atividades religiosas realizadas fora do controle do estado não são apenas consideradas heterodoxas na ideologia, mas também “ilegais” e, portanto, passíveis de processo criminal, que é uma forma legalizada de perseguição. As igrejas-domiciliares que se recusam a se cadastrar com o estado e que, portanto, conduzem suas atividades fora do Movimento Patriótico da Tríplice Autonomia (esfera de controle), entram nesta categoria de “atividades religiosas ilegais”; e algumas das igrejas-domiciliares organizadas ativas na expansão evangelísticas são rotuladas de “grupos sectários” e os alvos preferidos dos ataques do estado (Nota do Editor: As organizações norte-americanas de filantropia não são obrigadas as se registrar. Elas só o fazem para desfrutar os benefícios de isenção de impostos).

O Lugar do MPTA

A constituição da China declara que os cidadãos chineses gozam de liberdade religiosa. Esta liberdade não inclui, porém, o direito de propagação fora dos locais estabelecidos para atividades religiosas, nem o direito de estabelecer igrejas de acordo com a convicção religiosa de cada um. Após o colapso da União Soviética e dos países comunistas do Leste Europeu, o partido comunista chinês deu início a uma política restrita de controle, implementando diversos sistemas em nome de “tornar a religião compatível com a sociedade socialista” (Diário Popular, 14 de março de 1996). Segundo o entendimento de um funcionário da Secretaria de Assuntos Religiosos (SAR), “compatível” significa que a religião é subordinada ao socialismo (Zong Djiao Gong Zuo Tong Csun, março de 1996, p.31). (A SAR é o órgão do governo encarregado de todas as organizações patrióticas religiosas, através das quais o partido comunista executa a sua política religiosa.) Significa dizer que algumas doutrinas e ensinos éticos religiosos devem ser usados na promoção da construção socialista depois de as religiões terem sido reformadas: Todos os elementos negativos são eliminados e toda religião está disposta a se colocar debaixo da direção do partido comunista chinês. Falando de maneira mais concreta, o resultado de tal compatibilidade com o socialismo é que somente determinados profissionais religiosos “patrióticos” (com certificados de pregador conferidos pelo partido comunista chinês) terão permissão para ensinar os ideais de amor e espírito sacrificial, em vez de pregar os ensinos da Bíblia sobre a Grande Comissão, a Redenção, os Últimos Dias e a guerra espiritual. O governo chinês acredita que a única esfera para a ação cristã protestante é o Movimento Patriótico da Tríplice Autonomia, uma das “organizações patrióticas”. O Movimento Reformista da Tríplice Autonomia foi estabelecido pelo Estado em 1950 e formalmente organizado como o Movimento Patriótico da Tríplice Autonomia em 1954 (MPTA). Sua função é ajudar o governo a implementar a política religiosa. O MPTA se reporta à Secretaria de Assuntos Religiosos, que aprova registros, indicação de funcionários pastorais, treinamento de líderes e vigilância financeira. Por exemplo, numa igreja do MPTA, quando o pastor ficou doente, a Secretaria de Assuntos Religiosos aprovou um não cristão, um ateu, para pregar no lugar dele. O pastor não pode voltar a pregar enquanto o seu substituto estiver pregando. Quando ele estiver bem e apto a pregar novamente, seu substituto deixa de pregar.

O Lugar das Igrejas Domiciliares

Igrejas-domiciliares que se desenvolveram através do evangelismo itinerante ou do crescimento espontâneo da igreja são consideradas ilegais e obrigadas a se registrar na SAR. Um dos requisitos para o registro é ter um líder pastoral aprovado pelo MPTA, que, por sua vez, precisa pegar a aprovação da SAR. Outros requisitos incluem um determinado número de membros, a organização de um conselho da igreja e uma razão convincente de que a igreja é necessária. Normalmente, quando uma igreja-domiciliar se registra na SAR, ela precisa se afiliar ao MPTA. Apesar da declaração de um funcionário da SAR de que a igreja não é obrigada a se filiar ao MPTA ao se registrar, não é o que realmente acontece. Se a igreja-domiciliar não se registrar na SAR nem se filiar ao MPTA, seus líderes são avisados das conseqüências. Se eles se recusam a obedecer, são proibidos de continuar realizando os seus cultos, seus líderes são presos e enviados para campos de trabalhos forçados ou, em alguns casos, são multadas. Em 1996 e 1997, vários líderes da igreja foram presos porque se recusaram a se registrar e filiar ao MPTA. O caso mais conhecido é de Csu Yongtsé, preso desde 16 de março de 1997, e sentenciado a 10 anos de prisão em outubro do ano passado. Outro caso, que não recebeu tanta publicidade, é o de Yan Defeng, líder de uma igreja-domiciliar no município de Heshui, Província de Gansu. Agentes da Secretaria de Segurança Pública molestaram Yan durante mais de quatro anos. Da primeira vez que foi preso, em junho de 1995, acorrentaram-no a um cano de aquecimento e o forçaram a revelar os nomes dos membros de sua igreja-domiciliar. Na tarde do Domingo de Páscoa de 1997, a polícia da SSP invadiu abruptamente a casa de Yan, quando ele e mais dezoito cristãos celebravam o culto. Os agentes da SSP confiscaram Bíblias, hinários e outros materiais cristãos e levaram quatorze crentes para a cadeia. Sete ficaram detidos por seis horas e depois foram liberados. Os outros cinco só foram liberados depois de pagar uma multa. O irmão de Yan, Dehui, ficou detido por quinze dias. Yan pegou 53 dias de detenção sem julgamento nem qualquer explicação.

Por Que as Igrejas-Domiciliares Não Querem Se Registrar Nem Se Filiar ao MPTA

A inimizade entre as igrejas-domiciliares e o MPTA está profundamente enraizada na história da igreja da China desde 1950. Durante a década de 50, os cristãos puderam testemunhar como o governo se utilizou do MPTA para destruir tanto a igreja institucional estabelecida pelas missões ocidentais como as igrejas nacionais fundadas pelos crentes chineses. Durante a reforma pastoral do Movimento Grande Salto Para o Futuro, os pastores que não se dobraram ao autoritarismo do estado foram aprisionados - alguns por décadas. Muitos foram presos durante este período graças à traição de pastores do MPTA. Atualmente, em muitos casos, pastores do MPTA agem como informantes do governo infiltrados nas igrejas-domiciliares, colaborando para a prisão de líderes e outros membros. Para as igrejas-domiciliares, portanto, o MPTA não passa de uma agência do governo. Os líderes das igrejas-domiciliares não aceitam o MPTA nem o CCC (Conselho Cristão da China) como representantes autênticos da igreja chinesa. Conseqüentemente, é difícil para eles se reconciliar com os seus traidores que continuam a traí-los.

Em segundo lugar, ao se registrar com o governo e se filiar ao MPTA, a igreja passa a ter as atividades limitadas ao culto de domingo. Até as reuniões de oração das quartas-feiras e as reuniões nos lares são proibidas. O pastor de igreja do MPTA é obrigado aplicar esta exigência ao seu próprio rebanho, o que, para um pastor evangélico, é uma coisa muito difícil. No coração, ele quer que sua igreja cresça e que as pessoas tenham os seus grupos de estudos bíblicos. Uma vez afiliado ao MPTA, ele perde a liberdade de pastorear o seu rebanho segundo a direção do Espírito Santo. Por isso, ele prefere correr o risco de ser preso a perder a liberdade espiritual.

Terceiro, depois que se registra e se filia ao MPTA, a igreja não pode mais evangelizar nem designar outros locais de culto fora dos seus limites físicos. Mas as igrejas-domiciliares estão comprometidas com o evangelismo e desenvolveram sistemas bem sofisticados de treinamento de evangelistas itinerantes e o se conseqüente envio às províncias fronteiriças e vizinhas aonde o evangelho ainda não foi pregado. Se elas se filiam ao MPTA, são obrigadas a desistir do evangelismo, que é a parte mais importante do seu cristianismo. Portanto, a questão que fica é: evangelizar ou não evangelizar? As leis da terra são claramente contra a expansão da igreja através do evangelismo. Os membros da igreja-domiciliar chinesa crêem que o seu dever é se esforçar pelo cumprimento da Grande Comissão. Na questão do evangelismo, portanto, eles preferem obedecer a Deus e não aos homens (Atos 5:29).

Finalmente, a razão mais importante por que as igrejas-domiciliares se recusam a se registrar e se filiar ao MPTA é a sua crença no Senhorio de Cristo sobre a igreja. “Quem é o cabeça da igreja: Cristo ou o estado?”, perguntam eles. Para MPTA o estado é a suprema autoridade nos assuntos da igreja. As igrejas-domiciliares estão determinadas a obedecer a Cristo, mesmo que esta obediência lhes traga sofrimento, porque eles preferem “trilhar na vereda cruz” a obedecer a um poder estatal ateu que procura impedi-los de servir a Cristo. Estes bravos crentes passaram a esperar perseguição, porque são discípulos de Cristo e não de Mao nem dos líderes do partido comunista chinês. Eles sabem que, assim como ao apóstolo Paulo, lhes “foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele” (Filipenses 1:29,30). Por que os nossos irmãos e irmãs chineses suportam tamanha agonia sem qualquer vislumbre de solução ou salvação física? Eles sabem que vão vencer no fim, como a anciã chinesa sobre quem noticiamos no ano passado, que todas as manhãs era obrigada a se perfilar do lado de fora da sua cela. Em vez de gritar com as demais prisioneiras, “Comunismo é bom!”, ela gritava: “Jesus é melhor!” E era, então, obrigada a fazer flexões de braço como castigo. Milhões de crentes chineses vitoriosos proclamam: “Jesus é melhor!”.


Nas duas fotos acima, o policial da República Popular da China está “cumprindo a lei” torturando Aizhen Miao, uma crente da igreja-domiciliar.
Ela é obrigada a ficar ajoelhada em cima de um tijolo, enquanto ele lhe aplica choques na boca com um cassetete elétrico.
O local é a delegacia de polícia do distrito de Wen Shu, cidade de Yu Zhou, província de Henan.
O torturador é o policial de 40 anos, Shanlong Meng, da Secretaria de Segurança Pública do distrito de Yu Zhou.

Acima: Junho de 2002
Csikai Huang no centro de detenção de Kaifeng, Província de Henan, pendurado no pau-de-arara.
O policial encarregado da tortura chama-se Yang e mais quatro colegas da SSP.
Após horas de tortura, seus pulsos começaram a sangrar.
Este tipo de tortura foi inventado pela polícia.
Eles o testaram com vários níveis de dor.
Eles deram a este tipo de tortura o nome de “tai djiao zi” (que significa “carregando o imperador”).

Acima: Dong Yun Jiang tem os braços amarrados nas costas.
O local é a delegacia da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do distrito de Qing Feng , Província de Hunan.
O torturador é o policial Dengkun Lu, de 30 anos, da SSP.
Disse a irmã Dong Yun:
“O policial pisava nos meus pés com todo o seu peso e os torcia (foto 1). Era tanta dor, que comecei a gritar. Então ele me amordaçou por três horas com o seu pano de lustrar sapatos (foto 2). Depois, começou a me tocar e fazer avanços sexuais”.


Csiangdong Cai sendo torturado na delegacia de polícia do distrito de Kongzhuang, município de Csiayi, província de Henan, por volta das onze horas da manhã do dia 11 de agosto de 2002.
O torturador, Zongqiang Csie (que se aposentou em março de 2003 e está com 56 anos de idade), é o diretor político da delegacia de polícia de Kongzhuang.
Ele e mais três colegas, entre os quais o vice-diretor, Qiong Yan, participaram da tortura deste cristão, fazendo-o engolir água à força.


Nota do Editor VdM:
A maior parte deste artigo foi extraída de duas palestras proferidas pelo analista da China, Bob Fu. Bob e sua esposa, Heidi, são os cristãos chineses que estiveram presos em Pequim por realizar estudos bíblicos à noite com estudantes universitários. Durante o dia, Bob ensinava inglês para altos funcionários do partido comunista. O casal vive agora com os filhos nos Estados Unidos. Bob é assessor da VdM para assuntos sobre a China e no primeiro semestre de 2004 estará como professor convidado na Universidade Wesleyana de Oklahoma dando aulas no programa de B.A. sobre missões e a igreja perseguida. Ele está concluindo o seu curso de doutorado (Ph.D.) no Seminário Teológico Westminster em Filadélfia.

"QUAL O SEU PREÇO?"

Um jargão popular e famoso diz que a prostituição é a mais antiga das profissões.

Sendo assim, já nos acostumamos com ela.

Ou talvez não.

Uma pergunta simples: porque uma mulher que vende o seu corpo na rua é vergonhosamente uma prostituta, e uma mulher que vende o seu corpo na TV é admiradamente uma atriz?

Qual a diferença?

A mulher da rua se vende a qualquer um, por poucas moedas, e satisfaz-lhe os desejos.

A mulher da TV se vende igualmente a qualquer um, mas esta, por muitas moedas, e satisfaz, do mesmo modo, aos desejos lascivos de quem as busca.

A primeira é meretriz.

A segunda é atriz.

Para mim não há qualquer distinção, senão a presença física, o que para uns é que seja talvez essencial para diferenciar.

Mas não é o que diz sua própria definição.

Segundo o
Houaiss, a prostituição é “o ato ou efeito de prostituir ou prostituir-se; atividade institucionalizada que visa ganhar dinheiro com a cobrança por atos sexuais (...)”.

Por meretrício, o mesmo dicionário diz: “Relativo a, ou próprio de meretriz; o comércio, a venda do corpo; profissão da mulher que mercadeja o seu corpo (...)”.

É do que compactua também o Dicionário Aurélio.

A característica mais marcante da mais antiga das profissões é, portanto, o sexo por dinheiro.

Dinheiro que move e patrocina as cenas sugestivas das novelas, dos filmes, dos comerciais da TV, as capas das revistas, etc, onde homens e mulheres se insinuam uns aos outros, e a quem mais os assistam, "vendendo", sim, seus corpos a qualquer um.

A prostituição não está apenas nas esquinas das grandes cidades, mas, se encontra também, embora sutilmente, nas grades de programação das TV’s, e nas colunas das revistas, que compramos e com o que nos entretemos.

E assim nos prostituímos também.

Sim, porque prostitutos e prostituídos se misturam neste jogo de sedução infernal.

Onde um não existiria sem o outro.

Ambos se precipitam abraçados (quando pouco), portanto.

Muito mais difícil do que acabarem-se os prostitutos e prostitutas, é ver acabados os prostituídos e prostituídas. Aqueles que buscam estes “serviços”, eu digo.

Assim, eu não me iludo, pensando que a prostituição um dia vai acabar.

Aliás, a Igreja não precisa que ela acabe.

Só precisa ser Igreja, santa e imaculada.

Mas dar nomes aos bois.

Devidamente.

FORA DO AR!


ESTIVEMOS FORA DO AR.

VOLTAMOS (OU TENTAREMOS VOLTAR) À NOSSA PROGRAMAÇÃO NORMAL.