A GRAÇA E A DESGRAÇA DA RELIGIÃO


A religião é uma idéia de Deus. Mas talvez tenha sido também a grande descoberta que o diabo fez em todos os tempos, depois do fruto proibido no Éden, é claro.

Penso que depois da vergonha do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pelo qual satanás conseguiu fazer com que homem e mulher passassem no Jardim, nenhuma outra conquista dá a ele tanta realização e resultado quanto a desgraça da religião.

Como mera ideologia, filosofia ou prática ortodoxa, a religião é uma praga, disseminada entre os povos, e uma afronta pessoal a Deus, que é Quem mais “sofre” com tudo isto.

Não que Deus, em Si mesmo, possa ser lesado em alguma coisa, ou perder algo. Deus é pleno e nada Lhe pode ser subtraído, de fato.

Mas a religião torna Deus um ser platônico, surreal, impessoal e frouxo.

Isto partindo do pressuposto de que falamos de um mesmo Deus. Sim, porque até disto a religião é capaz: inventar “deuses”, outros, e dar a eles o mesmo nome – Deus – como se tantos houvesse, e – muito pior – reivindicando para “cada um” a mesma identidade, dizendo que todos, ao final, dizem respeito a um só.

Pois eu digo então que inda que falássemos de um só, pela religião, ou melhor, pelas religiões esse “Deus” é um bocó. Trata-se de um deus lerdo, sem princípios definidos, sem fundamentos, mais fraco que o homem, carente, mesquinho... Enfim, um DEUS BOCÓ mesmo.

E isto é algo de que o diabo se orgulha muito.

A religião dá aos homens status de religiosos, de piedosos e, quando estão em seu mais alto grau de fidelidade, de praticantes, mas, em tudo isto, tanto um (homem) quanto o outro ("Deus") são nada menos que nada.

O homem, conformado de ter o seu “Deus”, nada mais faz, senão dizer que “crê em Deus”. E “esse Deus”, que não existe mesmo, não reclama de nada, não se importa com nada, e acha tudo normal, tudo bem.

Na escola dos idos primários, nossos professores de Educação Religiosa nos ensinaram que “Religião” é do latim religare, que significa o ato do homem se ligar novamente a Deus.

Ótima definição! Mas péssima iniciativa!

Porque a grande desgraça da humanidade está em exatamente não entender que o contrário, para Deus, é que tem sentido e significado reais. Não é o homem que se “religa” a Deus, mas Deus é Quem promove e executa essa ação.

É esta inversão de valores que tornou Deus um ser dispensável para o processo de existência humana, e, não menos catastrófico, substituível por uma simples consciência limpa e/ou uma conduta moral mediana. É no que se resume a religião dos homens.

Ora, Deus é católico? Deus é espírita? Deus é muçulmano? Deus é evangélico?

Deus não é nada disto. Deus é ANTES de tudo isto.

Pois então, com a mesma presteza de raciocínio, respondam-me: de que adianta ser católico, espírita, muçulmano, evangélico ou qualquer outra coisa? É o bastante ter uma religião?

Ora, mas é claro que não!

A primeira coisa que a religião, seja ela qual for, faz é definir a Deus. Cada uma delas tem o “seu Deus”, com muitas características diferentes, e – não raro – até contradizentes. Isto criou e continua criando um “leque de opções” enorme.

Deus, hoje em dia, pelo menos em tese, ainda é um só (embora tenha diferentes nomes, formas e personalidades por aí). É isto, pelo menos, o que se defende.

Mas, na prática, ou “Deus” vive uma crise de identidade sem precedentes, sem saber direito o que quer, ou “ele” é um banana mesmo, que tolera tudo, aceita tudo e não tem escrúpulos.

Um exemplo de que “Deus”, na religião, é um ser completamente despersonalizado, está nos conceito, nos dogmas que são defendidos “em nome de Deus”. Senão vejamos:

Para uns, todo mundo vai para o céu; basta morrer. Para outros, o segredo é viver e bastante! Às vezes, muitas vidas até.

Há aqueles que dizem que somente eles vão para o céu. E outros têm certeza que não vão.

Tem os que dizem que o céu será aqui, e os que afirmam o contrário: será lá! Enquanto para outros, não há sequer um céu acolá. Sobre o inferno, idem.

“A saia tem de ser lá embaixo, pra lá do calcanhar.”

“Não, o que importa é o coração!”

E em tudo isto, “Deus” está.

E, às vezes, não está, estando...

Sim, porque a diversidade é tanta que tem lugar também para aqueles que não falam em Deus, falando. Aqueles que crêem em Deus, não crendo. Uma espécie de “fé incrédula” ou “incredulidade crente”. Esta é, embora não se admita, uma religião também, a qual eles chamam “Ateísmo”.

Lá, “Deus” não tem este nome. Ele sequer tem um nome lá. Se você perguntar, a resposta é sempre “Deus não existe”. Ora, mas como não existe se se fala n’Ele?

Imagine algo que não exista. Agora afirme que não exista! É possível isto? Se não existe, não há como imaginá-lo para negar sua existência. Se não existe, não há sequer como imaginá-lo! E para que negá-lo, se não existe? Aliás, negar o quê?

O mínimo que essas pessoas deviam fazer é dizerem que crêem num “Deus Ausente” então, e este seria o seu nome (muito mais propício), como há tantos outros, em tantos outros lugares, e que não admiti-lo é seu dogma, sua doutrina.

Mas é bem provável, entretanto, que, num momento de distração deles (porque é impossível que consigam estar sempre concentrados nesta bobagem, sem nunca desviarem a atenção ou divagarem fortuitamente pelos pensamentos normais dos homens sensatos), é bem provável, repito, que você os pegue dizendo (ainda que a si mesmos): “Sou ateu... graças a Deus!”.

Convenhamos, gente: para não se crer em Deus é preciso ter muita, muita fé!

Mas a religião é capaz de aberrações assim também.

O homem não pode, por seu próprio esforço, ligar-se novamente a Deus, porque, simplesmente, seu esforço denotará merecimento, o que faz de Deus um mero recompensador, menor que o homem, portanto.

O esforço do homem implica em exercício voluntário e intenso de sua própria vontade, e isto é absolutamente adverso a tudo o que Deus mesmo planejou e sempre requereu do homem, que é, nada mais que, dependência total d’Ele.

E o dependente não exerce vontade própria.

Assim, o homem não pode (e não vai), em momento algum, conseguir restaurar, por si só, o vínculo quebrado com Deus, por que, paradoxalmente, o esforço humano faz exatamente o contrário do que o vínculo original pretendia.

Este foi o vínculo quebrado e, obviamente, só será restaurado quando esta dependência irrestrita for reconquistada pelo homem junto a Deus.

No meio do fogo cruzado das muitas opiniões, dogmas, valores, princípios, conceitos e ideologias, Deus segue acompanhando tudo, mas de fora, Incorruptível e Imutável.

O homem, por sua vez, vai morrendo aos poucos, enquanto segue satisfeito com seu estado religioso ou anti-religioso, como o queiram, praticante ou não. Como diria uma famosa propaganda de cigarros, “cada um na sua, mas com uma coisa em comum”, qual seja: todos se julgam ter uma porçãozinha que seja da razão. Entretanto, assim como a gota de água do mar está longe de ser o próprio mar, embora tenha a ver com ele, essas filosofias não podem representar a Deus plenamente.

Mas há Alguém, entretanto, que pode: Jesus.

“ ... desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra...”
(Efésios 1:9,10)

“... (Cristo) em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos”
(Colossenses 2:3)

“... porque nele (Jesus) habita corporalmente toda a plenitude da divindade...”
(Colossenses 2:9)

“Ele (Jesus) é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser...”
(Hebreus 1:3a)


Há ainda um texto mais, em II Coríntios 2:18,19 que diz:

“Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”

Que vem a ser isto senão a RELIGIÃO em sua definição mais etimológica e aspecto mais prático possível?!

Vejam que maravilha! Deus, não nós, se religou ao homem (claramente expressado nas palavras “reconciliou”, “reconciliação” e “reconciliando”). Então, se há verdadeira religião, ela não é outra senão que Cristo nos religou a Deus!

Podem contra-argumentar que isto é mera especulação, uma convenção. Mas uma análise mais sincera resultará, na realidade, em uma maravilhosa constatação.

Jesus nunca fez a Sua própria vontade e sim a de Deus. O exemplo mais clássico disto é quando estava no limiar da morte, no Jardim do Getsêmani, e orou, revelando a Deus, o que Sua vontade queria, mas pedindo, sobretudo, pela do Pai.

Isto porque Ele sabia (e como!) que Deus pretendia restaurar o vínculo quebrado com o homem, qual seja, o de ele depender de Deus (vínculo este quebrado exatamente quando este homem escolheu fazer a própria vontade no Éden). E recusou-Se a cometer o mesmo erro.

Fez a vontade do Pai, em detrimento da Sua.

Jesus não foi apenas um profeta, um líder espiritual, um guru ou um mestre, como o chamam. Ele não tinha características que o credenciassem a isto. Ele afirmava veementemente que era o Filho de Deus e, ainda mais impressionante, o próprio Deus! Ora, isto só fazia d’Ele uma entre duas possibilidades: ou louco, ou Deus.

Ou Ele era um maluco desvairado que Se auto-afirmava Deus, ou Ele só podia ser mesmo o próprio Deus. E quem quer que O considere, ainda que, no mínimo, como personagem histórico, tem de escolher entre essas duas alternativas apenas.

Além de tudo, se era um louco, o que O faz ter, por parte dos homens, tanta projeção e crédito como sempre os teve? Nunca conheci nenhum louco que fosse tão intrigante, tão influente e tão proeminente como Ele. Nunca vi uma loucura tão lúcida, na verdade! Veja as coisas que Ele falou! Leiam Seus discursos! Não há nada tão contundente e inquietante.

E por este louco, dividiram a história, vejam só! Realmente não dá pra entender. Quem será realmente louco: Ele ou nós?

Nem os fundadores das religiões, nem as grandes mentes pensadoras de nossa história conseguiram feito semelhante. Quem é este Homem? Um louco?

Bem, quem quiser arriscar-se que se arrisque!

Quanto a mim, não! Prefiro crer que Jesus é o Filho de Deus, encarnado entre nós, santo e puro, para nos reconciliar com Deus, coisa que o homem e suas religiões jamais serão capazes de fazer.

Por tudo isto, podíamos bem dizer que Jesus é uma espécie de religião, sim, mas uma “Religião de Deus”, onde Ele próprio, Deus, “Se esforça”, em Cristo, para se religar a nós! E só através de Jesus é que eu posso ter acesso a Deus!

Mas, diferentemente do que se possa concluir, nesse jogo de interesses de Deus pelos homens, onde é Ele Quem busca ativa e intensamente reconquistar os homens, enquanto estes, muitas vezes estão passivos e indiferentes, quem perde de fato, quanto mais o tempo passe, são os homens.

O CASTIGO É UMA DEMONSTRAÇÃO DO AMOR DE DEUS*


* Por Aiden Wilson Tozer (1897-1963)

Assim como a cruz está no caminho da obediência, o castigo é encontrado no caminho da desobediência.

Deus nunca castiga um filho perfeitamente obediente.

Considere os pais que temos na carne; eles nunca nos puniram por obediência, mas apenas por desobediência.

Quando sentirmos o aguilhão da vara, podemos ter a certeza que estamos temporariamente fora do caminho certo.

Inversamente, a dor da cruz significa que estamos no caminho.

Mas o amor do Pai não está nem mais nem menos, onde quer que esteja.

Deus não nos disciplina para que possa nos amar, mas porque Ele nos ama.

Em uma casa bem ordenada, uma criança insubmissa pode esperar castigo; e na família de Deus, nenhum cristão descuidado pode esperar escapar dele.

(Excerto retirado dos textos de A. W. Tozer
Livro: Este Cristão Incrível, “That Incredible Christian”
Capítulo 35, “Disciplina e carregar a cruz não são a mesma coisa”)

Oração
Ó, graças, Senhor, por sua persistente e coerente disciplina. Eu não aprendo facilmente, e muitas vezes tenho de reaprender, mas Tu estás me amando pacientemente ao me corrigir.

Texto
"E pois por castigadores tivemos os pais de nossa carne, e a tais reverenciávamos; não nos sujeitaríamos antes, muito mais, ao Pai dos espíritos, e viveremos? Porque quanto àqueles, por pouco tempo nos castigavam, como a eles bem parecia; porém este nos castiga para o nosso proveito, para que de sua santidade sejamos participantes."

(Hebreus 12:9,10, segundo a primeira versão em português do Novo Testamento de João Ferreira de Almeida, ano 1681)

Pensamento
Deus nos disciplina para o nosso bem, para que possamos partilhar de Sua santidade. É a única forma de sempre participarmos dela. Para este fim, Ele nos corrige em amor.

FONTE: Tozer Devotional (http://www.cmalliance.org/whoweare/archives/aw_tozer.jsp).
Postado originalmente em 26 de março de 2008.
Para lê-lo, em inglês, clique aqui.

Do Ecos:

Sou absolutamente suspeito para falar dos livros do Dr. Tozer.

O site onde você pode encontrar alguns de seus devocionais está nos meus Favoritos, aí ao lado. Pena que é em inglês.

Se alguém lê em inglês, pode ir deliciando-se lá, dia a dia.

Para quem não lê, infelizmente, só lhe resta aguardar as vezes que postarei algo aqui, traduzido.

Possivelmente, mal traduzido, inclusive.

TRÊS COISAS QUE APRENDI NO FIM DE SEMANA


Amados,

Passei o fim-de-semana que antecedeu ao feriado de 21 de abril em Montes Claros/MG, cidade de minha querida esposa.

Na manhã de domingo, durante o encontro do grupo caseiro, aprendi três coisas:

1ª) COLOQUE-SE DO OUTRO LADO DA MESA: Cristiano nos lembrou o curta metragem “Geri’s Game”, aquele que antecede ao filme "Vida de Inseto(A Bug's Life, 1998), onde o velhinho Geri joga xadrez consigo mesmo, indo de um lado a outro da mesa, e apresentando dois diferentes comportamentos (se quiser revê-lo, clique aqui). Da mesma maneira, disse Cris, o maior inimigo que temos, somos nós mesmos. Adeqüando isto à nossa realidade, ele concluiu dizendo que, antes de fazermos qualquer coisa, deveríamos nos colocar do outro lado da mesa e vermos se permitiríamos a um outro irmão fazer a aquela mesma coisa, caso estivéssemos presentes. É um exemplo do qual – espero – jamais esquecer.

2ª) O ALIMENTO DIÁRIO, DIARIAMENTE: Salomão, discípulo amado da Igreja em Montes Claros, trouxe uma palavra muito boa, falando de nossa necessidade de nos alimentarmos sempre, a exemplo do café-da-manhã que não sustenta o dia todo, vindo depois o almoço, e depois o lanche da tarde, e depois o jantar à noite, para tudo se repetir amanhã, e dia após dia. Assim é (ou deve ser) nosso “alimentar-se de Deus”. Não podemos viver do que Deus já nos deu apenas. Temos de buscar mais, nos alimentando d’Ele sempre.

3ª) “SE DEUS ME DEU, EU TENHO; SE DEUS NÃO ME DEU, EU NÃO QUERO”*: A Lu (Tia Lu, para os íntimos) pregou essa frase num dos móveis do seu quarto. E agora ela está pregada também no meu coração. “Se Deus me deu, eu tenho; se Deus não me deu, eu não quero“. Fé simples e plena. Gratidão e descanso. Se Deus me deu, está comigo. Se não me deu, é porque não devo ter. E sua vontade é sempre boa, agradável e perfeita. É o tipo de frase que dói aos ouvidos dos “ambiciosos de Deus”, dos “reivindicadores do Reino”, aquela turma do “Senhor, eu exijo isto!”, “Senhor, eu não aceito aquilo”, e etc. Pois que doa! Mas Deus é fiel (no que todos concordamos), independente do que faça ou do que nós achamos que deveria fazer (no que nem todos concordamos).

É isto.

Não bastasse, Mariana, uma de minhas lindas sobrinhas lá, enquanto orava, ainda cutucou: “O Senhor não brinca de ser Senhor. O diabo não brinca de ser diabo. Mas nós, muitas vezes, brincamos de ser discípulos”.

Saí dali cheio de temor em meu coração, e compartilho dele aqui com vocês.

E lembrem-se: nossa indiferença, às vezes, faz muita diferença.

* Corrigido às 17:12 hs.
A Lu corrigiu a frase, e completou-a, já que no grupo caseiro ela não a disse toda. A frase completa é "Se Deus me deu, eu tenho; se Deus não me deu, eu não quero. Eu só quero o Deus quer".

QUÃO POUCOS SÃO OS QUE AMAM A CRUZ DE JESUS*


* Por Thomas a Kempis (1380-1471)


1. Muitos encontram Jesus agora, apreciadores de seu reino celestial; mas poucos que queiram levar a sua cruz. Tem muitos sequiosos de consolação, mas poucos da tribulação; muitos companheiros à sua mesa, mas poucos de sua abstinência. Todos querem gozar com ele, poucos sofrer por ele alguma coisa. Muitos seguem a Jesus até ao partir do pão, poucos até beber o cálice da paixão. Muitos veneram seus milagres, mas poucos abraçam a ignomínia da cruz. Muitos amam a Jesus, enquanto não encontram adversidades. Muitos O louvam e bendizem, enquanto recebem d’Ele algumas consolações; se, porém, Jesus se oculta e por um pouco os deixa, caem logo em queixumes e desânimo excessivo.

2. Aqueles, porém, que amam a Jesus por Jesus mesmo e não por própria satisfação, tanto O louvam nas tribulações e angústias, como na maior consolação. E posto que nunca lhes fosse dada a consolação, sempre O louvariam e Lhe dariam graças.

3. Oh! Quanto pode o amor puro de Jesus, sem mistura de interesse ou amor-próprio! Não são porventura mercenários os que andam sempre em busca de consolações? Não se amam mais a si do que a Cristo os que estão sempre cuidando de seus cômodos e interesses? Onde se achará quem queira servir desinteressadamente a Deus?

4. É raro achar um homem tão espiritual que esteja desapegado de tudo. Pois o verdadeiro pobre de espírito e desprendido de toda criatura - quem o descobrirá? Tesouro precioso que é necessário buscar nos confins do mundo (Prov. 31,10). Se o homem der toda a fortuna, não é nada. E se fizer grande penitência, ainda é pouco. Compreenda embora todas as ciências, ainda estão muito longe. E se tiver grande virtude de devoção ardente, muito ainda lhe falta, a saber: uma coisa que lhe é sumamente necessária. Que coisa será esta? Que, deixado tudo, se deixa a si mesmo e saia totalmente de si, sem reservar amor próprio algum, e, depois de feito tudo que soube fazer, reconheça que nada fez.

5. Não tenha em grande conta o pouco que nele possa ser avaliado por grande: antes, confesse sinceramente que é um servo inútil, como nos ensina a Verdade. Quando tiverdes cumprido tudo que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis (Lc 17,10). Então, sim, o homem poderá chamar-se verdadeiramente pobre de espírito e dizer com o profeta: Sou pobre e só neste mundo (Sl 24,16). Entretanto, ninguém é mais poderoso, ninguém mais livre que aquele que sabe deixar-se a si e a todas as coisas e colocar-se no último lugar.

(Fonte: "Da Imitação a Cristo", ano 1441, Livro II, capítulo 11, pág. 27-28)

Do Ecos:

Excelente livro (Obrigado, Keylla!)

Vivê-lo deve ser ainda melhor.

Mas não será fácil.

1 + 1 + 1 = 1

Há três de nós em nós mesmos.

Três pessoas que atendem pelo mesmo nome, moram no mesmo endereço, trabalham no mesmo lugar, têm a mesma carteira de identidade, título de eleitor, CPF, mas, se vistas por aí, a olho nu, parecem uma só.

As três lêem agora este artigo.

E três o escrevem também.

Quero apresentá-las a vocês.

A primeira pessoa de nós mesmos é a mais comum, a mais popular delas, e que – digamos – normalmente é quem leva toda a fama por todas. Talvez, por isto, ela faz questão de controlar tanto a vida das outras.

Trata-se de nós como os outros nos vêem.

Essa pessoa é a imagem que levamos de nós mesmos em relação aos outros, e é também aquela com o que mais nos preocupamos, e em que mais investimos.

Ninguém quer carregar uma imagem negativa de si mesmo; ainda que a tenha.

Olhe ao redor. Veja as pessoas nas ruas, nas festas, na TV. Olhe, talvez, pra você mesmo.

A vaidade é um deus íntimo.

Muitas vezes, nos vangloriamos de não termos deuses diante de nós. Mas sequer precisamos. Há um, dos bons, dentro de nós.

Esse deus se expressa em nós, através de nossos gestos, reações, atitudes, comportamentos e impressões, mas não gosta muito de mostrar seus defeitos. Suas qualidades, todavia, são elevadas à máxima potência, e não é raro tomar como sua, vez por outra, os louros de uma conquista alheia.

E déspota que é, escraviza-nos.

A outra pessoa trata-se de nós como nós nos vemos.

Essa, às vezes, ainda vemos por aí.

Mas não é muito comum.

Ela é tímida e arredia.

Anda só a maioria das vezes.

Acha (ou sabe) que tem muitos defeitos, e por isto não sai muito na rua.

Se alguém insistir muito em se relacionar com a gente, acaba conhecendo essa pessoa, mais cedo ou mais tarde.

Mas ela teme assustar, chocar, envergonhar os outros, por isto se esconde tanto.

Ainda assim, entretanto, não é tão raro vê-la por aí quanto a nossa terceira pessoa.

Estou falando de nós como Deus nos vê.

Encontrar essa pessoa por aí é realmente tarefa para poucos.

E de poucos.

Esse cara é autêntico, na melhor e mais legítima acepção da palavra.

Suas qualidades são conhecidas, e, muito mais que isto, são bem conhecidas. Ou seja, estão nele na medida certa. É só ir exagerando um pouquinho com ele, pra ele logo dizer: “Opa, peralá! Não é bem assim, não!”.

E não são só suas qualidades que são bem conhecidas, mas, sobretudo, suas falhas, seus erros, seus defeitos.

Se ele for mentiroso, todo mundo sabe. Se for adúltero, todo mundo sabe. Se for ladrão ou homicida, ele diz. Se for tudo isto junto, e outras coisas mais, não tem problema: ele fala!

O cara é transparente mesmo, sincero.

Não preza pela vaidade ou orgulho, não tem medo de se expor. Não tem do que se envergonhar, já que se vê com os olhos de Deus, que o vê daquele jeito, e o ama mesmo assim. Ele se sente amado assim então!

Não tem grandes expectativas quanto a este mundo, pois sabe que Deus não tem qualquer expectativa aqui. Não se importa se alguém se decepciona com ele, porque ele não quer decepcionar mesmo é a Deus. E Deus o conhece e espera que ele seja assim.

Ele sabe que toda a esperança de Deus está concentrada numa só Pessoa, de fato e de verdade: Cristo (Colossenses 1:27).

Por isto diz: “Importa que Ele cresça, e eu diminua.” (João 3:30)

Amados irmãos e amigos, por conveniência pessoal, somos muito mais aquilo que os outros pensam de nós do que qualquer outra coisa.

Entretanto, alguns ainda conseguem revelar-se aos outros como são para si mesmos.

Mas isto ainda é muito superficial.

Deus quer que vamos mais fundo, e sejamos uma Igreja sem mancha e sem ruga, sim, mas também sem máscara.

Aliás, Deus não quer de nós nada menos que Jesus, e não exige de nós nada que não tenha, Ele próprio, exigido de Si mesmo.


Tende em vós
O mesmo sentimento
Que houve em Cristo Jesus
,
O Qual, subsistindo em forma de Deus,
Não considerou o ser igual a Deus,
Coisa a que se devia aferrar.
Antes a Si mesmo Se esvaziou,
Assumindo a forma de servo,
Tornando-Se em semelhança de homens,
E reconhecido em figura humana,
A Si mesmo Se humilhou,
Tornando-Se obediente até a morte,
E morte de cruz...”

(Filipenses 2:5-8)


A verdadeira piedade, da qual Deus se alegra e que deseja de nós, está em nos esforçarmos sobremaneira para fazer com que essas nossas três pessoas se convertam numa só, confundindo-se.

“Você é aquilo que você faz quando não tem nada pra fazer” (Ivan Backer)

“Segue a sinceridade. Sê o que pareces ser” (Thomas Watson)

MAS, O QUÊ?


O primeiro pensamento sadio que deveríamos ter ao pensar em Deus é: Ele é diferente.

Seríamos mais prudentes e cuidadosos ao falarmos d’Ele, certos de que qualquer conceito nosso a Seu respeito pode incorrer num erro comum (e crucial!): o de incluí-Lo na mesma classe de coisas e seres da que faz parte a nossa vida, e dar a Ele – indevidamente – a mesma definição que damos – devidamente – a tudo o mais que nos cerca.

A conseqüência de fazermos isto é ainda mais grave. Ao pensar em Deus assim, o que se segue é que, fatalmente, serviremos a Deus assim, mas – por Deus não ser assim – acabaremos mesmo é não servindo a Deus, portanto, de fato e por conseguinte.

Devo admitir que, o que acabo de dizer, porém, coloca sob suspeita, inclusive, o que pretendo abaixo.

Mas não me proponho definir a Deus, senão a nós mesmos, e espero levar-nos todos a uma reflexão sobre aquilo que afirmamos saber a respeito d’Ele.

Dou aos contradizentes, entretanto, o direito isoexistencial de não concordarem com o que digo, exatamente como suponho ter deles o mesmo direito de afirmá-lo, dando vida aqui a estas malescritas linhas.

Muito bem.

Após o necessário prefácio acima, e de posse ainda da afirmação inicial, quero dizer que não compreendo bem os contraditos altamente difundidos na Igreja, sempre que lembramos um atributo verdadeiro de Deus. Especialmente quando aquele atributo vai de encontro à relutante obediência de alguém.

Eu explico.

É muito comum entre nós ignorarmos aspectos importantes da essência sobrenatural de Deus para sobrepormos outros, igualmente importantes. Consideramos, sim, algo inegável sobre Deus, mas desconsideramos outras muitas coisas tão verossímeis quanto. E proclamamos um atributo Seu, em detrimento de outros.

Você diz: “Esse sofrimento é por conseqüência do pecado cometido”, alguém lhe diz: “Mas Deus é fiel”. Se disser: “Deus exerce justiça e pune quem não O obedece”, alguém logo retruca: “Mas Deus é amor”. “Deus é tardio em irar-Se”... “Mas é fogo consumidor”. “Deus disse isto”, “Mas também disse aquilo!”.

Daí em diante, segue-se uma disputa, e cada um tenta levantar de Deus Sua bandeira mais conveniente para aquele momento. E guerreiros de exércitos irmãos, degladiam-se entre si, com a mesma arma letal.

Relembrando nossos tempos de colégio, “mas” é conjunção adversativa, e quando a usamos, vamos apresentar em seguida uma idéia contrária, um antagonismo, ou simplesmente algo que julgamos ser mais importante agora do que aquilo que nos acabara de ser colocado.

A impressão que tenho, às vezes, é que estamos diante de um tribunal onde Deus é o réu e está sendo julgado pelo que fez, faz ou fará, enquanto nós somos seus advogados de defesa. Mas não concordamos muito na estratégia de defesa, e acabamos por expô-Lo à condenação. Na tentativa de salvá-Lo, colocamos tudo a perder.

Lembremo-nos de que nós, Igreja, somos responsáveis por representar a Deus aqui na terra, e, como Corpo de Cristo, expressarmos Sua vontade e Sua vida entre os homens. Ou seja, se não estivermos unidos, o Reino de Deus parecerá dividido aos homens, e “... todo reino dividido contra si mesmo, ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá” (Mateus 12:25).

Erramos assim por associação. O mundo natural ao nosso redor é dualista. Aqui existem e coexistem o bem e o mal, a luz e a escuridão, o novo e o velho, o alto e o baixo. E um estado está delimitado por outro, não podendo ambos, simultaneamente, ocuparem o mesmo lugar no espaço ou no indivíduo.

Assim, se algo é ruim, é porque não é bom, e vice-versa. Se algo é verdadeiro, seu oposto é falso. Se for bonito, não parece feio. Ou está quente, ou está frio.

Mas em que pese a nossa defesa da sinceridade de cada um, contra a qual não há argumentos, não nos convém agirmos assim quando pensamos em Deus, pois, como eu disse no início, Deus é diferente. Essa lógica não se aplica a Ele, e Seus valores não encontram correspondentes entre nós.

Os atributos de Deus, amados, não se chocam. Não há qualquer divergência entre uma coisa e outra. Diferentemente de nós, Deus não põe de lado uma de Suas facetas, enquanto exerce outra. Deus, para ser amor, não precisa ignorar a justiça. Nem será justo, guardando Seu amor para outro momento.

Deus é tudo o que é plenamente. Ao ser justo, está amando, e aplica Sua disciplina mais severa e dura, com a mais alta expressão de seu amor.

A natureza de Deus é indivisível. Toda a essência do Seu ser concorda entre si, não pela harmonia das diversas idéias ou opiniões, mas pela ausência, n’Ele, de diversas idéias e/ou opiniões.

Em Deus não há qualquer dualidade. As manifestações de Sua pessoa, embora muitas, jamais entrarão em atritos.

Diz-se muito que Deus é um, apesar de três – e o é. Com isto, o que se pretende ensinar é que Deus, além da excepcionalidade óbvia, é absoluto. Não se pretende, como parece a muitos, estabelecer um parâmetro matemático de medição para quantizar Deus. Não!

Do ponto de vista da matemática, eu gostaria de oferecer um outro raciocínio acerca dessa unidade trino-absoluta de Deus aqui, e assim justificar, talvez melhor, Sua soberania.

Na realidade, não pode haver outro número tão absoluto e tão conveniente à idéia de Deus – o Deus mesmo, criador dos céus e da terra – senão o zero.

Ao dizermos que Deus é um, e pensarmos matematicamente, não chegamos a uma conclusão precisa. O número um, embora expresse a unidade, é, em si, composto de várias (e infinitas) sub-partes, não inteiras, não naturais, mas reais, cada uma com o seu valor individual, independente das demais, e podem, separadas umas das outras, subtrair-lhe o valor, ou, juntas, outra vez o formarem.

Entretanto, assim não é Deus.

Deus não pode ser dividido em partes, e Suas partes (atributos), “isoladamente” – ou seja, avaliadas em separado, já que não podem ser exercidas em separado das demais – não Lhe subtraem valor algum, pois Deus não pode ser menor do que é, nem maior. Ele é o que é. E só. Absoluto, portanto.

Dessa maneira, não há, do ponto de vista da aritmética, nenhum número “mais absoluto” que o zero, o qual não pode ser dividido, e por isto não terá qualquer outro valor, senão ele próprio, sempre.

Bom, mas eu reconheço o perigo que é pensarmos em Deus do mesmo modo como entendemos o zero matemático.

Logo, logo, mentes perversas quererão se valer deste expediente para dar a Deus o valor da nulidade. Mas isto, de fato mesmo também, não significa nada, pois, como dissemos, Deus não pode “perder qualquer valor”, ainda que toda a multidão dos perversos queira fazê-lo. Vamos acabar por perceber, mais cedo ou mais tarde, que Deus nunca representou nada mesmo para esses. Assim como eles não representam perigo algum para Deus.

Não há com que nos preocuparmos afinal.

O grande pensador agostiniano e bispo Anselmo de Cantuária (1038-1109), escreveu em sua obra “Proslogium”:

“Aquilo que for composto de partes não é um todo em si, mas de alguma forma é plural e diverso de si mesmo; e, ou de fato, ou por conceito, é capaz de dissolução. Mas estas coisas são estranhas a Ti, do qual não se poderá conceber nada melhor. Em Ti não há partes, Senhor, e não és mais que um. És de tal forma ser unitário e tão idêntico a Ti mesmo, que não podes, de maneira nenhuma, ser diferente de Ti mesmo; és a unidade em si, indivisível sob qualquer conceito.”

Falando acerca da relação íntima de Deus e Seus atributos, reconhecendo, entretanto, sua limitação como ser criado, mas, sobretudo, absorto num sentimento de profundo assombramento e contemplação, o Dr. Tozer ainda conseguiu definir com clareza:

“A harmonia do Seu ser não resulta do equilíbrio perfeito das partes, mas da ausência de partes. Não pode existir contradições entre os Seus atributos. Ele não precisa fazer com que um se interrompa, a fim de exercer o outro, pois n’Ele todos os atributos são um. Tudo de Deus faz tudo o que Deus faz; Ele não se divide a fim de realizar uma obra, mas opera na unidade total do Seu ser.”

(A.W. Tozer, “Mais Perto de Deus” – 1961, 4ª Edição, Ed. Mundo Cristão, pág. 23)

Resta mesmo difícil compreender o porquê de alguns de nós crermos que, em determinadas situações, Deus agirá por partes. Ou que uma de Suas verdades será mais oportuna que outras.

Se Deus falou, Ele falou! Mesmo que também tenha falado uma outra coisa, noutro lugar.

Eu não posso – e ninguém pode – é achar que, porque Deus disse aquilo, não fará isto.

Fará isto e aquilo, plenamente, nunca negando uma coisa em favor de outra!

Uma verdade nunca anula outra.

E não existem meias-verdades... Uma meia-verdade é uma mentira-inteira.

O melhor que fazemos, amados, sem dúvida, é não dizer nada.

Contemplemos, embasbacados, Sua incompreensível soberania e sabedoria.

E obedeçamos de maneira simples a tudo o que Ele falou, a fim de que tudo o que disse se aplique a nós, e não apenas parte.

Uma obediência em parte nos deixará à parte.

“Oh, Senhor!”

CHORO CONSTANTE*


*Por Charles Haddon Spurgeon (1834-1892)


“E, caindo em si, desatou a chorar” (Marcos 14:72)

Alguns pensam que, ao longo de sua vida, as lágrimas de Pedro começavam a brotar da fonte todas as vezes em que ele se recordava de ter negado o Senhor.

Não é improvável que assim fosse (pois seu pecado foi muito grande e, posteriormente, a graça teve nele um efeito completo).

Esta mesma experiência é comum a toda família redimida, de acordo com a intensidade com que o Espírito Santo remove o coração de pedra não regenerado. Nós, como Pedro, nos lembramos de nossa promessa presunçosa: "Ainda que todos te abandonem, jamais o farei". Nós comemos nossas palavras com as ervas amargas do arrependimento. Quando pensamos naquilo que juramos que seríamos, e naquilo que temos sido, podemos chorar um rio inteiro de pesar.

Pedro pensava na sua negação do Senhor. O lugar onde o fez, o motivo tão pequeno que o levou a um pecado tão atroz, os juramentos e as blasfêmias com que procurou confirmar sua mentira, e a terrível dureza de coração que o levou a fazê-lo outra vez, e mais outra.

Quando somos relembrados dos nossos pecados e de sua grande iniqüidade, podemos continuar teimosos e impassíveis? Não faremos de Boquim (Jz. 2:1-5) a nossa casa e choraremos diante do Senhor pela segurança renovada de amor e perdão?

Que jamais façamos vista grossa para o pecado, para que em breve não tenhamos a língua queimada nas chamas do inferno. Pedro também pensava no olhar de amor de seu Mestre. A advertência do Senhor sobre o canto do galo foi acompanhada de um olhar triste, piedoso e amoroso de repreensão. Durante toda a sua vida, esse olhar jamais deixou a mente de Pedro. Foi muito mais eficaz do que dez mil sermões sem o Espírito Santo teriam sido. O apóstolo arrependido estava certo ao chorar ao ser lembrado do pleno perdão do Salvador, que o restaurou ao seu antigo posto.

Pensar que temos ofendido o bondoso e meigo Senhor é razão mais do que suficiente para chorarmos constantemente.

'Senhor, fere a rocha do nosso coração e faz as águas fluírem'”.


Fonte: Morning and Evening (Devocional matutina do dia 30 de Julho).
Tradução: Mariza Regina Souza


Do Ecos:

Este texto foi extraído do livro “Sermões Devocionais de Charles Spurgeon”.

Os grifos são do blog.

Como nos fazem falta homens como este nos nossos púlpitos, altares e palanques de hoje, não?!

MATURIDADE NO REINO DE DEUS


Já falei sobre isto no outro blog também, mas quero explorá-lo um pouco mais aqui (não tenho tido muito tempo esses dias).

Ou talvez não explorá-lo tanto assim, já que não há muito mais a dizer sobre isto mesmo.

Quando se fala em maturidade pensa-se em crescimento, e isto está relativamente certo.

Relativamente porque, em se tratando de Reino de Deus, é necessária uma importante observação: os valores são invertidos.

Não que, no Reino de Deus, ser maduro seja não-crescer. Não é isto.

Mas sim que, no Reino de Deus, crescer não significa projetar-se acima, sobre alguma coisa ou alguém.

Ao contrário, crescer no Reino de Deus é projetar-se para baixo. Ou ainda, o Reino de Deus é o único lugar onde o sentido do crescimento é para baixo.

Maturidade no Reino de Deus, portanto, deve ser um tanto quanto diferente do que normalmente consideramos ser maturidade aqui em nosso mundo cão.

E, de fato, o é.

Jesus pregou um evangelho simples, e para os simples.

Todas as Suas parábolas, analogias e metáforas falavam de gente assim.

A mais conhecida delas, talvez, vinculava os herdeiros do Reino de Deus às criancinhas.

Uma criança, como bem sabemos, é simples.

As que eventualmente não sejam já não são tão crianças mais (e, provavelmente, foram feitas assim por adultos irresponsáveis).

Se damos a uma criança tarefas de caráter eminentemente adulto, é muito provável que teremos seguidos insucessos.

Por outro lado, se damos a um adulto tarefas comumente requeridas das infantes, elas serão facilmente executadas. E com certa ironia até.

Pois bem.

Para nos utilizarmos dos exemplos anteriores, podemos dizer que um adulto (maduro que é) faz melhor as tarefas simples dos pequenos, ao passo que estes têm muito maior dificuldade de executar os trabalhos daquele.

Se concordamos todos que, como eu disse acima, o Reino de Deus consiste em coisas simples, quanto mais maduros formos, seguindo o raciocínio lógico que expus aqui, melhor estaremos fazendo essas mesmas coisas.

Pronto!

Sem nenhuma burocracia teológica, e com a simplicidade e pureza necessárias e devidas a Cristo (II Coríntios 11:3), acabamos de entender a maturidade no Reino de Deus, e do Seu ponto de vista.


CRESCER NO REINO DE DEUS É:

FAZER MELHOR AS COISAS SIMPLES

QUE SEMPRE NOS FORAM PEDIDAS POR ELE.


Oremos melhor.

Leiamos melhor a Palavra.

Jejuemos melhor.

Preguemos melhor.

Santifiquemo-nos melhor.

Obedeçamos melhor, por fim.

É assim que crescemos em Deus, e para Deus.

O UNIVERSO MENOR QUE UMA CASCA DE NOZ*






Não, não é uma paródia a Stephen Hawking e seu livro...

É que após contemplar as figuras acima, e suas escalas impressionantes, fiz uma pesquisa superficial, e li, por mera curiosidade mesmo, que os astrônomos calculam que o universo tem, no mínimo, 156 bilhões de anos-luz.

Não, nós não fazemos idéia do que é isto em termos de realidade factível, mas... Vamos tentar?

Matematicamente, 156 bilhões é um número assim: 156.000.000.000.

Ano-Luz é uma medida astronômica, e significa a distância percorrida pela luz no período de 1 ano. Detalhe: no vácuo.

A velocidade da luz no vácuo é de 299.793 quilômetros por segundo. Ou seja, em 1 segundo, um facho de luz dá 23,5 voltas ao redor da Terra (considerando o diâmetro da linha do Equador).

Fantástico, não?

1 ano-luz significa que, nesta velocidade incrível, esse mesmo facho de luz somente poderia ser visto 1 ano depois de ser emitido.

Tente imaginar essa distância! Não consegue? Eu ajudo.

Fazendo as contas, temos que: 1 segundo = 299.793 km; 1 minuto = 17.987.580 km; 1 hora = 1.079.254.800 km; 1 dia = 25.902.115.200 km; 1 mês = 777.063.456.000 km...

E, por fim, 1 ANO = 9.454.272.048.000 km!!!

1 ano-luz é, portanto, uma distância equivalente a cerca de 9 trilhões e meio de quilômetros!

Mas – porém, todavia, contudo, entretanto – falamos, no início, de uma distância de 156 bilhões de anos-luz, e fizemos, até aqui, as contas de “apenas” 1 ano-luz.

Temos, então, de multiplicar os “quase” 9 trilhões e meio pelos 156 bilhões, para encontrar, mais ou menos, o “tamanho do universo”... Por enquanto! – lembre-se.

Dá uma olhada em como ficaria a nossa “eqüaçãozinha”:


9.454.272.048.000 x 156.000.000.000

Assim, podemos dizer que a distância do universo, segundo os astrônomos, seria alguma coisa em torno de...

1.474.866.439.488.000.000.000.000 de quilômetros!!!**

Quer aprender a falar este número? Então, tome fôlego e vamos lá!

Um setilhão,
Quatrocentos e setenta e quatro sextilhões,
Oitocentos e sessenta e seis quintilhões,
Quatrocentos e trinta e nove quadrilhões,
Quatrocentos e oitenta e oito trilhões de quilômetros!!

Ufa!

“Mas, que me importa tudo isto?” – alguém pode perguntar.

Bem, era só para lembrá-los que...

O SENHOR MEDIU O UNIVERSO COM A PALMA DE SUA MÃO
(Isaías 40:12)


Você realmente acha que há algo em sua vida que Ele não possa fazer?

* Artigo originalmente postado no blog Um Discípulo, em setembro de 2006, mas que aqui apresenta algumas alterações que julguei pertinentes.

** p.s.: Só pra brincar mais um pouco, se o universo fosse uma rodovia toda asfaltada, sem buracos, pedágios ou paradas, de quatro pistas, onde você pudesse viajar tranqüilo a 120 km/h, sem parar... Você precisaria de 11.683.924.312.114.990 de vidas, cada uma com 120 anos, para "chegar". Sabe-se lá onde.

ANTES DE TODAS AS COISAS


"No princípio era o Verbo;
E o Verbo estava com Deus,
E o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por intermédio d'Ele,
E, sem Ele, nada do que foi feito se fez."
(João 1:1-3)


A vida de Jesus é por demais intrigante. Isto nem o mais incrédulo dos mortais pode negar.

Como alguém conseguiu ser tão polêmico para alguns, fascinante para outros, e por isto mesmo tão marcante para todos? Ainda que alguém insista em encontrar um outro parecido, duvido que tal pessoa tenha tido tanta influência na história da humanidade como Jesus.

No decorrer da história, uma legião de filósofos e pensadores destacou-se nas sociedades em que viveram, e deixaram valioso legado cultural para as gerações que lhes sucederam.

Siddartha Gautama, o Buda, por exemplo, foi importantíssimo, e notabilizou-se por seus ensinamentos de padrão moral elevado, que até hoje influenciam muitas pessoas, desde aquelas de grande fidelidade religiosa às de simples e mera simpatia.

Há outros. Madre Teresa de Caucutá foi uma santa mulher. Gandhi, um santo homem.

Confúcio, Lao-Tsé, Nietzsche, Martin Luther King, Aristóteles, Shakespeare, Cícero, Epicuro, Voltaire, Cervantes, Rui Barbosa… A lista de pensadores é infindável!

Todos eles tiveram sua importância histórica.

Mas nenhum deles pode ser alçado ao ponto de Jesus.

Alguns até tentaram.

Certa vez, John Lennon, no alto de sua arrogância e presunção, disse que os Beatles eram mais conhecidos que Jesus.

Uma declaração como esta é semelhante a você me ouvir dizer que sou mais bonito que o Tom Cruise, ou o Brad Pitt, ou o George Clooney.

Ou seja, não muda absolutamente nada.

O que John Lennon disse, como se diz, “não fedeu nem cheirou”. Foi só mais uma opinião besta. Jamais uma expressão da verdade.

Um exemplo simples disto, é que, com toda a sua importância cultural, o tempo não passou a ser contado em “antes dos Beatles” e “depois dos Beatles”.

Aliás, onde está John Lennon agora, caso eu precise dele? Ele e os Beatles duraram menos que suas próprias palavras, ao final. Nada contra os Beatles. Como eu disse, eles deixaram uma herança musical muito legal e que eu admiro muito, inclusive, mas... “John, reduza-se à sua insignificância, meu caro!”

Entretanto, eu acho que, com considerável esforço, até posso compreender o que John Lennon quis: inconscientemente ou não, John Lennon nivelou os Beatles por cima. Sim, porque é isto mesmo que Jesus é: Alguém acima.

A vida de Jesus é mesmo um mistério. E por isto também motivo de tanta controvérsia. O orgulho e a sabedoria humana – do que, aliás, Deus ri, segundo o Salmo 2 – não pode aceitar assim tão passivamente alguém tão... Impressionante?

Mas tanta controvérsia ao redor de Jesus é só mais uma evidência de Seu superlativismo incomparável. A pessoa de Jesus, afinal, incomoda.

Se eu sair por aí dizendo que sou filho de Deus, que vim do céu para dar vida a todo aquele que em mim crer, o máximo que vou conseguir são uns buxixos de desdém, meneios de cabeça de uns e gritos de “Louco!” de outros. E a maioria simplesmente me ignorará.

Mas basta proclamarmos que Jesus é o Filho de Deus, que veio do céu para dar vida a todo aquele que n’Ele crer, que logo se levanta uma horda de contradizentes; científicos, religiosos, pensadores ou não.

Pois, imagine o que dirão esses ranzinzas quando souberem então que a vida de Jesus é só como um grãozinho de areia, dos menores, na orla de uma praia desconhecida? Sim, porque Jesus não existiu apenas em Seus 33 anos e pouco de vida aqui na Terra. Sua existência não começou ao nascer de Maria, em Belém. Aliás, Sua existência nem sequer começou algum dia.

Jesus já existia antes de tudo. Não como Jesus, o homem, é verdade. Mas como Deus. Jesus era Deus. Jesus e Deus eram – e são – um só e esta é a mais difícil, porém melhor, constatação que as pobres almas aflitas dos homens podem fazer.

Tudo passou a existir d’Ele. Quem, pois, O poderia ter criado?

Ao mesmo tempo, Ele sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder (Hebreus 1:3). Ou seja, Ele não só criou tudo, como mantém tudo criado até aqui. As coisas que, eventualmente, já não existam mais foram extintas porque a palavra do Seu poder assim o ordenou.

Sabe-se, por exemplo, que a ciência estima que, de todo o universo de seres criados, apenas 20% dele foi descoberto, catalogado e pode ser, digamos, conhecido, estudado e monitorado.

Tsc, tsc, tsc...

20%!

Imagine isto!

Onde estão os outros 80%?

Eu respondo: Deus os mantém em segurança; seja na densidão das matas, no breu do abismo do mar, nas fendas das rochas ou onde mais for.

Há também um universo igual ou maior que o nosso só de seres microscópicos aos olhos humanos. Pois agora pense na anatomia de cada um desses seres, na complexidade de suas biologias, em cada célula e componente de célula que lhes pertencem.

Não bastasse isto, lembre-se que a porcentagem é apenas estimada, ou seja, pode ser outro número!

10%? 5%? 1%? Hã?

Agora, considere ainda isto: Deus é criador. Assim, imagine que Ele segue criando. Sim, é possível, porque não? E digamos que, para cada espécime novo encontrado pelo homem, Deus criasse outros cinco mil!

No espaço, o homem já percorreu, em todos esses anos de sanhosa perseguição, cerca de 8 bilhões de anos-luz – que Deus mediu aos palmos (Isaías 40:12) – e não faz nem idéia de quando conseguirá chegar a algum lugar de fato. E não faz idéia porque, simplesmente, jamais chegará, de fato.

Outra coisa: Deus não pode ser definido pela lógica humana, vez que esta nem a si própria conhece totalmente.

“Cérebro, explica-te a ti mesmo!”.

Como a mente humana, que desconhece a si, pode conhecer a Deus? Pois, ainda assim, se atreve a negá-Lo ou – na melhor das hipóteses – ignorá-Lo?

E quanto a aceitar ainda que Jesus fosse Deus... Um homem? Deus? Deus num homem? Um homem-Deus? Ah, não! É demais para a sabedoria dos loucos!

Para uma compreensão mais simples, embora ainda pálida e infiel, poderíamos dizer que Jesus foi Aquilo que de Deus encarnou-se entre nós, o que é ainda mais impressionante. Tanta grandeza afinal, encerrada numa matéria tão limitada.

É isto, inconscientemente, que faz de Jesus um homem tão controverso e intrigante. Só a fé pode considerá-Lo. E isto o homem natural não pode admitir simplesmente; pois lhe seria como assinar um atestado de sua burrice.

Então, prefere contestá-Lo.

O homem carnal insiste em estudá-Lo ao máximo, para descobrir-Lhe o máximo, e assim poder explicar-Lhe o máximo.

Mas termina, cada vez mais, sabendo-Lhe o mínimo!

Sim, porque, depois de esgotar todas as suas forças no vão frenesi de provar aquilo que se recusa a crer, o homem se dará conta de que estará, tão-somente, sentado numa praia imensa. E que diante dos seus olhos jazem ainda infinitos grãos de areia iguais àquele, cujas íntimas descobertas lhe custarão muito mais do que sequer pode ele imaginar.

Mas para muitos, infelizmente, já será tarde demais.

E O MUNDO SE DIVERTE...


Se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.

É o que acontece por aí hoje.

A falta de uma referência clara, direta e objetiva tem feito a igreja sangrar.

Mas o que mais impressiona é que referência há!

Entretanto, parece mais fácil inovar, inventar, urdir.

E de Deus – “pobre Deus!” – esses “criativos irmãos” ainda exigem aquiescência, complacência, quase uma conivência, sob pena de ser tachado de “Ditador”.

É o mundo da fé dos dias atuais.

Tsc, tsc, tsc...

Eis aí acima mais um caso.

Enquanto isto, o mundo se diverte vendo a igreja zanzando por aí, perdida.

Há um ditado popular que diz: “Todos os caminhos levam a Deus”.

É verdade.

Todos os caminhos levam a Deus...

Para o juízo d’Ele!

Quando só um, afinal, salvará.


p.s.: Tomara eu esteja errado, mas - só pra constar - pelo site da ONU, há 192 países-membros. Espero que tenham outros...

O CRÉU EVANGÉLICO

"Créu" ganha versão gospel com MC Céu

Gente, hoje é 1º de abril...

Por favor, alguém me diga que isto aí é mentira!

Por favor!

Santo Deus!

p.s.: O pior é que nem graça tem...