O FIM DO MUNDO

“Extra, extra, extra, extra! O mundo acabará amanhã de manhã!” – alguém que não conheça (ou não se lembre) pode pensar tratar-se de uma notícia sensacionalista de algum jornal idem. De certa forma, acertará ao pressupor isto. Mas a “notícia” acima faz parte de um refrão que já foi cantado por centenas de milhares de jovens cristãos da década de 80, sob a “regência” de Brother Simion, vocalista (àquela época) do grupo de rock gospel Katsbarnéa.

A música fala de um jovem (Johnny) que se vê às vésperas, ou do fim do mundo ou de sua própria morte, e é confrontado a olhar para trás, fazendo uma sincera retrospectiva de sua vida, e avaliar como viveu, o que fez e que “benefícios” ele haveria de ter com tudo o que conseguiu até aquele momento. O fim da história – subentendido – parece não ter sido dos melhores para o nosso “herói”. E, infelizmente, há muito mais do que uma simples ficção nisto tudo.

Johnny é surpreendido com a notícia trazida por um “pequeno jornaleiro”, de que o fim do mundo estava, mais do que nunca, iminente. E é então que ele, “pobre Johnny”, se vê diante da pior questão de que jamais poderia imaginar acontecer em toda a sua vida:

“Ei, Johnny, como você se sente?
O que faria nas últimas horas?
Foram avisar assim tão de repente;
Você não estava preparado!”

Mas a desgraça estava em que, para Johnny, que havia passado a vida “ajuntando riquezas”, não só as respostas não seriam mais suficientes, como também de nada adiantaria tentar mudar, àquela altura, o rumo da história toda. “Esta noite pedirão tua alma, louco...” – Não haveria mais tempo para ele.

De fato, Brother Simion dramatizou uma profecia há muito conhecida e, ainda que não totalmente crível – principalmente por não ser factível (até aqui) – ela é incontestavelmente temida por todos. No fundo, no fundo, todos tremem com esse tal “fim do mundo” que tanto se fala por aí. Uns menos, outros mais.

Johnny é a personificação do homem, em essência. Não é claramente a figura do homem desvairado, irreverente, omisso, desregrado ou incontinente. Muito menos do homem bandido, homicida, pedófilo, ladrão, corrupto ou de que tipo de mazela for. Ele é só a personificação do homem-homem mesmo. Alguém que vive (ou viveu) a seu bel-prazer. Não sabemos o que fez, mas sabemos o que provavelmente não fez: preocupou-se com Deus e com Sua vontade. Johnny jamais se envolveu com essas coisas, de tal maneira que sequer sabia que tinha uma alma. Tudo muito igual à nossa realidade, a não ser por um pequeno (e que pode ser crucial) detalhe:

No nosso “mundo”, por mais que se fale (e falam) do fim dos tempos, o assunto é demasiado excêntrico para se levá-lo à sério. É melhor que fique resumido às doutrinas apocalípticas de qualquer religião ultra-radical, do que figurar entre os assuntos realmente importantes que permeiam o dia-a-dia das pessoas. É mais cool tratarmos de assuntos como o homossexualismo, a clonagem humana, os estudos com células-tronco, e as avançadas poligamias simultâneas e sucessivas, etc. Muito mais “charmoso” e altamente mais em voga falar e defender uniões alternativas, desde a simples “ficadinha”, moderna e despojada, até o mènage-a-trois, ou troca de casais, do que do retrógrado e falido casamento.

O fim do mundo até serve de bom roteiro para os filmes, porque estes, como arte cênica que são, apelam para o emocional e nutrem de esperança o esforço fútil e fugaz do indivíduo, ajudando-o a encarar sua realidade táctil, palpável, e por isto mesmo cética quanto a tudo o que não se pode provar de antemão.

O homem de hoje não pode basear-se em teorias dúbias, não tem tempo para as crenças improváveis ou uma simples teologia barata, já que o mundo ao seu redor está acontecendo numa velocidade espantosa e, daqui a pouco, sua vida terá sido privada dos prazeres e deleites, dos desfrutes e delícias, todos absolutamente reais e, mais que isto, próximos; ao alcance não só dos olhos, mas das mãos e de tudo o mais que qualquer um se permitir, pois, como diria Fernando Pessoa, tudo vale a pena se a alma não é pequena.

Mas ao chegarmos aqui, faz-se necessário traçamos um paralelo entre a música do Katsbarnéa, a realidade fictícia do mundo de Johnny, e a realidade factível dos homens de hoje. Das duas, apenas uma estará certa ao final: ou Johnny não morreu ao fim daquela história, e – pior – continua sua busca frenética pelos valores dessa vida, ignorando qualquer profecia que o condene; ou, tendo morrido, deixou seu legado de vaidade e luxúria, plantado no coração de cada alma vivente sobre a face da Terra.

Seja qual for a resposta, Johnny está vivo. Ainda que dentro de nós.

Mais do que roteiro de histórias de ficção científica, o fim do mundo é certo.

Para os céticos, ele virá simplesmente com o fim da vida de cada um, o que não pode ser negado nem pelo pior deles (a menos que o sujeito consiga convencer-se de que não existe, duvidando de si mesmo; e ainda assim, o será apenas para ele próprio, porque, apesar de sua loucura, todos ao seu redor sabem que ele existe).

Para aqueles que, como eu, crêem nas Escrituras e sabem o que se espera para este mundo, o fim do mundo virá de um jeito ou de outro mesmo. Ou termina com o fim da vida de cada um (quando o mundo literalmente acaba pra quem morre), ou termina com a volta de Jesus, quando tudo o que for corruptível se dissipará.

Não posso conjecturar sobre a morte, e não tenho autoridade para falar nem dela nem do que há depois dela, senão caio na incoerência de afirmar o improvável, quando o questiono, na verdade (e na Verdade). Mas posso, e vou, expor minhas razões para crer no seu fim irretratável, irrevogável e inadiável: o dia da volta de Cristo! O dia em que todos compareceremos perante o Seu tribunal para, assim como a pergunta que não se calava para Johnny, prestar contas do que fizemos e não fizemos, do que cremos e não cremos, do que vivemos e não vivemos.

O Juiz, o mais reto e justo entre todos nunca dantes conhecidos, fará um julgamento tão irretocável e absolutamente convincente que até os condenados, a meu ver, deixarão Sua presença conturbadamente certos de que jamais alguém lhes poderia ter dado um veredicto tão acertado e que o destino de suas almas não poderia ser outro afinal.

A primeira razão é, sem dúvida, a de que as profecias bíblicas nunca deixaram de se cumprir.

Isto é fato histórico, embora a história insista em encontrar explicações científicas para cada profecia tornada fato. E até encontra, às vezes. Mas prefere acreditar que a ciência explica o que chamamos de Deus, do que convencer-se de que Aquele a Quem chamamos de Deus é exatamente Quem, afinal, manipula a ciência.

A segunda razão é a impressionante “coincidência” (para os que assim preferem considerar) entre os acontecimentos atuais e as profecias bíblicas que, porventura, ainda não tinham, até então, se cumprido.

Quanto as que já se cumpriram, poderíamos citar, por exemplo, o próprio nascimento de Jesus.

Havia muitas profecias acerca do Seu nascimento, e elas eram, até então – pasmem! – controversas. Uma dava conta de que o Messias nasceria em Belém. Outra dizia que Ele seria chamado Nazareno. Uma terceira afirmava que Ele haveria de vir do Egito.

De onde viria, afinal?

Deus, rindo da sabedoria dos homens (Salmo 2:4), cumpre todas elas, por mais incompreensível que isto pudesse parecer.

Jesus nasce em Belém, é criado em Nazaré e, por conta de uma perseguição de Herodes, é levado para o Egito, de onde é chamado por fim.

Aleluia!

Esse é um caso em que havia, em princípio, várias probabilidades, várias opiniões, vários pareceres. Mas Deus mostrou-Se fiel ao que prometeu, como sempre.

Há outros, mais simples, e que, como não poderia deixar de ser, foram integralmente cumpridos também; óbvio.

Quanto às profecias que não se cumpriram nos tempos bíblicos, e que estão se cumprindo contemporaneamente, eu gostaria de ressaltar apenas uma:

“E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas;
E na terra angústia das nações,
Em perplexidade
Pelo bramido do mar e das ondas.”
(Lucas 21:25)

Erroneamente pensamos que esse texto diz respeito ao passado da Igreja, mas não. O texto diz respeito aos nossos dias, mas isto é estudo e reflexão pra outro dia.

O mundo nunca se assustou tanto diante das chamadas intempéries da natureza como nos últimos anos. Nunca houve tanta catástrofe natural, tanta morte, tanto assombramento. E as explicações são as mais variadas: o aquecimento global, o superpovoamento, o El Nino... Não importa. Como eu disse, tudo é mão de Deus para mim.

Dito isto, eu devo perguntar: se todas as profecias até aqui vêm se cumprindo religiosamente, não é razoável que esperemos o mesmo em relação àquelas que, porventura, não tenham sido? Será que, por exemplo, a volta de Jesus é uma improbabilidade histórica, um êxtase inventivo e mero fruto do imaginário antigo? Seria esse fato, isoladamente, uma... Exceção? Entre tantas?

Lembre-se: sua resposta, sincera e convicta, pode ser mais do que pessoal; pode ser fatal!

Mas, por último, sim, eu devo, realmente, considerar que posso estar errado em tudo o que argumentei acima. E, de fato, Deus não existir, o céu não existir, o inferno não existir, nada mais haver além daqui, enfim: ao morrermos, tudo se tornará em nada. Viraremos fumaça e pronto.

Ok.

Levando em conta isto, eu não tenho com que me preocupar também, afinal eu, você, todos viraremos fumaça, ou não haverá mais nada, o que é a mesma coisa.

Agora...

Se eu estiver certo...

As Escrituras estão certas...

E aí...

Hummmm...

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem,
E todos os povos da Terra se lamentarão,
E verão o Filho do Homem
Vindo sobre as nuvens do céu,
Com poder e muita glória.”
(Mateus 24:30)


Será quando, então, aqueles que não creram arderão suas almas eternas no inferno, se lembrando, imagino eu, de cada vírgula e de cada oportunidade dada e desperdiçada, quando zombavam de Deus e das verdades ouvidas.

Assim, prestem atenção vocês que não crêem!

Estando eu certo ou não, eu estou 100% garantido.

Mas vocês...

Bem, vocês só têm 50% de chance, e terão, invariavelmente, de estar certos ao final.

Tomara que estejam certo, portanto.

Para o bem de vocês...

... Tomara.

Porque senão...

ESPELHO


A vida dentro de um espelho é ao contrário...

Lá, eu sou
canhoto
Lá, sou bem-te-vi

E sou chafariz de praça aqui
E sou bombeiro, e sou linhaça ali

Fui cantor de cinema mudo...

Mas jamais serei atriz!

Aqui, não há compassos...

Lá, o sol em si dó.

Cá estou eu composto
Por simples bemóis e sustenidos
Que dobrados, quando lidos
Soam confundidos...

Esquecidos?
JAMAIS!

Só parecem naturais...

Lá, minha lâmina é molhada
Minha é

Minha , minha
Não são nada

(e pra quê?)

Cá é que sofro
Cá é que anelo
Lá, eu sou todo pleno

Lá, o meu olho é torto
Mas meu riso é certo
Se meu ego é
morto
Lá, Você está perto!

“Porque, agora, vemos como em espelho,
Obscuramente;
Então, veremos face a face.
Agora, conheço em parte;
Então, conhecerei
Como também sou conhecido.”

(I Coríntios 13:12)

GHOSTBUSTERS CHURCH


Na década de 80, uma comédia-ficção fez muito sucesso especialmente entre os adolescentes e pré-adolescentes (entre os quais, este que vos escreve!). Trata-se de “Ghostbusters: Os Caça-Fantasmas”.

Três cientistas, recém-despedidos de um departamento de psicologista especializado em casos paranormais, montam uma exterminadora de fantasmas que tem como grande missão livrar Nova York de um ataque de fantasmas, monstros e outras criaturas do além.

Se você não conhece, eu indico. Vale muito a pena. Eu adorei.

É uma daquelas comédias de humor simples, quase pastelão, que a gente vê por aí, dá umas boas risadas, ouve um hit legal (“Ghostbusters” de Ray Parker Jr.), e ainda se impressiona com os efeitos-especiais.

Tá, não se impressiona tanto assim. Mas leve em conta, pelo menos, que o filme foi feito em 1984. Há, portanto, 24 anos atrás. Ok?

Bons tempos aqueles, aliás.

Na semana passada, recebi um e-mail da amiga e irmã Ana Carolina Nunes Garcia no qual alguém fazia uma interpretação, assim bem fantasmagórica, da música "Poeira", de Ivete Sangalo, de muito sucesso no meio secular (e, pelo jeito, no meio evangélico também).

Já tinha visto aquela interpretação faraônica, e sequer me impressionei. Pra dizer a verdade, eu até gostei.

Mas gostei porque – e só – me fez lembrar do bom filme acima.

De resto, só tristeza.

Sou de uma época em que os evangélicos perdiam horas e horas, equipamentos desde os mais simples aos mais sofisticados (para a época), e neurônios e mais neurônios (se haviam...), voltando discos de vinil ao contrário, deste ou daquele cantor/banda, à procura de versos de declaração de amor ao diabo, etc.

Lembram disto?

Se sim, lamento muito.

Além disto, era um tal de que o boneco do Fofão tinha uma faca dentro, porque foi consagrado ao diabo, que a boneca Barbie tinha demônio, que a Hello Kitty tinha demônio, que o Pokèmon é do diabo, que a Xuxa é do diabo...

Cruzes!

“Who ya gonna call? Ghostbusters!”, diria Ray Parker Jr.

Muitos outros filmes poderiam descrever bem algumas igrejas, como “MIB – Homens de Preto”, por exemplo. “Entrevista Com o Vampiro” é um título muito bom para alguns de “nossos” cultos (Deus me livre!), e podíamos citar ainda “Constantine” e “Fim dos Dias”, em que Keanu Reeves e Arnold Schwarzenegger lutam contra o diabo.

E etc, etc, etc... e etc (este é um daqueles casos em que o “etc” nunca caiu tão bem).

É o que eu chamo de "Ghostbusters Church" aqui. Ou "Igreja Caça-Fantasmas"

Mas parece que não mudou muita coisa.

A igreja hoje, em muitos seguimentos, ainda está mais para uma exterminadora de fantasmas do que para o Corpo de Cristo.

O sensacionalismo neopentecostal beira as raias da amargura.

O que vemos é uma exploração da fé alheia e uma deturpação completa dos princípios básicos, elementares e genuínos do cristianismo.

O evangelho que tem sido pregado e explorado nos púlpitos e altares de muitas correntes religiosas provavelmente foi aprendido nos terrenos do umbanda e do candomblé. Justamente alguns daqueles que a igreja julgava sempre atacar.

Pois agora, sim, a turma dos terreiros tem algo com que realmente se preocupar: a igreja tornou-se-lhes uma concorrente fortíssima; oferecendo às pessoas o mesmo produto: um teatrismo baixo, barato e espetaculoso.

Eu já ouvi, por várias vezes, um pastor denominacional, muito conhecido nacionalmente até, orar assim, num daqueles chamados “cultos de libertação”:
“Demônio que está nas encruzilhadas, nas cachoeiras, nos barrancos, manifesta-te agora!!”

Se isto não é invocação de demônios, eu sou o Saci-Pererê!

Onde aprendemos isto?

Eu sinto asco disto, e vergonha quando olho pra trás e vejo de onde saiu o evangelho que nos alcançou, como começou a nossa fé, quem foram nossos precursores, no que creram, como viveram e – “Perdoa-nos, Senhor!” – como morreram!

Porque temos tanta dificuldade de copiarmos os modelos que nos foram deixados por Jesus e pelos santos apóstolos? Porque tanta necessidade de nos promovermos quando tudo o que nos é pedido é “... do modo como Eu fiz, façais vós também” (João 13:15)? Para que – e para quem – tanta apoteose? De quem é a obra? Não importa, portanto, que Ele, o Dono da obra, nos diga o que fazer e como fazer?

Ouço o grito solitário de Judas 11: “Ai deles! Porque entraram pelo caminho de Caim...”.

Caim que pecou servindo a Deus.

De maneira absolutamente sutil, Caim ofereceu a Deus algo que Deus jamais havia pedido.

Há mais de nós mesmos em nossas ofertas do que podemos imaginar.

E Deus não rejeitou apenas a oferta... Mas também o coração de Caim.

Isto porque contemplou seu coração endurecido pelo ciúme, pela inveja e pelo desejo injustificável de vingança. Mesmo assim, ainda lhe ofereceu um lugar para arrependimento (Bendito seja o Senhor!) Mas aí foi a vez de Caim rejeitar a Deus...

E ele nunca mais se esqueceria depois da loucura que cometeu!

Não tenho dúvidas de que Deus jamais aceitará muita coisa do que temos Lhe oferecido esses dias. Ele não mudou, afinal.

Só posso lamentar por esses, e temer muito por mim.

Muitos dirão que minha visão é míope, e que, com isto, pareço ignorar os ardis de satanás, e seus meios sujos de atuação sobre as pessoas, bem como o que acontece nas regiões espirituais.

Mas é exatamente o contrário.

Para servir de esteio, permitam-me contar-lhes uma pequena história...

“Certo funcionário do Banco Central de seu país, cujo trabalho era contar maços e maços de dinheiro, recebeu um amigo em sua sala para uma reunião.

Como ainda não havia terminado a contagem de um dos maços do dinheiro ali, pediu que o amigo aguardasse um pouco de lado, até que terminasse.

Enquanto aguardava, o amigo estava impressionado com a velocidade com que o rapaz contava o dinheiro em suas mãos.

De repente, o rapaz parou. Voltou algumas notas no calhamaço, e retirou de lá uma delas, meneando a cabeça e sentenciando baixinho: ‘Falsa’.

Ao terminar a contagem, seu amigo, já estupefato àquela altura, perguntou-lhe:

‘Eu já estava impressionado com sua velocidade ao contar todas aquelas notas. Mas quase não acreditei quando vi que conseguiu identificar, com a mesma rapidez e dentre tantas notas iguais, aquela nota falsa. Como consegue reconhecer uma nota falsa assim tão rapidamente?’

O funcionário respondeu: ‘A velocidade é porque faço isto há muitos anos. A gente se acostuma. Mas quanto à nota falsa... Bem, sei quando uma nota é falsa, porque conheço muito bem a verdadeira’”.

Sim, sou míope mesmo (tenho um grau e meio cada olho), principalmente em se tratando de reino espiritual.

Mas é por isto que todo o tempo que tenho para conhecer algo, me concentro em Cristo. Em conhecê-Lo, em buscá-Lo, em falar d’Ele...

E que se danem o inferno, satanás e seus anjos!

O que é que eu vou querer com esses caras?

Jesus não disse que o mundo jaz no maligno? Que satanás é o príncipe deste mundo? Porque eu tenho de sair por aí procurando – e vendo – demônios em tudo o que é lugar? Aliás, pra quê?

O que é que eu quero aqui neste mundo ou deste mundo?

O que precisamos, e muito, é conhecer a Cristo!

E só.

Isto “apenas” bastaria.

E não sou só eu quem o diz.

Não quer me ouvir, ouça a Jesus então:


“E a vida eterna é esta:
Que Te conheçam a Ti,
Único Deus Verdadeiro,
E a Jesus Cristo,
A Quem enviaste.”
(João 17:3)

Simplista o Senhor, não?!

Admito que seja curioso, para muitos, ver um demônio se manifestar em alguém (ainda que teatralmente).

Mas esse exorcismo sensacionalista de nossas reuniões chama a atenção apenas das massas, e atrai interesses e holofotes tão somente daqueles que só querem saber se... “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs?” (Marcos 6:3 – também em Mateus 13:55). Não sabem eles que Aquele é “... o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

Como dizia Jesus, as multidões O seguiam por causa dos sinais, e não para terem vida.

As mesmas multidões que, um pouco mais tarde, gritariam: “Crucifica-O, crucifica-O, crucifica-O!”.

Os sinais, aliás, nunca foram critérios muito confiáveis para a entrada no Reino de Deus.

Creio que se a igreja de hoje conhecesse a Deus como conhece o diabo, suas atuações, etc., ela já estaria curada de suas mazelas hoje.

E se a igreja buscasse a Deus como busca o diabo, ela já O teria encontrado.

Who ya gonna call?

SEMENTE

Vida que vence e renasce
Da morte sozinha do grão

Tal qual fruto bom que floresce
Pra ser celebrado em canção

Quão bom se do luto se esquece
Pra nossa frutificação

O CRIADOR DO UNIVERSO

Hoje eu gostaria que conhecessem uma canção.

Uma belíssima e surpreendente canção que fala da grandeza de Deus, mas também de sua incrível resignação, face ao que Lhe estaria reservado mais adiante.

Tem a ver com o que escrevi ontem aqui.

Este é Phil Keaggy.

O vídeo acima vem do excelente DVD “Philly Live”, gravado na Filadélfia, no outono de 2001, logo após aquele fatídico 11 de setembro.

A música se chama “Maker Of The Universe” e é daquelas que eu tinha vontade de ter sido quem a fez.

Abaixo, dou-lhes letra e uma tradução livre que fiz a partir de meus parcos conhecimentos da língua inglesa.

“A Ti, Senhor meu, Criador do Universo, eu mesmo, obra das Tuas mãos!”

MAKER OF THE UNIVERSE
(F.W. Pitt/Phil Keaggy)

The Maker of The Universe
O Criador do Universo
As Man For Man Was Made a Curse
Como homem e para o homem Se tornou maldição
The Claims Of Law Which He Had Made
As exigências da lei que Ele fez
Unto The Uttermost He Paid
Ele mesmo as pagou totalmente
His Holy Fingers Made The Bough
Seus dedos santos fizeram o galho
Which Grew The Thorns That Crowned His Brow
De onde cresceram os espinhos que coroaram sua fronte
The Nails That Pierced His Hand Were Mined
O pregos que pregaram Suas mãos foram retirados
In Secret Places He Designed
Nos lugares secretos que Ele desenhou
He Made The Forest From Whence There Sprung
Ele fez a floresta de onde foi derrubada
The Tree On Which His Body Hung
A árvore em que Seu corpo foi pendurado
He Died Upon A Cross Of Wood
Ele morreu numa cruz de madeira
Yet Made The Hill On Which It Stood
E fez a montanha onde ela foi fincada
The Sky That Darkened o'er His Head
O céu que se escureceu sobre Sua cabeça
By Him Above The Earth Was Spread
Foi espalhado sobre a Terra por Ele
The Sun That Hid From Him Its Face
O sol que escondeu d’Ele o rosto
By His Decree Was Poised In Space
Por seu decreto foi posto no espaço
The Spear Which Spilled His Precious Blood
A lança que derramou Seu precioso sangue
Was Tempered In The Fires Of God
Foi forjada no fogo de Deus
The Grave In Which His Form Was Laid
O túmulo em que Seu corpo foi depositado
Was Hewn In Rocks His Hands Had Made
Foi esculpido nas rochas que Suas mãos fizeram
The Throne On Which He Now Appears
O trono em que Ele aparece agora
Was His From Everlasting Years
Já era d’Ele desde a eternidade
But A New Glory Crowns His Brow
Mas de uma nova glória está coroado
And Every Knee To Him Shall Bow
E todo joelho deve ser prostrar diante d’Ele
The Maker Of The Universe
O Criador do Universo

REENCONTRO

Aquele reencontro já era esperado. De fato, foi triste e sombrio, mas já se esperava que um dia, mais cedo ou mais tarde, eles se reencontrassem.

A primeira vez que se viram foi há muito tempo atrás.

Foi num tempo em que nem tempo havia ainda, e quando as mãos hábeis do Verbo Eterno de Deus traçavam ainda as primeiras linhas de contorno do universo.

Em meio à música que enchia toda a terra, e criava, e coloria, tecia e entretecia, aqui e ali, uma coisa ou outra, de repente, uma sementezinha pequena surgiu em Suas mãos.

Ele logo a conheceu.

Ficou ali, por alguns instantes, a segurá-la em Suas mãos um tanto trêmulas. A música celestial, ao fundo, seguia seu compasso criador, mas para Ele, durante aquele tempo, foi só silêncio.

Seu olhar perdeu-Se no infinito.

Ele, então, fechou aquela semente em Sua mão, apertou-a forte contra o peito e pensou algumas inescrutabilidades.

Suspirou fundo (e alguma coisa, intempestivamente, se criou a partir de Seu suspiro!).

Abrindo outra vez a mão, deu nova olhadela naquele grão indefeso repousado ali, levou-o à boca para um beijo longo e carinhoso, como que despedindo-Se, e, em seguida, lançou a semente eternidade abaixo. Ficou de longe, saudoso ou resignado, olhando-a precipitar-se no vão do abismo.

Ali, se separavam. Mas ambos sabiam que seria por um momento apenas.

Mais tarde, soube que a tal semente alcançara, sem problemas e percalços, seu arado, seu destino. E que, já bem acondicionada sob a terra fértil do planeta, começava a germinar.

Sorriu, assim de cantinho. Meio sem jeito, é verdade; mas parecia mais tranqüilo afinal, ou aliviado.

(...)

Passaram-se muitos anos depois. De fato, muitos anos.

Neste ínterim, a cada gota de chuva, a cada raio de sol, a cada rajada de vento que enviava, Seus olhos iam zelosos ver como estava a sementinha.

E Ele a viu broto. Depois caule e ramo; depois tronco e flor.

Um dia, enquanto contemplava sua plantinha, já crescida árvore entre tantas outras, igualmente importantes, mas não tão peculiares, Ele ouviu o Pai chamá-Lo à parte.

Seu coração, não sem razão, palpitara forte.

Chegava o dia afinal, em que o Verbo haveria de partir.

Sozinhos, numa das recâmaras da eternidade, os agora Pai e Filho entreolhavam-Se longamente.

E como em momentos daquele, o silêncio fala melhor, entre Eles, nenhum som.

Por fim, deram-Se um abraço forte, e com um beijo e um adeus pungente selaram a separação.

(...)

Dali em diante, e por alguns anos, o Deus-feito-menino esteve entre os homens, mas sequer tinha noção de Sua existência. Tão somente a viveu.

Criança, ia crescendo e fazendo coisas típicas dos pequenos.

Junto de seus amiguinhos, corriam, pulavam e se divertiam quando os pais lhes deixavam brincar com a água de uma vasilha qualquer. Gostavam também, e muito, das árvores de um pequeno bosque que havia na região.

Lá, por vezes, jogavam pique-esconde, subiam e balançavam-se nos galhos altos, ou simplesmente descansavam seus corpinhos cansados dos muitos ludismos, sob as sombras frescas que as árvores lhes proporcionavam.

Ali conversavam horas...

E Jesus, particularmente, gostava de uma daquelas árvores em especial, sem saber exatamente o por quê. Esta era a única entre as outras que não tinha frutos. Mas era frondosa, de tronco largo, e cujos galhos eram fortes e pendiam quase ao chão.

Quanto mais pudesse, era para ali que Jesus buscava ir, nos arrebóis dos dias, inda que sozinho, como se quisesse consolá-la a esterilidade. Naquelas horas, não era raro flagrá-Lo sussurrando palavras, que eram silenciosas demais para serem compreendidas.

(...)

Mais tarde, já crescido, aprendeu o ofício do pai e, carpinteiro, distinguia-Se pela dedicação e obediência. Como sempre Lhe fora próprio, inclusive.

Certa feita, havendo chegado de Jerusalém uma encomenda grande, toda a família se alegrara, e juntos celebravam tão grande bênção de generosidade da parte de Deus, que os sustentava e nada lhes deixava faltar.

José, o chefe da casa, chamou a Jesus para que juntos fossem ao bosque buscar matéria-prima necessária para a preparação dos objetos solicitados pelo pretório romano, que iam desde mesas e talhas até placas e vigas de madeira.

Voltando depois com tudo o que precisavam, alguma coisa não ia bem: Jesus tinha o semblante grave. Hesitara um pouco, é verdade, em cortar alguns galhos de Sua árvore predileta do bosque, mas não devia ser aquilo motivo para transtornar-Lhe tão drasticamente a simpática feição. Já fora preciso, outras vezes, cortar um galhozinho aqui, outro ali, de Sua árvore, e nada semelhante aconteceu.

Nos dias que se seguiram após, de muito trabalho, Ele mantivera-Se assim, bem diferente do garoto alegre e vivaz que costumava ser.

Era Ele, Jesus, o responsável por dar o acabamento às peças, e, muito embora ainda se visse Seu trabalho beirando à perfeição, Seu rendimento não era o mesmo naqueles dias.

Nada, porém, que se comparasse ao dia em que viu sobre a mesa da oficina de seu pai uma das vigas de madeira que esperava pelo arremate final de Suas mãos.

De longe, e por um tempo, permaneceu de pé à porta, reticente em entrar. Trazia em uma das mãos, a plaina que manejava tão bem.

Com os olhos fitos na madeira bruta, estendeu à frente , quase que involuntariamente, a destra suada e suja de um carpinteiro de Nazaré.

Abriu e fechou a mão, como se lembrasse alguma coisa. E, de fato, Se lembrou.

Não era por acaso, afinal, o apreço que tivera por aquela árvore tanto tempo.

Mas o trabalho precisava ser feito. E relutante, mas, resoluto, Ele o fez.

Ao final, enquanto deslizava suavemente Suas mãos pelo madeiro ainda quente, à procura ou não de arestas que pudessem, ironicamente, ferir alguém – zelo tolo e indiferente – uma lágrima fortuita Lhe rolou pela face.

E ouviu-se no céu um trovão.

(...)

O reencontro só se deu agora.

E seria aquela a última vez.

Seu corpo sangrava, talhado e moribundo, atirado ao chão batido de terra. Perplexo e aflito, molhou o dedo numa mancha de sangue ao Seu lado, sentindo a viscosidade. Tudo Lhe parecia novo e assustador.

Um simples fôlego, que Lhe teimasse da vida, lancinava o peito. Ele, finalmente, conhecia o que era a dor.

Não havia lágrimas... Não mais.

Podia ouvir, mas longe, gracejos, motejos e blasfêmias. E sem vê-los, sabia de quem eram, pois se lembrara de tê-los criado; corda por corda, tessitura por tessitura, extensão por extensão. Estava um pouco impressionado com tamanha ousadia das coisas que ouvia, mas eram elas: as mesmas vozes. Ele tinha certeza.

Ouviu alguém chamá-Lo e, num esforço, levantou a cabeça, mas um pontapé forte e veloz O tombou de lado.

Gargalhadas ecoaram no ar.

A cabeça doía tanto que mal podia abrir os olhos.

De repente, um baque surdo.

Olhou, e viu a trave fria e avelhantada ao Seu lado, muito diferente do tronco bruto que, na oficina de seu pai, Ele talhara e lixara com maestria. Havia nela sangue por todos os lados; e um forte cheiro de morte recendia.

Colocaram-na sobre Ele, e viu que ela estava mais pesada. Em Seu trabalho de entalhe, não conhecera dela aquele peso estranho.

Enquanto Lhe amarravam fortemente, braços e mãos, à viga gelada, Ele a olhava intimamente. E como num mórbido romance, Ele, sorrindo, balbuciou-lhe baixinho:

“Olá, minha sementinha!”


Mas ela não respondeu.

(...)

Ela estava bem diferente, é verdade, mas Ele também. Os dois haviam mudado bastante, aliás.

Ela não se parecia mais com aquele grão minúsculo que um dia tomou em Suas mãos eternas. Agora, ironicamente, era ela que O tomava.
E era Ele quem repousava agora, indefeso, sobre ela.

O broto que Ele cuidou por anos, e que virou planta, e que virou flor, Lhe virara espinho.

O ramo forte em que Se pendeu criança, novamente Lhe pendia.

A sombra prazenteira de antanho eram-Lhe agora trevas que não têm tamanho.

O sol que criara se foi.

Mas era só mais um.

“Eli, Eli! Lamá, Sabactâni?”

Todos se tinham ido, afinal.

Olhou de lado à Sua semente-cruz.

Lembrou-a estéril e, um dia, infeliz.

Vergonha, aliás, que Ele também conheceu.

“Não chores...”

Mas ela não respondeu.

“Não é que não tinhas fruto...”

Mas ela não respondeu.

“Viste? É que ele era temporão...”

Mas ela não respondeu.

“Sou Eu!”

E ouviu-se no céu um trovão.

OS PLANOS DE JESUS


Quais são seus planos para a páscoa este ano?

Retiro? Encontro?

Ou vai mesmo é viajar?

Talvez ficar em casa, alugar uns filminhos e comer bastante chocolate, ?

O que tem em mente?

Aceita uma sugestão?

Que tal ser torturado e, por fim, morrer?

Sim, o que você faria se soubesse que daqui a poucas horas seria torturado terrivelmente e assassinado friamente com requintes de crueldade extrema?

Não falo de ser tomado de assalto ou de ser surpreendido. Falo de saber o que se sucederá. E que – pior! – não será nada bom...

Jesus sabia o que Lhe estava reservado para a páscoa.

A festa era tradicionalíssima. Por anos e anos era comum aos judeus descerem até Jerusalém para celebrar a festa, que lembrava a libertação dos judeus da escravidão do Egito, e sua entrada na terra prometida. Tal qual a grandiosa libertação de Israel, a festa era, também, um acontecimento maravilhoso. E de muita alegria para todos.

Menos para uma pessoa.

Naqueles dias, às vésperas da páscoa, todos estavam efusivos e cheios de alegre expectativa.

Mas havia em Jesus alguma coisa muito estranha. Seu semblante, grave e pesado, revelava qualquer coisa de sombrio no ar. Seu sorriso foi tímido naquela noite. Vez por outra, era possível flagrá-Lo com os olhos ao longe, absorto numa espécie de pensamento confessional, que seria triste, não fosse pálido.

Seus amigos ainda ceavam quando Jesus se ergueu e saiu por alguns instantes, para voltar depois com uma toalha nos ombros e uma bacia nas mãos. Solenemente, o Mestre se curvou diante dos Seus discípulos e passou, um a um, a lavar-lhes os pés, secando-os após.

O silêncio era quase mórbido àquela altura.

Pedro tentou esquivar-se da humilhação pela qual faria Seu Mestre passar (mal sabia ele que a humilhação de Jesus começara muito antes daquilo, e que não pararia jamais). Não pôde esquivar-se afinal, e ninguém mesmo o poderia. Se era constrangedor para eles terem seus pés imundos e fedidos lavados pelo Mestre, seria fatal, pois, não tê-los.

Alguns choravam em silêncio, enquanto aquele momento não passava nunca.

Finalmente, para alívio de todos, Jesus terminou e passou a falar-lhes com a propriedade que Lhe era peculiar: falou de serviço, de perdão e, com a voz embargada, falou de uma tal traição. Neste momento, todos se achegaram para consolá-Lo, mas foi João quem O abraçou.

Jesus, então, deu a Judas mais um pedaço de pão (como fizera inúmeras vezes antes, aliás), e disse-lhe algo que alguns não puderam sequer entender direito. Judas se levantou e saiu.

Muitos queriam sair também - diga-se de passagem - para, talvez, chorarem descaradamente, porque havia algo naquela páscoa que, de alguma maneira, não era como nas demais.

Jesus prosseguiu Seu discurso.

O tom era de despedida agora.

Ele lembrava seus amigos de coisas que havia dito e feito naqueles agradáveis anos de amizade intensa, e exortava-os a se manterem íntegros e firmes nas verdades aprendidas.

Depois, Jesus orou por eles, cantou um hino e saíram juntos em direção ao Monte das Oliveiras, no outro lado do ribeiro de Cedrom, para um lugar muitas vezes outrora visitado por Ele: o Jardim do Getsêmani.

Ao chegar lá, como também muitas vezes fizera, Jesus procurou um lugar para uma solitude oração, e só parou quando percebeu a chegada turbulenta de soldados armados à procura de alguém.

Um bandido talvez? Não.

"É a mim que procurais", disse Ele, e Se entregou.

Começavam ali os planos de Jesus para aquela páscoa...

E para nós!

O que você faria, afinal?

Não importa.

Daquele dia em diante, a páscoa deixou de ser apenas mais uma festa. Uma festa pela lembrança da libertação hebréia da escravidão egípcia e entrada posterior nas terras de Canaã.

E nem me fale de coelhinhos, ovinhos e chocolate, por favor!

Mas do que isto, a festa agora é a da libertação da alma arrependida, outrora condenada pela escravidão do pecado e da morte, finalmente credenciada à entrada pelos portões dos Lares Eternos com Deus.

A páscoa é para nós a certeza de que... "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1).

A Ele, apenas, minha gratidão, portanto. É tudo o que Lhe posso dar, por ora.

Ademais, eu só aguardo o dia do meu reencontro com Ele nos céus e, enquanto aqui, achar-me digno de ser contados entre os Seus.

Lá, terei não apenas os pés lavados por Ele, mas a alma, mas as vestes... E por Seu sangue!

Lá, terei nova ceia.

Lá, cantarei com Ele novos cânticos.

Meu coração arde e anseia aquele dia.

Que Pedro chamou de “dia eterno”.

“Maranata, Senhor Jesus!”

SEM PERDÃO



Segundo as Escrituras Sagradas, seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, uma aldeia de Israel, próxima a Jerusalém, e ficou hospedado na casa de Simão, o Leproso (que não sabemos ao certo se era mesmo leproso), onde estava também Lázaro, e suas irmãs Maria e Marta. Lá Lhe deram uma ceia.

Enquanto Marta servia, Maria aproxima-se e, de posse de um vaso contendo um perfume caríssimo (para se ter uma idéia, pelo salário mínimo brasileiro atual, algo em torno de R$ 4.150,00) derrama-o sobre a cabeça de Jesus.

Em seu Evangelho, João diz que Judas logo se objetou ao fato, enquanto que, por Mateus e Marcos, os discípulos de modo geral não gostaram daquela atitude. Em comum, a preocupação com os pobres; embora Judas, segundo João, tenha tido apenas uma pretensa preocupação, já que o que queria mesmo era o benefício próprio, ladrão que era.

Jesus os repreende, honra o gesto de Maria, e diz que ela o fazia profeticamente, para a sepultura.

Se as datas forem confiáveis, especialmente a contagem dos nossos dias atuais, esse episódio todo aconteceu num dia como o de hoje.

O que podemos aprender com isto?

Ora, com um bom investimento exegético, um bocado de hermenêutica e boas doses de homilética, talvez conseguíssemos extrair alguma coisa nova e surpreendente daquela “segunda-feira”, mas aqui, o que eu proponho é algo bem mais simples.

Assim, sugiro que, como fonte de informação acadêmica, você procure outro site.

Entre tantas coisas que poderíamos comentar – a hospedagem na casa de um leproso (?), a amizade com Lázaro, o serviço de Marta, o quebrantamento e o desprendimento de Maria, a falsa piedade e caridade ou não dos discípulos, o gesto a ser lembrado, etc – para mim, o que mais importa quando reflito acerca da Páscoa e, especialmente, dos dias que a antecederam naquele ano, é...

Jesus não a evitou.

Ele sabia que Sua morte estava próxima. Mas não fugiu disto.

Foi a Betânia...

Foi a Jerusalém...

Foi para ao Getsêmani...

Foi para a cruz.

Alguma dúvida de que Jesus pudesse fazer algo para impedir aquilo?

Ele mesmo disse a Pedro, ainda no Getsêmani, que poderia orar ao Pai e uma milícia de anjos seria enviada para protegê-Lo.

Alguma dúvida?

Bom, se há, devo dizer: Jesus não podia fazer nada mesmo para impedir!

Não é o caso de ter poder para, ou de ter força, ou de uma capacidade para milagres. Não!

Trata-se de não poder no sentido de que, se o fizesse, eu não estaria aqui.

A cruz era minha, afinal.

Mas Ele me amou.

Não passo os meus dias alegre apenas pelo que Ele fez por mim na cruz. Vivo, sobretudo, constrangido pelo que Jesus fez por mim na cruz.

O sentimento é de dor ainda. Uma dor diferente, é verdade. Mas dor.

Dor porque por minha causa, Jesus, o Santo e Imaculado, teve de morrer. Ele que nunca haveria de sê-lo.

Uma dor que me constrange a não traí-Lo em hipótese alguma, vivendo levianamente; ou aproveitando deliberadamente os meus dias.

Não!

Era pra eu estar morto agora.

Era pra Ele estar vivo agora.

Ele morreu por minha causa.

Eu vivo por causa d’Ele.

Quem tinha de estar andando agora por sobre a face da terra era Ele, vivendo santamente.

O que eu faço então? Ofereço-me a Ele. Ofereço minha vida a Ele. Ofereço os meus dias a Ele. Para que Ele viva em mim, seja santo em mim, seja tudo o que sempre foi em mim.

Quero que Ele viva em mim a vida santa que já não tem mais, por minha culpa.

Muitos estão alegres e felizes por terem sido libertos por Jesus da morte e do pecado. Mas seguem vivendo suas vidas, normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Aí, de vez em quando, se lembram do sacrifício da cruz, e, inclinando respeitosamente a cabeça, dizem baixinho: “Obrigado, Jesus!”.

E só.

A partir dali, “vida que segue”.

Perdão não é isto.

Friamente falando, nosso pecado não teve perdão, como normalmente pensamos ter tido. Porque se nós não morremos, Alguém foi morto em nosso lugar.

Nosso pecado teve, sim, portanto, seu preço mortal.

E foi, por isto mesmo, imperdoável.

Jesus sabia disto.

Desde o início.

E não o evitou.

Que posso eu fazer para retribuir tão grande amor d’Ele por mim?

Suas palavras mesmo retumbam-me na mente:

“Por isso, te digo:
Perdoados lhe são os seus muitos pecados,
Porque ela muito amou;
Mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.”
(Lucas 7:47)

E:

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda (pratica),
Esse é o que me ama...”
(João 14:21)

“Senhor, reconheço que muito pequei, pois meu pecado custou Sua vida. Devo amar-Lhe muito por isto, e sinto que só posso fazê-lo devolvendo a Ti aquilo que perdeste por mim: a vida. Mas, Senhor, eu me desespero ao ver em mim tão pouca resposta favorável a este estado de reconhecimento. Ajuda-me vivendo em mim! Ajuda-me convencendo-me de minhas faltas, de minhas vãs motivações e de minhas atitudes estranhas a Ti! Por favor, Amado meu, sê propício a mim: o mais vil pecador!”

NOVIDADES NA PRÓXIMA SEMANA!

Amigos,

No fim da próxima semana, o mundo comemora a Páscoa.

Estou preparando algumas reflexões que fiz, e tenho feito, sobre o tema.

Vou tentar postá-las, uma por dia.

E espero que edifiquem.

Até lá, então!

NOVOS PECADOS

Vaticano institui 7 novos pecados capitais

A notícia eu li hoje no jornal Estado de Minas (clique sobre o título acima para lê-la no site da Globo.com).

Segundo a manchete do jornal, a igreja católica (em minúsculas aí propositalmente) incorporou à lista original dos sete pecados capitais (gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça) mais algumas faltas passíveis de punição. São elas: a manipulação genética, o experimento científico em humanos, a poluição ambiental, a injustiça social, a geração de pobreza, o acúmulo excessivo de riqueza e o tráfico/consumo de drogas.

A reportagem começa com a frase: “Novos tempos, novos pecados”.

Novos pecados...!

Como assim? Quer dizer que o que podia antes, agora não pode mais, e vice-versa?

Então, se dois homens estavam pescando juntos ontem, e os dois jogaram sacos plásticos dentro de um rio; um morreu ontem, mas o outro só morreu hoje, quer dizer que o que morreu ontem, por sorte, está no céu, enquanto que o infeliz que morreu hoje está queimando sobre o mármore frio do inferno?

Ah, tenha dó.

E quer dizer que poluição ambiental, injustiça social, geração de pobreza e tráfico/consumo de drogas agora são pecados capitais?

Então o Brasil é o próprio inferno.

Valha-me, Deus.

A notícia chega a ser patética.

Quem, em sã consciência, pode imaginar a igreja católica determinando, de tempos em tempos, o que é e o que não é pecado para Deus?

Aliás, a igreja católica ou qualquer outra!

Banalizaram mesmo o pecado!

E, inconscientemente, banalizam Deus!

Mas eu ainda creio de todo o meu coração que algumas almas sinceras não se confundem nunca diante dessa fé de carvoeiro. Essas seguem seu anelo íntimo, por um Deus que lhe corresponda ampla e firmemente.

É a essas almas que eu quero falar.

O pateticismo da notícia acima me leva a pensar em como encaramos o pecado hoje. Ou Deus. Ou o céu. Ou qualquer coisa referente à eternidade inevitável.

Confiamos demais no que achamos ser.

O que a religião faz é adeqüar o indivíduo aos seus dogmas, mediante regras comportamentais de socialização e culto, o que é relativamente fácil a qualquer um.

O Reino de Deus, por sua vez, é tomado por esforço, “e só os que se esforçam”, disse Jesus, “é que se apoderam dele”.

Mas não será com um admirável esforço humano, por simplesmente, que alguém herdará a promessa da vida eterna.

Como o próprio nome diz, o Reino de Deus é de Deus.

Assim, é mister que Lhe consultemos, e, sejam quais forem, aceitemos suas condições. Caso contrário, nada feito.

Ora, isto é particularmente bem compreendido em nossas relações interpessoais, mas incrivelmente ignorado no que tange à nossa relação com Deus.

Parece que Deus, por ser Deus, tem de nos aceitar do jeito que somos, e Ele que se vire para adeqüar-Se a nós: respeitando nossos direitos, dando atenção às nossas impressões, achando o que achamos e considerando nossas interpretações inteligentes das suas Sagradas Escrituras.

Mas Deus, por ser Deus, não vai nos aceitar do jeito que somos (não se insistirmos em nos mantermos assim, como é de praxe). Deus não tem compromisso com nossos direitos humanitários. Nossas impressões nada significam para Ele, que conhece tudo, inclusive os corações. Ele se ri de nossos “achismos”, como diz o Salmo 15, e considera como um arroto nossas interpretações cientificamente elaboradas de suas palavras.

É assim. Doa a quem doer.

Deus não é nenhum banana, e pouco está Se lixando para o que dizem a igreja católica, a igreja evangélica ou qualquer outra instituição religiosa que se atreva!

Deus tem Seus princípios! Ele os revelou. Jesus os proclamou e os viveu. A IGREJA (a primitiva; essa, sim, com letras maiúsculas e garrafais) idem. E quem quis e quiser agradar a Deus não pode conceber algo diferente disto.

Hoje, com toda a nossa fútil modernidade, com toda a nossa tecnologia, com todo o nosso avanço científico, são eles, os princípios remotos e, para muitos, retrógrados de Deus, é que determinarão a diferença entre o que obedece a Deus e o que não Lhe obedece; entre o que ama a Deus e o que não O ama; entre o que é seu amigo e o que é seu inimigo (ou amigo do mundo apenas, o que é a mesma coisa); e entre o santo e o impuro.

Seja pelo Vaticano, ou por quem mais for: de nada adianta o incremento de novos pecados no catecismo cristão, se a velha natureza ainda está lá.

CARTA À IGREJA DE OUTRO TEMPO

Carta traduzida a partir de um papiro, cuja data, desconhecida ao certo, remontaria ao ano 100 d.C, mas que impressiona pela linguagem e contexto atuais.

O local onde foi encontrado seria a gruta pequena e fria de um rochedo à beira-mar em Anáfi, uma das mais inóspitas das ilhas Cíclades, na Grécia.

O lugar seria rota de fuga de foragidos das ilhas do Dodecaneso, entre as quais está Patmos, onde João, o discípulo amado, foi exilado, e recebeu, e escreveu, as revelações contidas no Livro do Apocalipse.

Alguns estão tentando atribuí-la a João, e ela teria chegado até ali por meio de um terceiro, um discípulo ou redator talvez. Mas o fato é que a autoria da carta, até aqui, é mesmo desconhecida.

Ou não.

“Ao anjo da igreja de outro tempo, escreve:

Estas coisas diz Aquele a Quem tu julgas seguir, servir e adorar.

Conheço as tuas obras, teu desejo de serviço e de frutificação, e como te esforças por serdes usado para a minha própria glória e louvor, ganhando vidas e transportando-as do reino das trevas para o Reino do Filho do Amor de Deus.

Tenho, porém, contra ti algumas coisas, pois tu te misturas com o que é profano. Tal prática, que tu chamas ‘estratégia’, Eu nunca permiti ao meu povo – é aberração! – e não seria diferente contigo, mesmo sob a mais legítima das intenções.

Pois Eu conservo na mão direita as sete estrelas e ando no meio dos sete candeeiros de ouro, como disse às tuas irmãs, mas não ando, e nem posso andar, por muitos lugares onde pisam teus pés.

Tu te vendes a outros senhores, e ignoras o preço que paguei por Ti, na cruz, quando ensangüentado e nu, sozinho e distante, levava sobre Mim o peso incalculável das tuas faltas. Mesmo essas que somente tu e Eu conhecemos! Essas que guardas obscuramente em teu interior soberbo, temendo a vergonha e a exposição pública da tua imagem corrompida, mas as deixa para Mim somente, pois naquela cruz maldita, em troca de uma alegria que Me estava, até então, só proposta apenas – qual seja: a de ver-te redimido e santo – Eu não fiz caso da mesma ignomínia, senão maior, e a tomei.

Eu, quando disse às tuas irmãs que sou o Primeiro e o Último, quis dizer que sou também o Único, e tu não podes, infantilmente, supor que hajam outros “no meio”, como fazes parecer. Sim, tu fazes isto parecer não por causa dos falsos deuses apenas – que cuidas não ter – mas, muito mais, por causa de tua própria deidade, de teu próprio reinado, pois és tu que te assentas no trono de teu coração, e não Eu.

Tu me serves sem, contudo, conhecer-Me.

Consideras, amplamente, o meu amor e a minha misericórdia, com o que fazes muito bem, mas desconheces, completamente, minha justiça e retidão. Tu te esqueces que, antes de ti, Eu feri e puni a muitos santos como tu, ou melhores, porque tentaram a Mim, o Fogo Consumidor, Aquele a Quem pertence a vingança, o Deus Ciumento, indo após outros deuses ou desejos que jamais lhes tive.

Pois eis que te digo: Eu, o Senhor, não mudo! Eu sou Aquele que tem a espada afiada de dois gumes. E estou pronto a desembainhá-la! Mas tu pareces sequer temer isto.

O pouco que conheces a Meu respeito parece te ser suficiente, e não te esforças por conhecer-Me mais. E tu fazes assim por única e exclusiva conveniência particular. Pois quando te faço conhecer coisas altas e sublimes que não sabes, tu foges, ignoras, negas, refutas. Tapas os ouvidos e segues teu curso tímido e mortal, preferindo vida fácil a Meus conselhos retos, que não visam teu bem-estar pessoal muitas vezes, mas, sobretudo, teu bem-estar eterno.

Sou o Filho de Deus, que tem os olhos como chamas de fogo, e os pés semelhantes ao bronze polido. Sou diferente, portanto, de tudo aquilo que tu já viste ou imaginaste. Não sou e não posso ser, simplesmente, o que tu julgas que Eu seja. Não te iludas, filho tolo, mas teme, porém!

Eu tenho os sete espíritos de Deus e as sete estrelas, mas tu sequer compreendes estas palavras, ou sabes o que elas significam, e queres questionar a Mim, quando ordeno algo a teu respeito? O que sabes além de Mim? Tens mais algum espírito de Deus que Eu não conheça ou possua? O que tens tu para mo dar?

Quando orares, farias melhor se te calasses mais e exigisses menos!

Atentai às minhas palavras, vós, geração nova de fariseus e saduceus, hipócritas! Eu, o Senhor, sou o Santo, o Verdadeiro, Aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá! Não sou o mordomo fiel de vossos fetiches mundanos! Eu tenho a chave, e não vós! E quando digo ‘ninguém’, isto vos inclui, ó filhos sem mãe dos vossos desejos!

Sou o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o Princípio da criação de Deus! Aquele para Quem são todas as coisas, e o que não atender a este fim é monturo fedido e vão! Eu não o farei! Não atribuais a mim a satisfação de vossa carne! Não sou Eu, mas outro quem vos dá essas coisas, e vos engana, dissimulando-se até mesmo como “Anjo de Luz” diante de vós. Não sejais inconseqüentes e provai os espíritos que se vos falam! Não tomais toda e qualquer forma aparente de Deus por Deus em Si. Pelos frutos se conhece a árvore! Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento!

Quem vos instruiu ao culto híbrido que me prestais?

Sim, porque enquanto alguns Me dirigem sua voz clemente em oração e adoração, em continência, respeito e, sobretudo, em santidade, pureza e obediência simples, outros tantos pouco se importam em comparecem diante de Mim com suas vestes contaminadas pelo pecado consumado nas trevas de suas vidas. Eles ousadamente erguem sua mãos a Mim, em um pseudo-quebrantamento, mas trazem nas mesmas mãos as manchas imundas da auto-satisfação sexual, do adultério, do roubo, do suborno, da violência e do homicídio.

Quão grande esforço Eu, o Santo, preciso empenhar a fim de ouvir e receber os louvores doces que fluem dos lábios puros e dos corações limpos do meu povo – esse, sim!, meu verdadeiro povo – em meio à falácia leviana dos que, junto dele, mas, em oculto, fazem jorrar dos lábios as águas amargas da contenda, da discórdia, da maledicência, da inveja, dos falsos testemunhos e das palavras torpes e de baixo calão, que lhes revela mais acerca de si mesmos do que eles poderiam confessar!

Oh, como eu detesto e abomino essas assembléias solenes, onde conseguem se esconder os abutres! Não fossem os meus fiéis, Eu as consumiria de todo com meu fogo abrasador!

De onde vem a tua fé? Olha pra trás e vê de onde veio o Evangelho que pregais! Por que fizestes isto a ele?

Ai de vós que dizeis: ‘Senhor, Senhor!’, mas não fazeis o que vos mando!

Eu sou, sim, o Senhor! Mas sou também Aquele a Quem, na prática, ignorais o senhorio pleno, o governo absoluto, a vontade soberana, que por si só é boa, perfeita e agradável, a qual desejo a vós outros, em troca da vossa, entretanto, mas que me negais!

Pois eis que retomarei o meu governo acima de todos os povos da terra! Eis que venho sem demora, para fazer justiça a todos, sem exceção e sem reservas. Vós não sereis os únicos que escapareis ao meu juízo aterrador, a menos que se vos arrependam a tempo, e frutifiqueis!

Aos que vencerem, porém, darei que estejam onde Eu estou, e gozem da minha Santa Presença, em contínua alegria e prazer, junto de anjos, serafins e querubins celestiais. E seremos todos um! Indivisíveis! E para sempre!

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”

DISPENSAÇÃO

Se há graça, e há
Qual meu medo?
Pois que sou, inda que incrédulo?
De que me valho, posto que insisto
Em suprimir-Te virtudes e poderes
Em duvidar-Te amores e perdões
Em ignorar-Te vontades e quereres
E preterir-Te às minhas vãs paixões?

Afãs
Regalos
Quimeras
Inservis vassalos, de couraça adâmica
– não se dobram! Incontinentes!
Mas de teimar em teimar
Persuadir, dissuadir, perturbar
Vivem
Vivem?
Melhor: que viver, que nada!
Viver aquém d’olhos Teus?
Não! Não me engano!
De teimar em teimar
Persuadir, dissuadir, perturbar
Ocupam-se – isto sim! – nada mais!

Mas se há graça, e há
Qual meu medo?
Não me basta?
Sim, eu sei; e bem mais que sei, deve ser
(e se não sei o quanto, é fato!)
Cabal e inconteste é
Depende e independe de fé
A diferença é no viver
E isto eu faço – ou tento
Viver pela fé que alimento
Em Cristo, razão de meu ser

Ah, Senhor, se há graça, e há
Qual meu medo?
De não recorrer sequioso? Talvez
E mesmo assim é ter menos, só
É o pecado? O mundo?
De tão em voga, não seria o desemprego?
Da vinda certa de hora incerta – ó morte?
Qualquer coisa à guisa de apego?
Em viver sozinho é o calafrio?
Tolo! Beiro ao ridículo e ao desatino

Se há graça, e há – Meu Deus!
Qual meu medo?
Vencidas e vincendas tantas – não importa!
É direito, sentença, justiça
Privilégio, lisonja, prazer
É dever de Quem oferta e atiça
Livre escolha, carinho, querer
Vou sacar – ora, não? – o que mais?
Sem recurso é que não ficarei!
Sou criança de adulto crescer
Incapaz meu viver em si só
Seja por, para, de ou o que for
E se vivo é de mesmo pedir
De buscar, de bater, inquirir
Com respeito, porém!

p.s.:

Ao diabo, um recado:
Não estou à venda!
Sou caro e já fui comprado
Sou milagre!
Aleluia! Amém!
"Acheguemo-nos, portanto, confiadamente,
Junto ao trono da graça,
A fim de recebermos misericórdia
E acharmos graça para socorro
Em ocasião oportuna."
(Hebreus 4:16)