Recebi a mensagem acima dias atrás na minha caixa de e-mail (clique sobre a mesma para visualizá-la melhor). É um convite para um curso de formação de líderes. Algo muito comum em nossos dias, não é?!
Mas, eu tenho de admitir, eles estão se superando...
Preste atenção a alguns termos: “Líder 1000!”, “Faça um upgrade na sua liderança...”, “... maximize seu potencial”, “... posições estratégicas de liderança”, ”O curso é holístico”, “Especialização em liderança Cristã”, “Filosofia de Ensino: Andragógica-experimental”...
Em outras palavras: se você tem uma "igrejinha pangüeba", se sua “carreira” não deslancha, se o “sucesso” não bate definitivamente à sua porta, o problema pode ser você, e a solução pode estar bem ao seu alcance. Basta fazer um cursinho, e cursos como esses existem aos montes. Escolha o seu!
Tsc, tsc, tsc...
A igreja de hoje é meramente profissional.
Sinceramente, irmãos? Só para se ter uma idéia: eu tive que recorrer ao dicionário para saber o significado de palavras como “holístico” e “andragógica”, porque, senão, nem entender o convite eu ia conseguir.
É impressionante o esforço fútil da igreja do nosso tempo para atualizar-se (ou para fazer um ”upgrade”, como diz o convite acima), “amoldando-se” ao mundo.
Parece que toda a derrota espiritual de um grupo religioso denominacional está relacionada à sua falta de sincronismo com as técnicas recentes de logística pessoal, aplicadas nas grandes redes do comércio ou da indústria.
E sucesso, no (sub)mundo religioso atual, quer dizer “número”: de gente e/ou, claro!, de dinheiro – montas e montes de dinheiro!
A qualificação profissional, então, é requisito básico e mínimo.
O carisma espiritual tornou-se elemento supérfluo, e – gostem ou não – relegado à segundo plano nas plataformas evangélicas de hoje.
A emoção é maior que o quebrantamento (nossas músicas que o digam). A euforia melhor que a alegria do Espírito (que não depende das circunstâncias). A liturgia mais importante que a liberdade do Espírito.
Igualmente assim, nossos sermões bem poderiam ser substituídos pelas obras poéticas de Goëthe, sem prejuízo algum ao conteúdo, quiçá até melhorá-los.
Nossos sermões não passam de reles esforços exegéticos e hermenêuticos, frutos de nossa transpiração apenas, e estranhos à cândida inspiração do Espírito Santo, que transforma definitivamente o caráter do cristão sincero, e repele para bem longe o dissimulado, pois os ímpios não permanecem na congregação dos justos (Salmo 1:5).
Nossas assembléias solenes funcionam mais como tratamentos à base de pílulas de LSD ou ecstasy para os nossos jovens, porque lhes dão coragem para fazerem coisas que normalmente não fazem, como orar, jejuar e ler a Bíblia, quando muito. Porém, seu efeito logo passa, e eles acordam outra vez jogados nas calçadas de suas vidas vazias de sentido e perspectiva, em meio ao vômito da noite anterior, perguntando-se: “O que foi que eu fiz?”.
Para os fracos, são doses homeopáticas de ânimo, o que explica nossa necessidade premente de reuniões freqüentes. Caso contrário, nossos pacientes internos não sobreviveriam mais.
Então, o problema todo parece ser altamente didático mesmo, e uma boa sala de aula talvez possa resolver.
“Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da SIMPLICIDADE E PUREZA devidas a Cristo.”
(II Coríntios 11:3)
Há, enquanto isto, amados, um povo que mal sabe o significado de palavras como “exegese”, “homilética” e “hermenêutica” e que talvez escrevam mais ou menos em português. Portanto, nada sabem de grego, latim ou aramaico. Alguns deles nem a ler aprenderam ainda.
Outros, ainda que o saibam, sabem muito mais que sequer vão precisar disto, pois o Reino de Deus é para os simples e pequeninos, para as crianças, para os pobres, para os últimos, para os que nada são, para os loucos conforme a ciência dos homens, para os perdidos, para os pecadores e para os doentes.
Esses, muito embora seus currículos não tenham grandes indicações e referências, são homens e mulheres que já chegaram humilhados, pois conhecem suas debilidades, suas incapacidades, suas indignidades.
E por reconhecerem isto se guardam santos, com medo de ofenderem ao Santo. São destemidos porque o que temem é se vender, já que têm um Dono. São fervorosos porque só com fervor e vigor é possível permanecerem firmes. E são fiéis porque agradar a Deus é a sua ambição maior, para o quê canalizam todo o seu esforço.
São homens puros e de vestes brancas que não se contaminam com a lama suja deste mundo. São mulheres submissas e castas, cujo adorno não são as vestes sensuais e sugestivas, ou os adereços de jóias e maquiagens chamativas, mas um espírito manso, tranqüilo e recatado.
Sejam filhos, pais, maridos, mulheres, patrões ou empregados, todos cumprem com diligência seu papel, cada um no seu devido lugar e momento, honrando a Deus na simplicidade de suas vidas, e conforme a Sua Palavra.
Graças a Deus porque, em algum lugar do seu coração, há ainda 7.000 homens reservados por Ele que não se dobraram diante de Baal (I Reis 19:18).
Estão desatualizados, sim, em relação a este mundo. Mas... Que importa? Eles não são mesmo daqui.