Depois de 02 anos, estamos revivendo um dos momentos mais trágicos da história brasileira: o assassinato de Isabella Nardoni.
A mídia brasileira não fala de outra coisa.
Que bom, não?
Quem sabe não seja mesmo este o tempo de se fazer a devida justiça neste país como poucas vezes já foi feita?
Mas - por Deus - como eu ficaria imensamente feliz (depois de relativamente estupefato, é claro) se, depois de passado todo esse sensacionalismo confeteiro, valendo-se de uma justificada sensibilização popular, alguém, uma rara vivalma, se dignasse discutir a questão mais importante, e, na minha opinião, a mais inegável das verdades em torno deste episódio vexatório da mais hedionda das revelações da face humana.
E que questão é esta?
A degradação da família.
Isabella Nardoni é sim uma vítima...
Mas uma vítima de um crime que permanece (e parece que permanecerá) incólume: o de negar-lhe o sagrado e bendito direito de ter uma família.
Não digo a mera e relativamente simples estrutura familiar apenas. Essa - pai, mãe e filhos - ainda pode ser vista por aí com alguma freqüência.
Falo, sobretudo, da estrutura moral familiar. Aquela que forma cidadãos íntegros, de valores nobres e índole respeitável.
Aquela que rejeita toda corruptela de caráter, e que os ensina.
Essa mesma aí, que você, realista com um bloco de concreto armado, murmurou ser uma utopia no mundo de hoje.
Essa há muito tornou-se menor e desprezível na moderna cartilha de vida da sociedade humana.
Onde o importante é ser feliz.
Só.
Mesmo que isto implique em sofrimento de outros.
Neste universo, Isabella Nardoni, infelizmente, é só uma estatística; um número.
Que cresce assustadoramente na proporção em que é convenientemente ignorado.
Pois neste tribunal e neste júri não há juízes, nem promotores, nem advogados de defesa, nem jurados... Mas réus.
Todos réus.